Discurso durante a 81ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Posicionamento contrário da bancada do PT quanto a iniciativa da oposição de convocar o Ministro Antonio Palocci ou instalar uma CPI a fim de investigar o seu crescimento patrimonial.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Posicionamento contrário da bancada do PT quanto a iniciativa da oposição de convocar o Ministro Antonio Palocci ou instalar uma CPI a fim de investigar o seu crescimento patrimonial.
Aparteantes
Mário Couto.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2011 - Página 18136
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • EXPOSIÇÃO, POSIÇÃO, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SENADO, CONTESTAÇÃO, INICIATIVA, OPOSIÇÃO, CONVOCAÇÃO, ANTONIO PALOCCI, MINISTRO DE ESTADO, CASA CIVIL, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, CRESCIMENTO, PATRIMONIO, AUTORIDADE PUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, venho à tribuna na tarde de hoje para expressar o nosso posicionamento, o posicionamento da Bancada do PT sobre as iniciativas, que consideramos legítimas, da oposição de procurar convocar o Ministro Antonio Palocci ou caminhar para a efetivação de uma comissão parlamentar de inquérito. Digo legítimas porque são instrumentos constitucionais, instrumentos regimentais.

            Mas, quero afirmar - e hoje na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle já o fizemos - que se trata de uma atitude extemporânea. Extemporânea porque, na semana passada, o ilustre Líder do DEM, Senador Demóstenes Torres, entrou com uma representação que foi encaminhada ao Ministério Público no sentido de que a Procuradoria Geral da República pudesse não somente questionar os fatos divulgados publicamente acerca do Ministro Antonio Palocci, mas também proceder, se considerar pertinente, à realização de uma investigação. Ou seja, já há em andamento um processo, iniciado pela própria oposição, que permitirá ao Ministro Antonio Palocci explicar com todas as letras, com toda a transparência as insinuações que lhes são feitas em relação a matérias publicadas em diversos órgãos nacionais de imprensa.

            E colocávamos claramente que essa intempestividade procura ressaltar um aspecto que nós consideramos que não é algo que deva ser função do Parlamento. É função do Parlamento fiscalizar, é função do Parlamento exigir respostas, é função do Parlamento denunciar, mas não é função do Parlamento prejulgar. Alguns dos nossos companheiros Senadores da oposição por vezes atuam, ao mesmo tempo, como promotores, os que acusam, e também como juízes, porque já querem julgar.

            É importante dizer que, até o presente momento, nenhuma acusação frontal foi feita ao Ministro Antonio Palocci. Algumas insinuações e ilações têm marcado diversas matérias que têm surgido na imprensa e o pronunciamento de diversos integrantes deste Parlamento. Porém, nenhuma prova e nenhuma acusação frontal de alguém que aponte o dedo e diga que foi cometida tal ou qual irregularidade, tal ou qual crime, foi de fato algo que tivesse vindo a público.

            Por essa razão, nós que representamos aqui o Governo, vamos insistir que é necessário, apesar da legitimidade que tem a oposição, ouvirmos as justificativas, as informações, as respostas do Ministro Palocci, antes que essas iniciativas sejam tomadas.

            Hoje, por exemplo, pela manhã, o Senador Alvaro Dias, por quem temos um grande respeito, usou da palavra lá na Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle para dizer que governos mantêm a prática de, sempre que há alguma suspeita ou denúncia em relação a um de seus integrantes, propor o seu afastamento temporário até o esclarecimento dos fatos. Isso não é verdade aqui no Brasil.

            À exceção do ex-Presidente Itamar Franco, nosso companheiro de Casa, não me lembro de outros Presidentes que tenham agido assim, até porque um movimento como esse pode ser um movimento ambivalente, capaz inclusive...

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - O orador me perdoe. Quero chamar o Presidente para marcar o tempo de... Muito obrigado. Desculpe.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Presidente, pergunto se é função do nobre Senador aqui a marcação do tempo. Acho que V. Exª tem experiência política e parlamentar suficiente para...

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Não é função, mas é direito meu. Eu uso do meu direito.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - V. Exª usa da palavra aqui quantas vezes quer, arriscando-se até a destruir a tribuna com seus golpes de caratê, e ninguém aqui reclama. Deixe-me usar da palavra, me dê essa liberdade.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - V. Exª está fazendo um papel irregular. Por isso, chamo a atenção de V. Exª.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - E V. Exª é que faz o regular?

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Com certeza. Eu faço, e meu Partido faz.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Eu vou obedecer ao Presidente, e não a V. Exª.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - O seu Partido, não sei.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB - AP) - Senador, eu agradeço a V. Exª a colaboração.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA. Fora do microfone.) - Está desculpado pela falta de ética.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Não, V. Exª não tem o direito de usar essa expressão. Não tem. V. Exª não tem.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA. Fora do microfone.) - V. Exª está sendo indelicado comigo.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Indelicado seria eu se aqui reproduzisse coisas que saíram na imprensa.

            Pois bem, quero saber se V. Exª vai permitir que eu fale.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Com certeza!

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Então, eu estava aqui dizendo que se trata de um prejulgamento, que esse tipo de atitude não foi usado por nenhuma...

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - V. Exª pode me conceder um aparte?

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Se V. Exª apartear com o devido respeito, terei o maior prazer.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Mas eu nunca lhe faltei com respeito. Qual foi o dia em que lhe faltei com respeito? Diga-me qual foi o dia!

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Sou todo ouvidos ao aparte de V. Exª.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - V. Exª diz aí que não tem nada contra o Palocci, que o Palocci é um anjo da guarda. Por que V. Exª não assina a CPI? Assine! Por que V. Exª não permite que o Palocci venha até aqui? Permita! Permita, Senador!

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB - AP) - Senador Mário Couto, V. Exª sempre colaborou com a Mesa. Como ele está falando como Líder, não é momento de se fazer aparte.

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Tudo bem, Senador! Vou à tribuna daqui a pouco. Desculpe, Senador. V. Exª é sempre delicado.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Se V. Exª estivesse ouvindo com atenção o que eu estava falando, veria que eu estava justamente explicitando nosso posicionamento de que isso é uma questão extemporânea. Precisamos, aqui, em vez de fazer prejulgamentos, aguardar as respostas que o Ministro Palocci haverá de dar à Procuradoria Geral da República, para que, então, possamos nos posicionar.

            O Governo não tem, nem nós, interesse de acobertar o errado, mas não podemos também estabelecer um prejulgamento quando, de concreto, não temos questões evidentes.

            Na verdade, o objetivo da oposição em propor essas convocações, convites e, ao mesmo tempo, a CPI, é tratar um problema que precisa ser tratado com a maior seriedade, como se fora uma disputa política entre Governo e oposição. É isso o que não queremos. Não queremos politizar esse assunto, não queremos partidarizar esse assunto. Queremos que os esclarecimentos sejam dados, que a defesa possa ser feita na sua integralidade e, ao mesmo tempo, que não possamos atacar a honra de pessoas que, até que se prove o contrário, são inocentes.

            Então, faço este esclarecimento. Apresento esse posicionamento, para dizer que não teremos nenhuma dificuldade em defender essas posições. E fazemos aqui o chamamento para que a base do Governo como um todo, nesta Casa, posicione-se com a mesma firmeza.

            Temos absoluta certeza e uma expectativa extremamente clara de que o Ministro Antonio Palocci saberá defender-se e dar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários para esta Casa e para a Nação brasileira.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2011 - Página 18136