Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da beatificação de Irmã Dulce, no último domingo; e outros assuntos.

Autor
Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
Nome completo: Lídice da Mata e Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. HOMENAGEM. CODIGO FLORESTAL.:
  • Registro da beatificação de Irmã Dulce, no último domingo; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2011 - Página 18776
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. HOMENAGEM. CODIGO FLORESTAL.
Indexação
  • REGISTRO, CONCESSÃO, TITULO, IGREJA CATOLICA, IRMÃ DE CARIDADE.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ARTISTA, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, HABITANTE, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • ATENÇÃO, RESPONSABILIDADE, SENADO, DISCUSSÃO, REFORMULAÇÃO, CODIGO FLORESTAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, venho também a esta tribuna para comemorar dois fatos políticos importantes para o nosso Estado.

            Primeiro, Sr. Presidente, no último domingo, ocorreu a beatificação de Irmã Dulce, na Bahia, com a presença da Presidente da República Dilma Rousseff, do Governador Jaques Wagner, da Primeira Dama, do Vice-Governador de Sergipe Jackson Barreto, do Presidente do Congresso Nacional e do Senado, Senador José Sarney, do Presidente da Assembléia Legislativa, dos Ministros José Afonso Florêncio e Mário Negromonte, inúmeros Deputados Federais, inúmeros Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores, cerca de 40 mil pessoas que encheram o Parque de Exposições da Bahia e sob forte emoção ouviram, do Arcebispo Dom Geraldo Magela, representando o Papa Bento XVI, a aceitação do pedido de beatificação de Irmã Dulce, que, a partir de agora, passa a ser chamada de bem aventurada.

            Eu já tive oportunidade aqui nesta Casa de falar da biografia, da obra social de Irmã Dulce, da obra em defesa dos pobres da Bahia e do Brasil.

            Portanto, é de se destacar que Irmã Dulce, que foi beatificada, pode se tornar a primeira santa brasileira. Esse processo deu o primeiro passo no sentido da sua santificação, e isso ocorre já com o reconhecimento no coração, nas mentes do povo baiano, de que Irmã Dulce, para o povo baiano, é uma santa naquilo que realizou, milagrosamente, de apoio social, de atendimento à saúde pública, à saúde dos miseráveis no nosso Estado.

            Quero, no entanto, aqui ressaltar o importante papel de Maria Rita Lopes Ponte, sua sobrinha, presidente das Obras Assistenciais Irmã Dulce, que largou sua própria vida, sua própria carreira, para dedicar-se integralmente à administração dessa obra social do Instituto Irmã Dulce e do seu processo de beatificação.

            Foi um momento de alegria e honra para o povo baiano poder abrigar, participar e comemorar junto esse momento de beatificação de irmã Dulce na Bahia.

            Também, Sr. Presidente, não posso deixar de registrar aqui com alegria que, há cem anos, nos arredores da capital argentina, exatamente no dia 7 de fevereiro de 1911, nasceu Hector Julio Páride Bernabó, nome de batismo de Carybé, um dos principais artistas plástico do século XX.

            Para comemorar essa data, realizamos hoje uma audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte para homenagear esse grande artista, baiano de coração, e que tão bem soube reproduzir em suas obras a imagem mais autêntica da Bahia.

            Junto com outros artistas de sua época, de sua geração, artistas que fizeram um importante movimento cultural no Brasil, colocando o povo no centro das suas obras, artistas que, nas décadas de 40 e 50, constituíram a verdadeira identidade da Bahia, do ponto de vista literário, musical, nas artes plásticas e sua identidade no que chamamos de ideário, do que é o imaginário da Bahia, do Brasil e do mundo, do que seja a nossa terra - a terra da felicidade cantada por Caymmi, por Jorge Amado, traduzida nos seus quadros, nas suas obras, por Carybé. E traduzida, acima de tudo, pela profunda ligação com o povo.

            Por meio de Carybé, por meio de Jorge Amado, por meio de Pierre Verger, por meio de Dorival Caymmi, formou-se no mundo uma imagem sobre a Bahia, que era, acima de tudo, a cidade de Salvador e os seus arredores, a Bahia negra, de raízes profundamente negras e que passou a ser reconhecida, a partir de então, em sua complexa tradição cultural.

            Quando Carybé frequentava os terreiros de candomblé na Bahia, esses terreiros eram proibidos e não reconhecidos como religião. Quando Carybé retratava a imagem do negro baiano brasileiro, esse negro não era retratado nas artes oficiais do nosso País.

            Portanto, a importância da obra de Carybé, para a Bahia, como fundação de sua identidade, para o Brasil, como forma de retratar o seu povo, pela amizade e o roteiro que ele desenvolve em sua vida, unindo a Argentina com o Brasil e com a Bahia, sendo um precursor daquilo que diríamos ser um movimento cultural do Mercosul e a unidade de toda a América Latina.

            Portanto, quero fazer essa saudação, sentindo-me na obrigação e no dever, como Senadora da Bahia, de ter realizado essa importante audiência pública hoje, em que ouvimos depoimentos sobre a importante obra para a Bahia, para o Brasil e para o mundo, que é a obra do artista plástico Carybé.

            Quero dizer isso com muita alegria. Carybé morreu em um terreiro de candomblé, no dia 2 de outubro de 1997, já com 87 anos. Ele foi um dos mais queridos artistas da Bahia e até hoje continua no coração do povo baiano, porque foi um artista que soube retratar a vida do seu povo, sua história, sua luta, sua cultura, sua gastronomia.

            No entanto, Sr. Presidente, para finalizar, nestes poucos minutos que me restam, eu não posso deixar de adentrar num debate que foi pauta deste Senado, no dia de hoje, e da Câmara Federal, ontem. O Senado se prepara para travar a discussão a respeito do Código Florestal. Acho que este Senado, como Casa revisora, tem todo o dever de fazer essa discussão da forma mais equilibrada possível.

            Sou uma defensora intransigente da figura, da seriedade e da honestidade do Deputado Aldo Rebelo e aqui não permitirei nenhum tipo de injunção, de suspeição sobre o relatório e a postura digna e honrada deste Deputado Federal, que, como já foi dito aqui, é um grande homem público, meu amigo, meu companheiro há mais de vinte anos.

            Mas isso não quer dizer que o relatório não possa ser modificado, não quer dizer que nós não possamos ter nenhum tipo de divergência a respeito do relatório que foi produzido pela Câmara dos Deputados. Teremos que ter o absoluto equilíbrio para entender que esta Casa não precisa refazer todo o Código Florestal, nem toda a discussão a respeito do Código, porque isso seria ignorar todo o imenso trabalho já desenvolvido pela Câmara dos Deputados. Precisamos, sim, destacar três ou quatro pontos. Esses são os únicos pontos que hoje significam uma discussão que não demonstra a unanimidade do País. E esses três ou quatro pontos precisarão ser tratados aqui sem que ofensas sejam feitas, de lado a lado, a quem pensa diferentemente do outro.

            Não é por discordar de um ponto que posso admitir que um Senador ou outro Senador possa ser considerado menos nacionalista do que aqueles que defendem a opinião relacionada com o Código.

            O Código Florestal também não interessa apenas ao Norte do País, ao Pantanal e ao Centro-Oeste. O Código Florestal é um código que interessa ao Brasil. O Nordeste brasileiro e o nosso semiárido, Senador Wellington, ex-Governador do seu Estado, o Piauí... Nós temos uma grande parte do nosso Estado no semiárido, como é o caso da Bahia, com 69% do seu território no semiárido, mas ainda assim temos interesse profundo na discussão do Código Florestal e colocamo-nos nessa discussão da mesma forma e em igual condição que qualquer outro Senador que aqui represente ou a Amazônia ou o Pantanal ou qualquer outro bioma a ser preservado neste País.

(Interrupção do som.)

            A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB - BA) - Para finalizar, Sr. Presidente. (Intervenção fora do microfone.)

            Portanto, esse é um debate que interessa à Nação brasileira, e nenhum de nós renunciará ao seu direito de debater e expor as suas opiniões.

            Muito obrigada.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2011 - Página 18776