Discurso durante a 80ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato de viagem a Itaperuna/RJ com o objetivo de discutir uma solução para os recorrentes estados de emergência e de calamidade pública que assolam o noroeste fluminense; e outro assunto. (como Líder)

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA. RELIGIÃO.:
  • Relato de viagem a Itaperuna/RJ com o objetivo de discutir uma solução para os recorrentes estados de emergência e de calamidade pública que assolam o noroeste fluminense; e outro assunto. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2011 - Página 17771
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA. RELIGIÃO.
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, MUNICIPIO, ITAPERUNA (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DISCUSSÃO, DEFESA CIVIL, SOLUÇÃO, FREQUENCIA, OCORRENCIA, CALAMIDADE PUBLICA, REGIÃO, COBRANÇA, INVESTIMENTO, PREVENÇÃO, DESASTRE.
  • REGISTRO, PRESENÇA, FESTA, MUSICA, RELIGIÃO, MUNICIPIO, BARRA DO PIRAI (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srª Senadora Ana, Srs. Senadores, Srs. telespectadores da TV Senado, Srs. ouvintes da Rádio Senado, serei muito breve.

            Sr. Presidente, inicio meu pronunciamento agradecendo ao Exmo Sr. Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra, que permitiu que o Sr. Secretário Nacional de Defesa Civil Coronel Humberto e sua prestativa e eficiente assessora de comunicação social, a Srtª Isabele, nos acompanhassem até o noroeste fluminense numa viagem que se iniciou em Brasília às 4h30min da manhã de quinta-feira, chegando ao Aeroporto do Galeão às 6h30min e, em seguida percorremos 550 quilômetros de automóvel, até chegar à linda cidade de Itaperuna, por volta das 11 horas e 45 minutos. Essa jornada terminaria às 22 horas, após termos percorrido ao longo do dia mais de 1.100 quilômetros e quando então nos despedimos, já de retorno à capital do Estado.

            Em Itaperuna nos aguardava uma numerosa e distinta comitiva composta por diversos Deputados, o Prefeito da cidade, Fernando Fernandes, acompanhado de diversos secretários municipais, o Vereador João Neto, a Vereadora Edilene, outros prefeitos e também os Secretários Municipais de Defesa Civil de todos os Municípios da região noroeste fluminense.

            A reunião ocorreu no Teatro do Sesi, e tratamos de uma solução definitiva para os recorrentes estados de emergência e de calamidade pública que assolam a região, sobretudo no verão. A verdade é que já não suportamos mais os paliativos das cestas básicas, dos colchonetes e cobertores. Nossa cidadania exige obras de prevenção. Há décadas passamos o ano a fazer reconstrução, quando o que precisamos, repito, são obras de prevenção. É urgente, indispensável e prioritário. As mudanças climáticas, o aquecimento global, o El Niño são uma realidade que impõem à consciência nacional o dever de se precaver. Não queremos reconstruir as mesmas pontes, passadas as chuvas e as cheias. Queremos fazer os canais de fuga, as represas de contenção e as barragens. Fiquem elas na nossa região ou em Minas Gerais, Estado vizinho. Não queremos mais enterrar nossas crianças que morreram soterradas na lama e no lixo. Queremos construir casas para retirar as pessoas das áreas de risco. Não suportamos mais continuar reparando nossas estradas bloqueadas com milhares de metros cúbicos de terra e rochas que desabam das encostas. Queremos fazer muros de arrimo e atirantá-los e evitar que isso ocorra outra vez.

            Foi por isto que o incansável Coronel Humberto esteve conosco nessa visita à região, para ver de perto nossas angústias, sofrer conosco nessa visita à região, para ver de perto nossas angústias, sofrer conosco as mesmas preocupações, ouvir o drama dos nossos relatos e nos orientar para construirmos uma solução definitiva.

            Temos bravos, competentes e experientes companheiros que estão ávidos para se engajarem nesta luta histórica. São muitos e, como não tenho aqui o tempo que gostaria para citar cada um desses heróis da humanidade, represento-os na pessoa do Coronel Douglas, que, com a fibra de um gladiador, o arrojo de um bandeirante e a fé de um mártir, foi, tem sido e continuará sendo, mercê de Deus, aquela voz de alerta a despertar nossas consciências, a presença estóica e constante nas tragédias fluminenses; e como conhecedor profundo de nossas angustiantes vulnerabilidades está pronto e disposto a mostrar às autoridades federais os enigmas inaturáveis das contingências da nossa geografia.

            Nossos líderes políticos, e aqui ressalto o esforço colossal do Deputado Altineu Cortes, que percorre o Estado organizando audiências públicas para discutir a Defesa Civil, como um missionário a pregar o nosso dever e nos advertir que, se não vigiarmos e se todos não nos empenharmos para uma solução definitiva, haveremos de chorar e lamentar outra vez. Ao ilustre Deputado, nossa homenagem e solidariedade.

            Aos prefeitos, nosso mais profundo respeito e o compromisso sagrado de comunhão de atitudes e sentimentos de modo a constituir uma unidade sólida para enfrentarmos juntos as trágicas eventualidades do nosso tempo. Aos vereadores presentes, aqui lembrados na pessoa de João Neto e Edilene, que são a mão amiga, o ombro e o abrigo com que o povo conta nos momentos de borrasca, nossa gratidão, apreço e respeito.

            Conversei com o Vice-Governador do Estado, Luiz Fernando Pezão. Temos projetos encaminhados e em exame no Ministério da Integração e na Agência Nacional de Águas. Quero reafirmar ao povo fluminense, nossa gente sofrida e valente, que aqui nesta tribuna, juntamente com o Senador Lindbergh Farias e o Senador Francisco Dornelles, nós, a representação popular do bravo Estado do Rio de Janeiro, seremos a sentinela avançada no Senado Federal da República dessas urgências impostergáveis e imperativas para a dignidade da nossa cidadania. Vamos acompanhar esses projetos pari passu. Do carimbo de entrada no protocolo até a mesa do ministro: cada despacho, cada parecer, cada recomendação, até que possamos ver as máquinas e os homens cortando encostas, abrindo canais, fazendo barragens, represas e, sobretudo, nosso povo deixando as encostas, as áreas de risco para morar seguro com suas famílias e suas crianças.

            Que o bom Deus nos ajude e nos ilumine a todos na construção do Rio de Janeiro dos nossos sonhos!

            Sr. Presidente, antes de terminar, quero agradecer a recepção calorosa que tive na comunidade do Jacarezinho no dia seguinte, na sexta pela manhã, quando recebi do presidente da associação de moradores, Sr. Marcos, popular Kito, um comovente pedido para que seja incluído, no PAC 2, o Jacarezinho. Nosso encontrou ocorreu na quadra de ensaios da Escola de Samba Unidos do Jacarezinho e estavam presentes cerca de 200 moradores. Nada mais justo, prioritário e urgente que essa legítima reivindicação.

            A favela em piores condições do Rio era Manguinhos. O Presidente Lula levou para lá as obras do PAC e trouxe alento, esperança, perspectiva de vida, dignidade e justiça àquela população.

            Agora, digo isso com imensa tristeza no coração, com pesar do passado, pois que não posso deixar de mencionar que, ao longo dos processos de nossa evolução econômica e social, faltaram-nos líderes políticos que nos dessem instrumentos idôneos e eficazes para garantir a distribuição da riqueza da nossa terra para todos, pelo menos para suprir direitos básicos da dignidade humana que são habitação, saúde, educação, emprego e lazer quando se descansa.

            Agora a pior favela, a pior comunidade do Rio, onde tem cracolândia, esgoto a céu aberto, ruas infestadas de lixo e lixo infestado de ratos e baratas, faltam moradias, creches, escolas, área de lazer e posto de saúde; sim, o paroxismo da nossa miséria, o símbolo maior da desigualdade e o monumento mais hediondo da exploração do homem pelo homem, no Rio de Janeiro, passou a ser o Jacarezinho.

            Era por volta do meio dia, quando, na última sexta-feira, estive lá. Era insuportável o mal cheiro no bochorno e a causticante adustão na soalheira que trazia um desânimo, uma sensação mórbida de fraqueza, uma fadiga profunda até a alma, enquanto o suor ia pingando nos olhos e o coração palpitava de dor e amargura no peito dos martirizados e esquecidos favelados. A que ponto chegamos...

            Mais uma vez quero reafirmar a esses meus irmãos que estaremos envidando todas as forças, a mais devotada atuação parlamentar para, em sintonia com a bancada, levarmos ao Ministro das Cidades e à nossa indômita, atuante e incansável mãe do PAC, Presidenta Dilma, o triste e desalentador retrato de uma situação inaceitável que haveremos, custe o que custar, de enfrentar e de superar para sempre.

            À noite, estive realizando um show gospel na praça central de Barra do Piraí. Fui recebido por uma imensa multidão que se aglomerava no coração daquela linda cidade para juntos fazermos nossas orações e cânticos de agradecimento e louvor a Deus. Recebi das mãos do Prefeito José Luis Anchite, do PMDB, uma cesta com os maravilhosos produtos dessa região encantadora, todos de excelente qualidade, e dois pacotes de café mundialmente conhecidos pelo aroma, pela textura e pelo sabor que, de alguma forma misteriosa, simbolizam também a alma doce e suave daquela gente humilde, inteligente, criativa, honesta e trabalhadora a que tenho a honra de servir, como seu filho mais obscuro e anônimo, nesta Casa do Senado Federal.

            Presentes também...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ) - Já vou terminar, Presidente.

            Presentes também todos os ilustres membros da Câmara Municipal, que, na pessoa do seu presidente Vereador Tostão, prestaram-me uma inesquecível homenagem de emocionante beleza, lembrando, numa placa, as obras do Cimento Social que pude realizar em Barra do Piraí.

            Foi tão pouco o que fiz, foi tão grande o que recebi. É a prova inquestionável da generosidade do povo da minha terra. O coração deles é como o solo fértil dos nossos vales que retribui uma pequena semente plantada com amor, dando de volta um pé de café, uma mangueira ou uma bela hortaliça, para nos lembrar sempre de que não é o tamanho das coisas, mas o amor, que dá significado e grandeza a elas. É tão venerável o pequeno gesto de um pobre com amor quanto o maior dos favores de um rico!

            Meus agradecimentos aos pastores das igrejas evangélicas, e os saúdo a todos nos irmãos da Casa da Bênção e da Igreja Universal. O meu mais profundo e sincero agradecimento aos Vereadores do PRB Pedrinho e Expedito Monteiro, e à incansável Vereadora Edilene, que já no dia anterior esteve presente em Itaperuna, o nosso aplauso e eterna gratidão.

            Aos meus companheiros de mandato, aos funcionários do nosso laborioso gabinete no Rio, Joelma, Marcos Luciano, André Barbosa, Adriana, Max, Cristina, Isabel e meu amigo e irmão Jodenir, o nosso muito obrigado pela defesa inegociável da causa do povo trabalhador do Rio de Janeiro.

            Foi um final de semana longo e produtivo no Rio. No sábado à noite, estive ao lado do Governador Alckmin, do Prefeito Kassab, do Deputado Federal Arlindo Chinaglia e de diversos deputados estaduais e prefeitos no bairro do Brás, na Catedral das Assembleias de Deus, para finalmente celebrar o aniversário do Pastor presidente Samuel Ferreira. Antes de nós, à tarde, lá estivera o Vice-Presidente da República, Michel Temer, acompanhado do Deputado Chalita. Foi uma comemoração memorável em uma divina comunhão de fé, esperança e amor, na qual se ressaltaram os princípios sagrados do povo evangélico, que recebemos dos mártires do passado e que um dia juramos amar e preservar para sempre.

            Ao Pastor Samuel Ferreira, sua esposa e filhos, o nosso fraterno abraço e votos de sucesso no ministério e na vida pessoal.

            Sr. Presidente, muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2011 - Página 17771