Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de congresso da Federação do Comércio do Mato Grosso do Sul, que ocorrerá amanhã, para discutir os problemas da fronteira daquele Estado.

Autor
Waldemir Moka (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Waldemir Moka Miranda de Britto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA POPULAR. SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA SOCIAL.:
  • Registro de congresso da Federação do Comércio do Mato Grosso do Sul, que ocorrerá amanhã, para discutir os problemas da fronteira daquele Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2011 - Página 17217
Assunto
Outros > ECONOMIA POPULAR. SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ANUNCIO, REALIZAÇÃO, CONGRESSO, FEDERAÇÃO, COMERCIO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), DISCUSSÃO, PROBLEMA, FRONTEIRA, PREJUIZO, COMERCIANTE, REGIÃO, EFEITO, CONCORRENCIA DESLEAL, DIFERENÇA, VALOR, MOEDA, NECESSIDADE, AUMENTO, PRESENÇA, POLICIA FEDERAL, FAIXA DE FRONTEIRA, COMBATE, CONTRABANDO, TRAFICO, IMPORTANCIA, ELABORAÇÃO, POLITICAS PUBLICAS, ASSISTENCIA, JUVENTUDE, IMPEDIMENTO, ALICIAMENTO, CRIME.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srs. Senadores. Srªs Senadoras, quero hoje ocupar a tribuna... Amanhã, quinta-feira, em uma das cidades do Mato Grosso do Sul, mais especificamente na minha querida Ponta Porã, vai ter um congresso da Federação de Comércio do Mato Grosso do Sul. A pauta, Senador Benedito de Lira, é a questão que envolve as questões das fronteiras de forma geral.

            Há pouco ouvia a Senadora Angela Portela falando do tráfico de pessoas e do abuso de crianças e adolescentes. É claro que isso não existe só nas fronteiras, mas me parece que nas fronteiras é mais evidente ou tem mais força, portanto, também é mais prejudicial.

            Mas, além da questão do contrabando, do tráfico que envolve...

            E o Mato Grosso do Sul faz fronteira seca tanto com o Paraguai quanto com a Bolívia. É comum a gente ver... E sou nascido... Sou da fronteira. Sou nascido em Bela Vista, criado, portanto, na fronteira e conheço bem essas dificuldades.

            Mas em Ponta Porã o assunto é outro. É a questão cambial. Srs. Senadores, o dólar cada vez mais baixo faz com que o comércio do Mato Grosso do Sul... É comum as pessoas - é fronteira seca - atravessarem uma avenida, atravessarem uma rua e terem preços no comércio do outro lado absolutamente desleais para com o comércio das cidades brasileiras. Isso cria um problema muito grande. O objetivo da Federação do Comércio é discutir alternativas, políticas públicas, encaminhar soluções para que a gente possa realmente revitalizar, revigorar as fronteiras, em especial, e aí me refiro diretamente a Mato Grosso do Sul.

            É uma região extensa, com uma questão muito grande, grandes problemas, insisto em dizer, que vão desde a questão do tráfico, principalmente, que devemos tratar com repressão... É uma alternativa, e é preciso.

            A Polícia Federal precisa de mais efetivo. Aí me refiro exatamente a essa questão de evitar o contrabando, o tráfico. Sempre digo isso. Muitas vezes, nos grandes centros, há um grande aparato da Polícia Federal, e é real e talvez necessário, mas parece-me que seria muito mais importante que tivéssemos grandes estruturas exatamente na fronteira.

            Senão, vejamos. O que é mais fácil? Por meio de uma ação de inteligência, impedir que entre maconha, cocaína ou, depois que entra, combatê-las nos canaviais de São Paulo, nos grandes centros metropolitanos? A mim me parece que é mais inteligente, mais eficiente que a gente tenha, cada vez mais, um efetivo maior, sobretudo da Polícia Federal nesses Estados em que há extensas fronteiras. E tenho sempre feito isso. É preciso dotar, cada vez mais, a Polícia Federal, que é extremamente competente e são pessoas absolutamente comprometidas, mas que precisam, cada vez mais, de mais estrutura, Srª Presidente.

            Voltando ao encontro que acontece amanhã em Ponta Porã. E a alternativa do comércio? Como fica o comerciante do lado brasileiro, que vê pessoas e mais pessoas, no final de semana, em Ponta Porã, onde tem o Shopping China, que é supervisitado? E, é claro, atravessam, e se vê o nosso comércio quase que sem ninguém e aquele movimento de pessoas comprando e consumindo cada vez mais.

            Penso que isso não deve ser diferente em Foz do Iguaçu, do outro lado de Cidade de Leste. E, assim, poderíamos citar vários exemplos.

            Então, o que venho defender hoje aqui, desta tribuna, é que precisamos pensar em políticas públicas para que possamos tratar de forma diferenciada essas regiões de fronteira, seja para que a gente possa realmente dar mais alternativas para o nosso jovem.

            Se formos lá, onde estão presas as pessoas, Senador Pedro Taques, vamos ver, invariavelmente, grande número de jovens presos ao que eles chamam de mula, que é o jovem atraído pelo chamado crime organizado para ser o transportador de pequenas quantidades, porque, se cair, o prejuízo será menor. Mulheres, também.

            Essas questões, nós só vamos realmente resolver, é claro, com uma Polícia Federal cada vez mais eficiente, mas com políticas públicas, dando alternativas.

            O Governador do meu Estado, Governador André Puccinelli, tem exatamente essa perspectiva.

            Agora iniciamos uma grande rodovia chamada integração Sul-Fronteira. Queremos que essa rodovia integre todas as cidades da fronteira do Mato Grosso do Sul, mas além disso é preciso pensar em políticas públicas que deem, sobretudo ao jovem, perspectivas para que ele possa realmente ter um emprego melhor, cada vez mais estruturado. E aí realmente nós vamos pelo menos diminuir, minimizar o problema que existe nessas fronteiras hoje. Portanto, amanhã, em Ponta Porã, nós vamos para uma abertura. Eu convidei o pessoal do Ministério da Integração Nacional, que é fundamental, porque esse ministério tem a função de fazer essa integração. E que a gente possa discutir as alternativas com aqueles lá da fronteira.

            Eu costumo dizer que estamos lá onde começa este País. São homens e mulheres que cuidam da segurança nacional, que demarcam o nosso território e que têm toda uma dificuldade. E, realmente, só quem vive na fronteira sabe as dificuldades por que passa aquela população.

            Mas não pensem que estou falando longe dali. Também a minha querida Ponta Porã, uma cidade alegre, tem exatamente essa característica, sofre uma influência benéfica da cultura, da música e da tradição dos irmãos paraguaios; é portanto uma cidade alegre. E o turismo é cada vez mais importante nessa região. O que nós precisamos é só chamar a atenção para que o Governo Federal, junto com o Governo Estadual e os Municípios que fazem fronteira, elabore políticas específicas para quem sabe tratar a questão tributária de forma diferenciada nessa região. Precisamos, cada vez mais, ofertar linhas de crédito diferenciadas para esses comerciantes e criar mais empregos, gerando realmente oportunidades, sobretudo para os nossos jovens.

            E é fácil explicar isso. O jovem está ali, na região de fronteira, passando toda a dificuldade e, de repente, vê outro jovem da idade dele pilotando uma grande motocicleta, e aí ele fica pensando. Aquele jovem aparece, de repente, com muito dinheiro. É claro que isso acaba chamando a atenção de forma, infelizmente, ruim. É assim que começam as coisas. Cada vez mais, o crime organizado procura exatamente os jovens de 16 e de 17 anos, porque, se ele for preso, como é menor, vai ficar muito pouco tempo ali. E ele vai sair. Então temos que tirar. Essa é realmente uma vida e uma dificuldade muito grande. É muito cruel, é muito perverso com os jovens da nossa fronteira.

            Eu, que sou nascido e criado na fronteira, tenho esta obrigação, tenho o compromisso de trazer a esta Casa, cada vez mais, a informação de que precisamos políticas públicas que possam melhorar, criar condições para aquela gente, sobretudo da região de que estou falando.

            E, certamente, falava ainda há pouco, repito, a Angela Portela. E é claro que ela tem outro foco, mas as dificuldades são sempre as mesmas.

            Srª Presidente, era o que tínhamos para dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2011 - Página 17217