Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Prestação de contas ao Senado Federal de viagem, que S.Exa. fez à Ásia, com o objetivo de intensificar as exportações de algodão.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Prestação de contas ao Senado Federal de viagem, que S.Exa. fez à Ásia, com o objetivo de intensificar as exportações de algodão.
Publicação
Publicação no DSF de 20/05/2011 - Página 17511
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • PRESTAÇÃO DE CONTAS, SENADO, VIAGEM, ORADOR, ASIA, PARTICIPAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, PRODUTOR RURAL, ALGODÃO, PAIS, OBJETIVO, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, COMERCIO EXTERIOR, PAIS ESTRANGEIRO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Jayme Campos, para mim é uma satisfação falar desta tribuna quando V. Exª preside a Mesa. E falo hoje à tarde sobre um assunto que V. Exª também conhece muito bem, já que ajudou a construir nesses últimos anos a nossa agricultura, agricultura brasileira.

            Neste momento, de certa forma, quero prestar contas ao Senado Federal, já que, entre o dia 30 de abril e o dia 10 de maio, eu fiz uma viagem à Ásia com o setor produtivo de algodão do Brasil, junto com a Abrapa, fui representando esta Casa. Fui acompanhado do nosso Presidente da Abrapa, Sr. Sérgio Demarco, e de uma comitiva cujos membros depois vou fazer questão de nomear.

            Nessa viagem, o Brasil e os produtores de algodão, de forma extremamente organizada, muito competente, mostraram-se não só preocupados e focados em produzir em suas fazendas, nos Estados brasileiros, mas também em fazer o papel de verdadeiros caixeiros viajantes: estão andando pelo mundo afora, buscando novos mercados, porque, muitas vezes, somente produzir não é o suficiente - você fica com a sua mercadoria empacada e não tem como fazer dinheiro, não tem como apurar os dividendos disso tudo.

            A Associação Brasileira de Produtores de Algodão é composta por várias entidades, de vários Estados brasileiros, e alguns de seus representantes nos acompanharam nessa viagem: o Sr. Sérgio Demarco, que é o nosso Presidente; o Sr. Eduardo Logman, que é do Rio Grande do Sul e planta algodão através de suas empresas em vários Estados da Federação - nessa viagem ele representava o Estado do Maranhão e também do Tocantins, já que produz nessas regiões -; o Sr. Carlos Augustin, que é Presidente da Ampa, a Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão; a Srª Isabel da Cunha, que é Presidente da Abapa, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão; o Sr. Inacio Carlos Urban, que é da Amipa, Associação Mineira dos Produtores de Algodão; o Sr. Marcelo Jony Swart , que é da Agopa, do Estado de Goiás; o Sr. Darci Augustinho Boff, que é Presidente da Ampasul, entidade que representa os produtores do Mato Grosso do Sul; o Sr. Fabio Pereira Júnior, a Apipa, que representa os produtores de algodão do Piauí; o Sr. Ronaldo Spirandeli, que é da Appa, a Associação Paulista dos Produtores de Algodão; ...também o Sr. Paulo Kenji Shimoira, que é o tesoureiro da nossa Associação; o Sr. Andrew MacDonald, que é nosso consultor internacional, que faz os contatos e procura os compradores fora do Brasil. Também nos acompanhou nessa viagem a esposa do Sr. Sérgio, Dona Ivete Brizote Demarco e a minha companheira, Terezinha Maggi.

            Quero agradecer ao Itamaray através do Embaixador Paulo Alberto Silveira Soares, que é o Embaixador em Cingapura e nos deu o respaldo para que nós pudéssemos fazer um bom evento naquela cidade. Agradeço também ao Cônsul-Geral - na verdade, é um Embaixador, mas em Hong Kong nós não temos embaixada, mas um consulado -; ao Dr. Antonio José Resende de Castro, que foi nosso anfitrião e que, junto com empresários de Hong Kong, organizou a nossa etapa nessa cidade.

            E como nós fizemos isso? É que esses produtores, organizados através de suas associações estaduais e representados por uma associação brasileira, que é a Abrapa, além de se preocuparem em produzir bem, Senador Jayme Campos, eles têm de sair e vender seus produtos.

            Por exemplo, nós chegamos a Cingapura, e eles fizeram uma reunião nessa cidade, para a qual convidaram vários empresários da indústria têxtil de vários países distantes quatro ou cinco horas de voo de Cingapura, como Bangladesh, Malásia e Vietnã; enfim, convidaram vários compradores, em torno de trinta pessoas.

            Essa Associação, por ser financiada pelos produtores, hoje tem caixa suficiente para fazer o que as multinacionais faziam conosco no passado, que era nos levar a um lugar para mostrar o seu produto e fazer com que nós nos encantássemos por aquele produto e passássemos a ser seus compradores ou seus fornecedores.

            Então, essa Associação pagou a passagem para esses fabricantes e um final de semana num hotel - aliás, um belíssimo hotel, o Bay lá de Cingapura, que tem aquela piscina enorme em cima. Então, os produtores brasileiros, de forma organizada, estão conquistando o mercado mundial.

            Para os senhores terem uma ideia: no ano de 1996, quando foi realizado o primeiro evento que tratou da exportação de algodão na cidade de Cuiabá, o Brasil não exportava nem uma tonelada de algodão. Eu e alguns outros produtores, já formando a nossa associação, a Ampa lá de Mato Grosso, decidimos, junto com outros produtores, que nós deveríamos começar a procurar mercado internacional se quiséssemos ser fortes no algodão. Naquela oportunidade, cada um de nós tirou dinheiro do bolso e subsidiou a exportação, porque o mercado não queria comprar e não queria ver o nosso algodão, já que o Brasil tinha uma tradição muito ruim de qualidade e de não-cumprimento de contratos na época.

            Agora, no ano de 2004, passados alguns anos, o Brasil já havia exportado, por ano, 331 mil toneladas de algodão, de uma produção de 1,309 milhão de toneladas. Agora, para a safra de 2011/2012, o Brasil já está prevendo uma produção em 1,456 milhão de hectares, em todos esses Estados que relatei antes, com uma produção de 2,027 milhões de toneladas. Enquanto a área aumentou 32%, a produção brasileira de algodão cresceu 54%, e cresceu com qualidade. Cresceu conquistando o mercado internacional. E esse mercado internacional, que em 96/97 era zero, em 2004 era de 331 mil toneladas, e hoje, neste ano de 2011, já indo para a safra de 2012, nós vamos exportar 851 mil toneladas. Significa, então, um aumento de 157% na exportação brasileira.

            Ora, se temos tanto produto para exportar, nós temos de sair como faziam os mascates antigamente, temos que vender. E é por isso que essa Associação, de forma organizada, com apoiamento político, está fazendo viagens pelo mundo afora, não só pela Ásia, mas também pela Europa. Conquistamos vários mercados, que necessitam de produto e de regularidade de produtos.

            Agora, nem tudo são flores nesse negócio. Os compradores, por exemplo, Senador Jayme Campos, Presidente desta sessão, alegam que o que limita comprar do Brasil não é a qualidade do produto, não é a confiança já adquirida dos produtores de honrarem os contratos e os compromissos feitos, independente se os preços sobem ou descem, porque a própria Abrapa tem uma comissão de ética e aquele que não cumprir com o seu compromisso, com o seu contrato, é tirado da associação, sofre penalidades, assim como tem em Liverpool, onde se faz a arbitragem do algodão no mundo afora.

            As reclamações que temos recaem novamente na logística brasileira. Os nossos portos, as nossas rodovias e ferrovias não permitem que façamos uma exportação ao longo dos doze meses. Não temos portos preparados para estocagem de longo prazo, para fazer o estofamento dos containers e mandar durante os doze meses. Então, o Brasil ocupa um espaço durante dois ou três meses no ano.

            Presidente Jayme Campos, a situação do algodão na exportação é a mesma do Estado do Mato Grosso, na área da soja, quando V. Exª era Governador há 17 ou 18 anos. Nós não tínhamos armazéns, não tínhamos capacidade de guardar isso, simplesmente tínhamos que colher a nossa safra, jogar em cima das carrocerias dos caminhões e mandar para o porto de Paranaguá ou para o porto de Santos, que funcionavam naquela oportunidade.

            Então, em menos de quinze anos, nós saímos de país importador de algodão para um dos maiores exportadores, graças aos produtores. Não esqueço de reconhecer aqui o papel do Governo Federal, principalmente no governo do Presidente Lula e na continuidade no Governo da Presidente Dilma. Em determinados momentos, o preço da produção era menor que o custo de produção e o Governo brasileiro socorreu os produtores de algodão do Brasil inteiro, criando programas específicos para retirada desses produtos.

            Então, graças à pesquisa feita, ao arrojo dos produtores, ao apoio do Governo Federal e ao apoio das políticas externas para que possamos fazer essas exportações é que estamos avançando.

            Nós estamos gerando renda, gerando emprego no campo, criando condições para que as empresas nacionais - as fiações, as tecelagens, as confecções - tenham produto suficiente e de qualidade para, durante 12 meses do ano, programar a sua produção. Geramos milhares e milhares de empregos a partir do campo, a partir das lavouras de algodão.

            A minha fala nesta tarde é para parabenizar a Abrapa, os seus diretores, não só o Presidente Sérgio De Marco, que está no cargo neste momento e é lá de Mato Grosso, mas também seu Vice-Presidente. Quero me congratular com todos aqueles que antecederam o Sérgio De Marco, os vários presidentes que por lá passaram. Aliás, esse trabalho da Abrapa e da Ampa, de Mato Grosso, financiou, é bom que se diga, a demanda que o Brasil teve na OMC contra os Estados Unidos. Se não fosse a presença e os recursos dos produtores rurais para pagar advogados para assessorar o nosso Ministério, não tínhamos ganho aquela pendenga com a OMC.

            Então, esse setor do algodão brasileiro é o que tem de melhor na agricultura em termos de organização, em termos de visão de futuro, de responsabilidade social e de responsabilidade ambiental. Os produtores de algodão do Mato Grosso, seguidos pelos demais produtores de outros Estados, têm o Instituto Social do Algodão. Eles mesmos fiscalizam a sua produção. Eles mesmos buscam saber se a regra ambiental está sendo seguida, se a regra social está sendo seguida, principalmente na questão trabalhista. Há anos não temos mais casos de trabalho análogo ao trabalho escravo. 

            Então, Sr. Presidente da sessão, Srªs e Srs. Senadores, quero deixar registrada aqui a minha alegria e a minha satisfação em prestar conta nesta Casa. Na semana em que fiquei ausente, nos dois eventos que fizemos, em Singapura e em Hong Kong, foi levado o nome do Brasil. Falei em nome do Senado Federal dando depoimento de que realmente não só os produtores, não só a associação, mas todos nós, através das políticas públicas do Brasil, somos cumpridores dos nossos contratos na área internacional.

            Por isso, Presidente, o Brasil hoje consegue vender algodão para o mercado de 2011, 2012, 2013 e 2014, até cinco anos para frente. Antes de plantar, já conseguimos colocar o nosso algodão em qualquer parte do mundo.

            Mais uma vez, quero cumprimentar todos da Abrapa, das associações estaduais. Vocês estão em um bom caminho, vocês estão em um ótimo caminho, representando o Brasil dignamente, abrindo espaço e buscando mercado, que é o que queremos.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.


Modelo1 5/5/2410:38



Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/05/2011 - Página 17511