Discurso durante a 74ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Jornal do Brasil pelo transcurso de seu 120º aniversário. (como Líder)

Autor
Francisco Dornelles (PP - Progressistas/RJ)
Nome completo: Francisco Oswaldo Neves Dornelles
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Jornal do Brasil pelo transcurso de seu 120º aniversário. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16589
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. FRANCISCO DORNELLES (Bloco/PP - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Roberto Requião, é uma honra muito grande falar nesta sessão do Senado presidida por V. Exª.

            Eu desejo, inicialmente, associar-me ao Senador Marcelo Crivella na homenagem que o Senado presta ao Jornal do Brasil.

            Sr. Presidente, 1958 foi, na marcante expressão de Joaquim Ferreira dos Santos, “o ano que não devia terminar.” E ele estava mais do que certo ao forjá-la: aquele foi um tempo muito feliz para todos os brasileiros.

            Enquanto o mundo se espantava com as proporções que ia tomando o conflito entre os Estados Unidos e o Vietnã, o Brasil se sagrava campeão do mundo de futebol pela primeira vez. O cantor João Gilberto lançava, em 78 rotações, a música símbolo da bossa-nova, Chega de Saudade. O Presidente Juscelino Kubitschek comemorava, junto com o País, o fortalecimento de nossa indústria automobilística, enquanto todos acompanhavam as obras da construção de Brasília.

            Foi um tempo de inovação e de renovação; um tempo em que as coisas davam certo.

            Foi, ainda, Sr. Presidente, um dos períodos mais importantes para o amadurecimento da imprensa brasileira, que ganhava novo e definitivo patamar de qualidade editorial com as mudanças trazidas pela reforma gráfica do Jornal do Brasil, um marco absoluto na história da cultura e da informação do País.

            Numa quadra marcada por tanta transformação, coube ao Jornal do Brasil mostrar a todos os demais os rumos da contemporaneidade. É justo portanto, Sr. Presidente, que hoje, ao comemorarmos os seus 120 anos, relembremos um pedaço da história jornalística brasileira, que tão bem destaca as marcantes características da personalidade empresarial do Jornal do Brasil, bem expressas no binômio tradição e modernidade.

            Da tradição, temos a marca de uma antiga e persistente opção pelos valores democráticos e pelas causas populares, em cada uma das fases pelas quais passou o jornal. E o início de tudo, em 1891, já prenunciava toda a história de brava resistência do JB contra os abusos do poder.

            Monarquista em plena República, tocado pelo talento de um recém-repatriado Joaquim Nabuco, o Jornal do Brasil viu sua redação empastelada. Reaberto sob inspiração do republicanismo inflamado de Rui Barbosa, o jornal reincide na crítica e é atacado e perseguido por Floriano, que o coloca fora de circulação por mais de um ano.

            Mas o período de ouro do JB deu-se no período pós-64, quando - mesmo apoiando decisões tomadas pelo governo - denuncia sistematicamente o arbítrio e a repressão das liberdades democráticas feitas pela máquina estatal.

            Em evidente represália por essas posições políticas, o jornal passa a conviver com a censura prévia, ao longo de extenso período. Entretanto, Sr. Presidente, a presença constante de censores na redação, a intimidação e a prisão de colaboradores em diversas ocasiões e a invasão de suas instalações em 1964 são apenas um prenúncio do que viria um pouco mais tarde. Um sistemático boicote do governo, que lhe nega a publicidade oficial e o indispõe com o mercado de anunciantes privados, inicia para o Jornal do Brasil um período conturbado e difícil, de grande instabilidade financeira, que implicou sérias repercussões para seu futuro empresarial.

            Mas, na história do JB, o contraponto a tanta combatividade sempre foi sua qualidade editorial, fundamentada no talento de uma legião de editores e de colaboradores que resumiu, cada um deles a seu tempo, o que a inteligência brasileira tinha de melhor e de mais engajado.

            Por exemplo, Sr. Presidente, além de Nabuco e de Rui Barbosa, já mencionados, ocuparam a chefia da edição do Jornal do Brasil nomes do porte de Odylo Costa, filho, de Jânio de Freitas e de Alberto Dines, verdadeiros ícones do jornalismo e da cultura do Brasil.

            Numa inesgotável lista de colaboradores, é possível ainda citar, nos primeiros tempos, José Veríssimo, Ulisses Viana, Oliveira Lima e o segundo Rio Branco, além de Barbosa Lima Sobrinho, que por lá esteve no decurso de quase 80 anos. Carlos Lemos, Wilson Figueiredo e Amilcar de Castro estiveram entre os grandes responsáveis pela reforma editorial de 1958.

            Um verdadeiro time de gigantes, Sr. Presidente! Mas a galeria de grandes vultos ligados à história do Jornal do Brasil estaria incompleta se não fossem mencionados aqueles outros que, na ponta empresarial, sempre suportaram e apoiaram as sucessivas e brilhantes gerações de jornalistas que são o apanágio do jornal.

            Inicialmente, menciono o casal Pereira Carneiro - o Conde e a Condessa -, controladores do jornal entre 1919 e 1983, época em que o Grupo passou a incluir, entre outras atividades, algumas estações difusoras de rádio nas faixas de AM e FM.

            Menciono, também a importantíssima, figura de Manuel Francisco do Nascimento Brito, que dirigiu a Rádio Jornal do Brasil desde cedo, na década de 1940, e comandou a totalidade do conglomerado com dinamismo invejável, por quase 50 anos.

            Registro, por fim, a chegada do empresário Nelson Tanure, sob cujo comando o Jornal do Brasil se reinventa, sempre à luz do que considero o verdadeiro epítome de sua história: a inquebrável aliança entre tradição e modernidade.

            Mais uma vez, de fato, o Jornal do Brasil inova; e, mais uma vez, no decurso desse processo, renova a imprensa brasileira. Desde 1º de setembro do ano passado, o JB se estabeleceu em formato exclusivamente eletrônico e on-line, tornando-se, assim, o primeiro jornal 100% digital do País. Mas continua sendo, para nós, seu público leitor, o mesmo JB que tantas gerações de brasileiros aprenderam a respeitar e a apreciar, mercê de seus próprios e inequívocos méritos.

            Congratulo-me, Sr. Presidente, com o Senador Marcelo Crivella, com o Senador Lindbergh Farias, do meu Estado, pelo grande senso de oportunidade demonstrado na homenagem requerida ao Jornal do Brasil.

            Congratulo-me ainda com todos os acionistas, colaboradores e funcionários do Jornal do Brasil, por uma data que, decerto, é tão festiva para eles quanto para nós.

            Quero enviar aqui um abraço muito especial ao empresário Pedro Grossi, que está ligado ao Jornal do Brasil, pelos mais profundos laços de sentimento, e a duas jornalistas muito queridas, que lá trabalham: Hildegard Angel e Ana Maria Ramalho.

            Sr. Presidente, faço homenagem ao Jornal do Brasil pelos seus 120 anos.

            Era o que tinha a fazer como registro, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2011 - Página 16589