Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da opinião de S.Exa. acerca de denúncias que envolvem o Ministro Antônio Palocci.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro da opinião de S.Exa. acerca de denúncias que envolvem o Ministro Antônio Palocci.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2011 - Página 17217
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COBRANÇA, ESCLARECIMENTOS, ANTONIO PALOCCI, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, SUSPEIÇÃO, TRAFICO DE INFLUENCIA, QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, NEGLIGENCIA, SITUAÇÃO, MEMBROS, OPOSIÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, acompanhei essa questão do Ministro Palocci com serenidade, com tranquilidade. Mas, cobrado pelos meus eleitores do Paraná, quero deixar aqui com clareza a minha opinião.

            O Ministro Antônio Palocci disse ontem, para justificar sua repentina fortuna, que não foi o único ministro a enriquecer. Citou uma quantidade de ex-Ministros da Fazenda e ex-Diretores do Banco Central que se transformaram em banqueiros, consultores financeiros de muito sucesso.

            Pois é exatamente aí que está o problema. O que para ele é normal, porque todo mundo faz, é a grande complicação, o grande embaraço, o inevitável conflito moral e ético. Está errado terem feito, está errado repetir o feito.

            Essa gente toda que o Palocci citou ocupou cargos estratégicos na condução das finanças nacionais e tinha informação acerca de tudo e sobre todos. Sobre taxas de juros, sobre o câmbio, sobre a saúde financeira das empresas. De repente, gente com tantas informações vai trabalhar do outro lado do balcão e leva, para o outro lado do balcão, tudo o que ficou sabendo deste lado do balcão. Pergunto: 

            É certo isso? É certo ganhar dinheiro com informações privilegiadas? Independente disso, o Palocci tem que prestar contas. A Presidenta Dilma e o vice Temer dizem que têm confiança ilimitada no Palocci. Para que nós e o Brasil também tenhamos confiança sem limite nele, precisamos que responda a algumas perguntas. Um: para quem o Palocci prestou assessoria? Nome de todo mundo. Dois: que tipo de serviço envolveu essa assessoria? Eram relativos ao Governo? Três: quanto ganhou pelo serviço? Quatro: quando, mês e ano, prestou assessoria. São algumas perguntas que não podem calar.

            O escritor, jornalista e cronista Sérgio Porto, conhecido também como Stanislaw Ponte Preta, diante de desmandos e corrupção, cunhou uma frase imortal: “Ou se restaura a moralidade ou locupletamo-nos todos”. Parece que estamos mais para locupletação do que para a restauração da moralidade.

            Por fim, Presidenta, uma observação: essa imprensa, tão rápida em investigar e denunciar o Palocci, foi de extrema condescendência com ex-ministros e diretores do Banco Central, como: Pérsio Arida, André Lara Resende, o inefável Maílson da Nóbrega, Pedro Malan, Gustavo Franco, Gustavo Loyola, os irmãos e filhos Mendonça de Barros, Pedro Parente. Eles também transitaram com desenvoltura, com agilidade ofídica, dos dois lados do balcão, mas, como não eram do PT nem ministros da Dilma ou ex-ministros do Lula, foram saudados como gênio das finanças, como empreendedores extraordinários.

            Fico, dessa forma, cada vez mais encantado com a moralidade seletiva da nossa velha e incorrigível mídia.

            É a minha posição e eu tinha obrigação de deixá-la clara neste plenário.

            Obrigado, Presidenta.


Modelo1 5/5/242:46



Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2011 - Página 17217