Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lembrança do início, há 30 anos, do Projeto Seringueiro, por Chico Mendes.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Lembrança do início, há 30 anos, do Projeto Seringueiro, por Chico Mendes.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2011 - Página 17222
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, ANIVERSARIO, PROJETO, EXPANSÃO, EDUCAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), INICIATIVA, CHICO MENDES, COMENTARIO, ESFORÇO, GOVERNO ESTADUAL, INVESTIMENTO, SETOR.
  • COMENTARIO, VISITA, ORADOR, ALOIZIO MERCADANTE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA (MCT), CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO ACRE (AC), ANUNCIO, INVESTIMENTO, CIENCIA E TECNOLOGIA, PROMOÇÃO, PRESERVAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srs. Senadores, público que nos acompanha pela TV Senado, há 30 anos, Chico Mendes iniciou no Acre o Projeto Seringueiro, no Município de Xapuri, sua cidade natal.

            Em sua tese de doutorado, a antropóloga Mary Alegretti lembra que:

Chico Mendes sempre se referiu à ausência de escolas nos seringais como um dos elementos centrais do processo de dominação dos seringueiros pelos patrões. Durante gerações, o analfabetismo contribuiu para consolidar a ideia de que o mundo se organizava em patrões e fregueses, reproduzindo uma estrutura social desigual e injusta.

            Era assim nos seringais do Acre.

            O Padre Paulino Baldassari, missionário de origem italiana, há mais de 50 anos dedicando sua vida à população mais pobre do Acre, afirma que uma das suas principais preocupações foi sempre a questão educacional, especialmente porque o “analfabetismo é o principal mecanismo do latifundiário para subjugar o seringueiro”. Certos patrões - dizia Padre Paulino - tem os seringueiros como uma espécie de escravo e diziam que não queriam escola nos seringais. Padre Paulino faz esse relato dizendo: “patrões diziam: não quero que meus seringueiros saibam ler, porque não é bom que seringueiros saibam fazer contas”. Assim, o domínio se perpetuava e assim a escravidão se estabelecia, nos seringais do Acre.

            Até hoje, há escolas longínquas, em distantes seringais do Acre, que foram obra do Padre Paulino Baldassari, por fruto do seu esforço. Digo isso, Srª Presidenta, para mostrar que educação no Acre sempre foi prioridade. Ainda em época em que governos não davam atenção à educação, sempre tivemos abnegados militantes que colocaram a educação em primeiro lugar na ordem das prioridades.

            Desde que assumiu a direção do Estado a Frente Popular do Acre, primeiro, com o Governador Jorge Viana, e depois, com o Governador Binho, tendo sequência, agora, com o Governador Tião Viana, esses governos tornaram possível a consolidação de ideias e dos ideais de Chico Mendes e do Padre Paulino Baldassari.

            Os investimentos na área de educação, hoje, são muito mais substanciosos, coerentes exatamente com o que defendiam e com a luta de Chico Mendes e do Padre Paulino Baldassari. Eles tinham ciência de que saber ler poderia levar os seringueiros a conhecer a contabilidade e questionar a exploração a que eram submetidos. E manter uma criança na escola era exatamente retirá-la do processo produtivo no qual se envolvia desde muito cedo.

            Hoje, nós podemos afirmar com orgulho que os investimentos em educação no Estado do Acre ganharam um contorno absolutamente defensável, que nos enche de orgulho.

            Os investimentos em educação na Acre, que foram, em 1999, da ordem de 29 milhões, no ano de 2010 subiu para 690 milhões. O investimento per capita que foi, em 1999, de R$243,00 por ano, no ano de 2010, chegou a R$942,00, um crescimento próximo a 300% ao longo dos últimos 10 anos.

            Agora, no mandato do Senador Tião Viana, o compromisso com a Educação está absolutamente mantido. E o compromisso é garantir acesso à educação pública, gratuita e de qualidade como ponto fundamental à manutenção do processo democrático, como mostram as primeiras ações deste ano de 2011. São propostas ambiciosas que tendem a fazer do Acre cada vez mais um Estado liberto e com um povo altivo em busca de melhores condições de vida.

            O Priacre, que é um Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Sustentável do Acre, já atendeu mais de 400 escolas. E vale ressaltar que o Proacre é um Projeto que foi concebido pelo Governador Binho Marques, e o Governador Binho Marques foi justamente um companheiro de luta com Chico Mendes nos seringais de Xapuri. Foi por intermédio do projeto seringueiro em Xapuri, numa época em que não contava com apoio institucional dos governos, Chico Mendes manteve pelo menos 40 escolas espalhadas pelos seringais de Xapuri.

            Com base nesse experimento do Projeto Seringueiro, quase três décadas depois, o Governador Binho Marques foi lá e concedeu o mesmo formato e foi ao Banco Mundial, e o Banco Mundial se sensibilizou e fez um financiamento de US$150 milhões para levar educação, saúde e produção sustentável para as comunidades mais distantes e mais isoladas do Acre.

            E, graças a esse esforço do Governo do Acre com esse financiamento do Banco Mundial, hoje, o Governo se faz presente nas comunidades mais isoladas do Acre, fazendo com que a educação seja um elemento diferencial na melhoria da qualidade de vida do povo do Acre.

            Srª Presidenta, amanhã, estaremos em Rio Branco com o Ministro da Ciência e Tecnologia, o ex-Senador

            Srª Presidente, amanhã estaremos em Rio Branco com o Ministro da Ciência e Tecnologia, o ex-Senador Aloizio Mercadante, que vai tomar conhecimento dessa experiência que está acontecendo no Acre e acompanhá-la de perto, também irá levar a boa notícia, resultante da preocupação do Governo Federal, de investimentos fortes em ciência e tecnologia, porque, se há uma forma de contribuirmos para a preservação da floresta, essa é dotarmos o Estado do Acre,os Estados amazônicos de boas condições tecnológicas, para que possam produzir mais e melhor. Nós queremos e temos certeza de que vamos conseguir fortalecer uma economia de baixo carbono e de alta inclusão social com alta tecnologia. E o Governo Dilma e Governo Tião Viana, lá no Acre, estão preparados para isso.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2011 - Página 17222