Discurso durante a 86ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre a resposta de Promotor de Justiça do Estado do Pará a pronunciamento de S.Exa.; e outro assunto.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Comentários sobre a resposta de Promotor de Justiça do Estado do Pará a pronunciamento de S.Exa.; e outro assunto.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira, Alvaro Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2011 - Página 19750
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • DISPOSIÇÃO, ORADOR, ESCLARECIMENTOS, PROMOTOR DE JUSTIÇA, ESTADO DO PARA (PA), REFERENCIA, SUSPEIÇÃO, VINCULAÇÃO, IRREGULARIDADE, FOLHA DE PAGAMENTO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.
  • CRITICA, JORNAL, DIARIO DO PARA, DIFAMAÇÃO, ORADOR, MANIPULAÇÃO, INFORMAÇÕES.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna deste Senado Nacional, na tarde de hoje, pedir, primeiro, consentimento ao povo brasileiro para falar mais uma vez para o meu querido Estado do Pará, o Estado da Virgem de Nazaré.

            Falei aqui, na semana passada, meu caro Líder Alvaro Dias, e hoje vou dividir a minha fala em duas etapas: uma comentando a resposta do promotor público do meu Estado diante do meu discurso; a outra, falando do que publicou o jornal Diário do Pará, no dia de ontem, sobre minha pessoa. Não vim aqui, paraense, para me defender. Não tenho de que me defender. Hoje, por obrigação, presto esclarecimentos.

            O promotor público, na semana passada, citou, no caso da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, o período em que fui presidente daquele órgão, dando conta de irregularidades no órgão que dirigi há seis anos, irregularidades que o Promotor preferiu englobar de 2000 a 2010, sem sequer citar números ou dar explicações por períodos. Lógico, Presidente.

            Estou à disposição de qualquer magistrado para prestar qualquer esclarecimento a respeito da minha administração. Os meus diretores da época estão à disposição do nobre Promotor de Justiça do Ministério Público para prestar qualquer esclarecimento.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mário Couto, enquanto V. Exª toma um gole d’água, registro a presença dos alunos do 2º ano do ensino médio do Colégio Projeção, do Guará, Distrito Federal.

            Sejam bem-vindos à Casa.

            Senador Mário Couto na tribuna.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Até por questões de ética, meu querido Promotor, se V. Exª tem alguma dúvida a respeito da minha administração, mande um questionário para que eu possa responder. Se existe essa história de foro privilegiado, eu o quebro, Promotor. Eu sou contra isso, Promotor. Acho que não tem porque se dar foro privilegiado a qualquer cidadão brasileiro, pois todos têm os mesmos direitos. Quebro! Estarei à sua disposição na hora em que V. Exª - permita-me chamá-lo de V. Exª - precisar de qualquer informação minha ou de minha equipe.

            Só lhe peço um favor, Promotor: não me confunda com aqueles que já foram chamados para depor em Comissões de Ética, para responder a processos. São vinte anos, meu querido Promotor. Vinte anos de vida pública, de mandatos consecutivos. Vinte, Mozarildo! Consecutivos, com uma ficha limpa, com um mandato limpo, sem responder - repito, paraenses - sem responder em qualquer Comissão de Ética, e hoje até faço parte dela, por respeito que meus colegas tiveram por mim.

            Meu patrimônio, Promotor, meu patrimônio é pequeno. Queria eu poder ter um apartamento do tamanho do apartamento do Palocci, queria eu poder, na minha vida, ter um apartamento de seis milhões e meio. Meu patrimônio é pequeno. Ah, se formos comparar com outros!

            Não tem milagre, não existe milagre na constituição de patrimônio, meu caro Senador Paim. Patrimônio não se constrói do dia para a noite, a riqueza não se constrói do dia para a noite. Eu passei vinte anos para dar apenas moradia à minha família, com dignidade, com ética, com moral, com respeito ao dinheiro público.

            Acato as suas explicações, meu nobre Promotor de Justiça. Tenha cuidado! Faça como o seu colega, siga o exemplo de seu colega Arnaldo Azevedo, que não está querendo se exibir para a imprensa. Siga o exemplo dele. Meça as suas palavras quando falar para a imprensa. Não misture os bons e os maus no mesmo saco de farinha. Não misture, Promotor!

            Diz V. Exª: “Nunca a palavra é do promotor. Nunca pedimos nada a ninguém. Não entendo a reação do Senador”.

            Entenda, Promotor! É a minha dignidade, Promotor! É a dignidade da minha família, Promotor! Entenda, Promotor!

            “Não entendo a reação do Senador”, diz o Promotor. “Em nenhum momento me referi a ele”. Como não, se V. Exª engloba o período da minha administração nas irregularidades da AL? “O que disse é que há irregularidades na folha de pessoal da AL. E isso foi constatado nos dados”.

            Se V. Exª tem dúvida quanto à minha administração - vou repetir -, quebre, está quebrado... Sr. Presidente, está nas notas taquigráficas desta Casa o meu pedido de quebra do direito a foro privilegiado. Estou quebrando esse direito. Chame-me! Chame-me! V. Exª deveria ter usado da ética de mandar um documento para que eu respondesse se achava que havia irregularidades.

            Os meus diretores estão à sua disposição para esclarecer se há ou não irregularidades; mas não seja precipitado. Chegaremos ao final disso, Sr. Promotor Público, sabendo quem são os culpados. Mas tenha calma, não exponha as pessoas, não falte com a ética. É o que espero, meu nobre Promotor, daqui para frente, de sua conduta. Tenha paz de espírito. Olhe a minha folha, veja o valor da minha folha, compare com outras, veja o quanto me preocupava com o crescimento da folha de pagamento de pessoal.

            Fui reeleito Presidente da Assembléia, meu nobre Promotor Público, reeleito, pela unanimidade dos meus pares. Até os deputados petistas votaram em mim para reeleição da Assembleia Legislativa. Tive minhas contas aprovadas - todas! Todas! - por unanimidade pelo Tribunal de Contas do Estado do Pará, com o visto do Ministério Público, o que sempre eu pedia. Sempre eu exigia que o Ministério Público passasse vista nas minhas contas junto ao Tribunal de Contas do Estado do Pará.

            Tenha cautela, meu nobre promotor! Eu espero.

            Vou falar agora deste jornal.

            Este jornal não é o jornal mais lido no Estado. O jornal mais lido no Estado do Pará é O Liberal, todos sabem, no Brasil inteiro. Eu, então, li essa reportagem neste jornal de domingo, ontem. Procurei o assunto em outros jornais e não vi. Corri lá na estação rodoviária de Brasília e comprei o O Liberal, o jornal de maior credibilidade do nosso Estado, o jornal mais lido, o jornal mais vendido. Nada tinha em O Liberal. Constava apenas, somente, neste jornal, o Diário do Pará. Ele põe na primeira página que uma carta sugere o meu envolvimento no caso da AL. Eu, então, procurei ver a carta. A carta está aqui, o jornal a publica. Que vergonha! Que vergonha! Como este jornal quer ter a credibilidade do povo do Estado? Olha a carta! Olha a carta, Pará!

            É muita gente querendo comer o fígado do Mário Couto. É muita gente. Eles estão esfaimados pelo meu fígado. Eles querem comer o fígado do Mário Couto e não conseguem. Este Mário Couto está dando muito trabalho desta tribuna! E ainda vai dar muito. Esperem! Este Mário Couto ainda vai dar muito trabalho.

            Olhe a carta, olhe a carta, Brasil! Primeiro, não é citado o meu nome na carta. É muita vergonha! Primeiro, não é citado o meu nome na carta. Segundo, a carta é datilografa, não é de próprio punho. Terceiro, a carta não está datada. E, quarto, Brasil, a carta não está assinada.

            Aí o jornal coloca, na primeira página, que o Senador está envolvido no caso da Assembleia. Que vergonha!

            Vão ter ainda de falar muito de mim. Vão ter. Esta voz não vai calar.

            Senador Paulo Paim, eu sempre fui um político muito disciplinado, preparado para a guerra. Eu sempre me preparei, Senador Paulo Paim, sempre. O meu cofre está cheio de documentos, lotado de gravações, lotado de fotos, para poder encarar a guerra. Eu vou abrir. A ética até hoje permitiu guardá-los. Guardei durante muito tempo, mas a ética está acabando, a ética começou a desaparecer. E a intenção de me acusarem começa a destruir, dentro de mim, a ética.

            Tenho documentos que vou começar, durante esta semana, a mostrar, se for necessário, desta tribuna, meu nobre Senador Paulo Paim.

            Outro dia, Srs. Senadores, apareceu um Deputado Federal do PT, do PT - ainda agora vi a nobre Senadora desta tribuna falando de um País onde eu não moro, porque o que ela colocou aqui nesta tribuna, sinceramente, eu acho que foi o “país das maravilhas”, não é o Brasil -, mandado por alguém do “país das maravilhas” para tentar comer o fígado do Senador.

            Apareceu lá, nesta questão da assembléia, um Deputado Federal do Partido dos Trabalhadores. Pasmem, senhoras e senhores. Chegou lá atiçado, chegou lá alvoroçado, pegou a televisão e me incluiu no meio da confusão.

            Sabe, Pará, sabe quem mandaram para lá, Pará? O Deputado Federal mais corrupto do Estado do Pará. Falo que ele é o mais corrupto do Estado do Pará porque há fitas gravadas em relação à conversa deste Deputado. Fitas gravadas. Manejo florestal. Ele negociando manejo florestal. Quando ele entrou na OAB para falar mal de mim, levantou lá um advogado, deixa ver se eu tenho o nome, eu tinha anotado para parabenizar. Márcio Santos. Parabéns, meu nobre advogado. Esse advogado levantou e disse ao Deputado: que moral tem V. Exª para falar ou acusar alguém aqui se V. Exª praticou e pratica a corrupção?

            Eis que a máscara desse Deputado cai, e ele vem embora de Belém e nada mais falou.

            É muito fácil, Senador Alvaro, e V. Exª que já me pede um aparte, é muito fácil, é fácil distinguir as pessoas. É fácil mostrar o caráter das pessoas. É só comparar as vidas. E eu farei isso aqui, se for necessário. Se quiserem comparar a vida familiar, eu comparo. Se quiserem aqui comparar a vida patrimonial, eu comparo. Eu não tenho avião. Eu não tenho TV. Eu não tenho rádios. Eu não tenho fazenda. Eu só tenho casa para morar e nada mais. É isso que eu tenho na minha vida. Esse é o meu maior testemunho do meu respeito e da minha dignidade pela minha família.

            Que venham! Que venham! Que venham mexer mais! Que venham acusar mais! Mas que não esqueçam que eu tenho uma tribuna, que eu fui mandado para cá com 53% dos votos da população paraense. Mais da metade, mas da metade da população paraense votou e confiou em Mário Couto. Eu não os decepcionarei! Serei firme! Eu não sou covarde!

            Vou dar o aparte, Senador.

            Eu não me curvarei a ameaças ou a injustiças! Minha vida é limpa. Eu nunca respondi a processo nenhum! Minha cabeça, quando toca o travesseiro, à noite, não sente espinhos. É leve. Minha alma é leve! Mas ninguém vai comer o fígado do Mário Couto. Ninguém!

            Pois não, Senador Alvaro Dias.

            Depois, Senador Aloysio Nunes.

            O Sr. Alvaro Dias (Bloco/PSDB - PR) - Senador Mário Couto, eu já disse o que penso sobre este assunto na última semana, e hoje eu gostaria de testemunhar a preocupação que teve V. Exª de apresentar os fatos aos seus colegas de bancada, mostrando como gerenciou a Assembleia quando foi Presidente, os valores da economia que promoveu, a administração austera que procurou empreender, com competência, austeridade e honestidade. Portanto, nós sabemos que é uma tentativa de desviar o foco. Vai lá longe, muitos anos. Sabem que não encontrarão nada, mas colocam a suspeição exatamente para desviar o foco. É parte de uma estratégia, uma estratégia conhecida e muito bem utilizada pelos desonestos, para confundir. É a teoria da mistificação. Vamos buscar outros e colocá-los sob suspeição, para confundir a opinião pública. E V. Exª tem a nossa solidariedade.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Obrigado, Senador Alvaro.

            Vou passar a palavra, Senador Aloysio. Só quero fazer um...

            Amanhã voltarei, Senador Aloysio. Amanhã voltarei!

            Queria tanto eu falar do Palocci. Ah, se eu tivesse um patrimônio do tamanho daquele do Palocci! Iria ser difícil comprovar, porque foi milagre! De um dia para o outro, o Palocci ficou rico, no “país das maravilhas”, como disse a Senadora. Será que ela falou do Brasil? Será? Mas volto amanhã. Queria eu amanhã falar do Palocci. Mas conseguiram. Pelo menos conseguiram que eu deixasse um pouco o Palocci de lado, para mostrar explicações à minha terra querida.

            Amanhã voltarei. Amanhã abrirei o meu cofre, Senador. Espero não ter esquecido o número do segredo do cofre, Senador. Já tem tempo que não uso esse segredo. Ora, por forças das circunstâncias, vou ter que usar novamente, mas tem tanta coisa que vai dar tanta emoção! Coisas emocionantes! Esqueceram. Esqueceram.

            Deixo para amanhã.

            Ouço, com muita honra, o meu nobre Senador de São Paulo.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP) - Nobre líder, ilustre Senador Mário Couto. Eu, como o Senador Alvaro Dias, estava na reunião da nossa Bancada quando V. Exª expôs os fatos essenciais da sua gestão na Presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Pará. Uma gestão, como disse o Líder Alvaro Dias, correta, pautada pelo espírito público, pela economicidade, pela honradez. Agora, eu quero lhe dizer, meu caro Senador, que essa explicação seria desnecessária. Desnecessária porque somente um homem que não tem nada a esconder, nada de desabonador no seu passado, na sua vida, teria o desassombro que V. Exª tem quando assoma à tribuna do Senado. Alguém que tivesse alguma coisa, algum constrangimento, algum fato que seria preciso enterrar no passado para que ele fosse coberto pela memória, para que a memória dele se perdesse, não teria o desassombro que V. Exª tem quando vem à tribuna do Senado falar em nome do seu povo, o povo do Pará, e do povo brasileiro. Ninguém teria a coragem que o senhor tem de apontar o seu dedo para os malfeitos se tivesse na sua vida algum malfeito pregresso, algum malfeito que quisesse esconder. Por isso, esteja certo V. Exª de que não apenas os seus colegas de Senado, mas também o seu povo, o povo que o elegeu, que o mandou para cá para representá-lo em Brasília, estão absolutamente tranquilos e solidários com V. Exª.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Muito obrigado, Senador.

            Para concluir, meu nobre Senador Paulo Paim.

            Há vinte anos, vinte anos de vida pública, sou oposição ao Partido dos Trabalhadores. Há vinte anos, o Partido dos Trabalhadores procura um erro do Mário Couto - eles ou aqueles que se associam a eles - e não encontra. E vou dar um conselho a vocês: se querem tirar o Mário Couto desta tribuna, da vida pública, mudem de caminho. No caminho que vocês estão seguindo, vocês jamais vão conseguir. A minha vida, o meu patrimônio, a minha família, o meu trabalho, a minha dignidade foi sempre combater os corruptos. E sempre falei do PT e de outros! Mas sempre do PT, porque, infelizmente, meu País querido, é lá que tem o maior número de corrupções.

            Desço desta tribuna, dizendo ao meu Pará e ao meu País: mais uma vez, façam o que quiserem, pois jamais vocês vão provar alguma coisa contra mim na Justiça! Jamais vocês vão calar a minha boca! Eu continuarei denunciando! Ao meu Pará: esta semana promete! Esta semana promete, Pará! Esta semana será emocionante!

            Muito obrigado, Senador Paulo Paim.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2011 - Página 19750