Discurso durante a 75ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do transcurso, amanhã, do Dia Internacional dos Museus.

Autor
Itamar Franco (PPS - CIDADANIA/MG)
Nome completo: Itamar Augusto Cautiero Franco
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do transcurso, amanhã, do Dia Internacional dos Museus.
Publicação
Publicação no DSF de 18/05/2011 - Página 17171
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MUSEU, FATO, PROMOÇÃO, SEMANA, DEBATE, COMENTARIO, ORADOR, CRESCIMENTO, NUMERO, INSTITUIÇÃO CULTURAL, PARTICIPANTE, IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, MEMORIA NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ITAMAR FRANCO (Bloco/PPS - MG. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o dia 18 de maio inscreve-se entre as mais significativas datas do calendário cultural brasileiro e mundial. Trata-se do dia internacional dos museus, oportuna ocasião para que celebremos a existência de tão importante instituição, cumprimentemos todos os profissionais que, pelo Brasil afora, dão vida a esses incomparáveis centros culturais e, por fim, façamos uma reflexão acerca dos museus como autênticos fenômenos sociais da civilização contemporânea.

            Registro, com indisfarçável alegria, que nosso país é um dos que melhor comemoram a passagem da data mundialmente consagrada aos museus. Assim é que, de 16 a 22 de maio deste ano, pela nona vez, o Brasil promove a semana nacional de museus. Para que se possa avaliar o significado desse acontecimento, lembro que, quando de seu lançamento, em 2003, não mais que 57 instituições museológicas dele participaram, promovendo um total de 270 eventos da mais variada natureza cultural.

            Hoje, Sr. Presidente, em sua nona edição, subordinada ao tema Museu e Memória, a semana pode se orgulhar de ter logrado inscrever mil e nove instituições, responsáveis pela realização de três mil e oitenta eventos! Cerca de quinhentos municípios, espalhados pelos vinte e seis estados brasileiros, além do distrito federal, asseguram a dimensão verdadeiramente nacional dessa extraordinária realização.

            Chamo a atenção, ainda, para o fato de que são múltiplas as vocações culturais dessas instituições participantes, cuja atuação envolve museus, casas de cultura, fundações, arquivos públicos, pinacotecas, galerias e até escritório de arquitetura! São essas instituições as responsáveis por oferecer ao público brasileiro, entre outras atividades, exposições, palestras, visitas guiadas, seminários, ações educativas e saraus.

            Faço questão de proceder a este registro, Sr. Presidente, porque, a cada ano, mais e mais a semana nacional de museus - vitoriosa promoção do instituto brasileiro de museus, o IBRAM, do ministério da cultura - se consolida como instrumento efetivo de divulgação dos museus em nosso país. Ao fazê-lo, ela mobiliza milhares de agentes culturais e apresenta uma extensa, variada e atraente programação que, a rigor, é um convite à reflexão, ao debate e ao intercâmbio de experiências sobre temas da contemporaneidade. Estou convencido de que o grande valor de uma iniciativa assim está em revelar ao grande público, especialmente às crianças, aos moços e moças do Brasil, a importância das instituições museológicas para o desenvolvimento amplo e integral da sociedade.

            Orgulho-me poder afirmar que vem de longe, Sr. presidente, Srªs e Srs. Senadores, minha preocupação com a defesa de nossas tradições culturais e de nossa história. Já na segunda metade dos anos 1960, quando prefeito de juiz de fora, agi para valorizar o universo da cultura, sobretudo regional.

            Priorizei ações em favor do Museu Mariano Procópio, que possui o segundo acervo mais importante da monarquia brasileira, depois do Museu Imperial de Petrópolis. Organizado e doado à municipalidade, ainda nos anos 30, é uma instituição museal cuja concepção estabelece imensuráveis esforços de mediação entre os saberes, os objetos, as idéias e as culturas.

            É junto da história e da restauração da memória que devemos procurar inspiração para os nossos gestos sociológicos e políticos.

            Sempre mantive o desejo de ver o Brasil expandir o seu acervo museológico, tanto em quantidade como em qualidade.

            Sonho com um país capacitado a fortalecer as instituições voltadas para a preservação da memória nacional e para o resgate patrimonial, comprometidas com a disseminação de estudos históricos em nossa pátria.

            Ao desempenhar o honroso cargo de representante de minas gerais no senado da república, fui vitorioso nas históricas eleições de 1974, vitória reiterada pelo povo de meu estado em 1982. Procurei agir na busca da valorização da cultura nacional.

            Por isso, tomo a liberdade de lembrar, sobretudo, aos mais jovens integrantes desta casa, que foi de minha autoria a iniciativa de propor a criação do museu do Senado Federal.

            Por intermédio do projeto de resolução nº 17, de 1987, propus a criação do Museu Histórico do Senado Federal, “com a finalidade precípua de coletar, pesquisar, preservar e divulgar os testemunhos da história do Senado Federal”. Passado tanto tempo, verifico que os termos por mim utilizados na justificação do projeto permanecem rigorosamente atuais. Aliás, foram as mesmas ideias acatadas pelo senador Cid Sabóia de carvalho em seu parecer, de 1991, que encaminhou a votação do projeto, que se transformou na resolução nº 26, daquele ano. Promulgada pelo Senador Mauro Benevides, o texto instituiu o museu histórico do senado federal, cujo vigésimo aniversário ora celebramos.

            Repito, aqui, Sr. Presidente, algumas das expressões que utilizei ao justificar a proposta de criação do nosso museu: “o Senado Federal, antes da instituição política que é, representa uma instituição histórica viva e, indiscutivelmente, da mais elevada expressão. Ao propormos a criação do Museu Histórico do Senado, objetivamos, sobretudo, preservar um valioso acervo. Além da preservação, é necessário divulgá-lo, dentro de uma política cultural que vise a aproximar a sociedade a uma das instituições que a representa politicamente”.

            Ao encerrar, Sr. presidente, Srªs e Srs. Senadores, lembro que num Brasil de tantas carências educacionais, a cultura histórica, mais do nunca, precisa ser incentivada de todas as formas. Instituições como os museus e as demais voltadas para a preservação, a guarda e a divulgação da memória nacional, bem como de nossas riquíssimas manifestações culturais, devem receber do poder público a atenção devida a quem desempenha tão meritório papel. É nosso dever, no congresso nacional, estar vigilante a isso, cobrando providências, identificando carências e propondo soluções para os problemas do setor. Ao cumprimentar a todos os que fazem os museus brasileiros, do central IBRAM passando pelos grandes museus nacionais e chegando às mais simples instituições museológicas espalhadas pelo país, espero estar dando voz a milhões de brasileiros que gostariam de lhes prestar esta homenagem.

            Todo aquele que ama sua pátria tem uma dívida de gratidão para com esses abnegados profissionais que, a despeito das inevitáveis dificuldades, conseguem colocar o Brasil no circuito museológico mundial contemporâneo.

            Todo aquele que se quer agente consciente de sua própria história sabe do extraordinário valor dos museus e das instituições devotadas à cultura. É graças ao trabalho dessas casas de cultura que prosseguimos na missão - nada fácil, mas essencial - de nos humanizarmos continuamente. Essa humanização só se realiza na consciência de que pertencemos a um processo histórico. Processo que não se esgota no presente, mas que, fruto do passado, constrói o que virá.

            Por fim, com a emoção de quem sonhou com essa realidade, saúdo a passagem das duas décadas de existência do museu do senado federal. À sua direção, aos profissionais que nele atuam, deixo meu afetuoso abraço. À direção da casa, lembro que o museu, uma espécie de registro imorredouro do que o senado fez, faz e representa em cento e oitenta e cinco anos de vida, deve ser prestigiado e mantido em condições adequadas. É dever moral do qual não podemos fugir. É nosso compromisso com o Brasil e com a história de nossa gente!

            Muito obrigado!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/05/2011 - Página 17171