Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com o assassinato de ambientalistas e cobrança do governo federal para que sejam tomadas providências contra a violência.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Indignação com o assassinato de ambientalistas e cobrança do governo federal para que sejam tomadas providências contra a violência.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2011 - Página 19917
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • REPUDIO, MORTE, LIDERANÇA, SETOR, ATIVIDADE EXTRATIVA, ESTADO DO PARA (PA), REGISTRO, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, ESTADO DO AMAZONAS (AM).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, primeiro quero prestar minha solidariedade a V. Exª, Presidenta Marta Suplicy, pela forma serena de presidir a sessão e de conceder tempo aos Senadores e Senadoras que o solicitam, evidentemente dentro de uma razoabilidade, sem prejudicar os oradores.

            Vª Exª tem a minha solidariedade.

            Segundo, este Congresso, a sociedade e as instituições estão aguardando o posicionamento do Ministro Palocci. Eu também aguardo. Antes disso, é uma irresponsabilidade dizer que o Ministro Palocci é corrupto. Não podemos aceitar isso dessa forma, com o Brasil assistindo. Nós temos que ter a serenidade de exigir, de esperar e de julgar.

            Pois bem, Srª Presidenta. A sociedade brasileira vem acompanhando o debate sobre o Código Florestal. A Câmara acaba de aprová-lo. Está chegando um debate importante, que ganhou relevância. Veja que, além da responsabilidade do Congresso, da sociedade, nós temos que conviver, Senador Pedro Taques, com a opinião internacional sobre o fazer, o elaborar o Código Florestal.

            É nesse contexto do debate sobre floresta, sobre o Código - e não poderia ser diferente - que devemos repudiar os assassinatos e exigir providências das instituições competentes - prender, impedir outras lideranças - para que homens simples, mulheres simples lá da Amazônia possam viver com dignidade, possam ser protegidos dos criminosos que atacam de forma covarde, Srª Presidenta.

            Eles fazem e dão a vida discutindo a floresta, defendendo a floresta, fazendo da forma mais dramática o debate sobre a importância de preservarmos a Floresta Amazônica, esse território que é um dos poucos no mundo, no planeta Terra, com floresta em pé.

            Ora, Srª Presidenta, chega a ser dramático assistir por um canal de televisão os últimos dias do Sr. José Cláudio e da Srª Maria do Espírito Santo, chamando a atenção das autoridades que estavam ameaçados pelos madeireiros contumazes ali no sul do Pará. Aqui, quero ter o cuidado...

            O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco/PSDB - PA) - Permite um aparte, Senador?

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Eu gostaria de fazer o debate, mas, lamentavelmente, o meu tempo é para uma comunicação inadiável.

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - É comunicação inadiável.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Eu tenho aqui o cuidado de não generalizar, mas o Sr. José Cláudio e a Srª Maria do Espírito Santo foram mortos de forma brutal, covarde pelo setor madeireiro, pelo setor madeireiro ilegal, que não respeita as leis, que não respeita a vida, que não respeita a floresta. Da mesma forma, o Adelino Ramos.

            Esse projeto, Srª Presidenta, o Curuquetê, comecei a construir ali no sul do Amazonas, na divisa com o Acre - é um território de floresta, é um paraíso da natureza - quando estava à frente do Incra. Ali as famílias, também sob pressão do setor madeireiro, não do Pará, mas de Rondônia, os povos pequenos, os pobres da floresta, os povos indígenas, as populações tradicionais vivem com temor desse segmento, desse setor.

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP. Fazendo soar a campainha.) - Um minuto para encerrar, Senador.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - A morte, o assassinato dessas pessoas ali na Amazônia... Na realidade, a ocupação da Amazônia começa com os assassinatos.

            Nós lembramos essa história bem contemporânea. Mas a ocupação da Amazônia, no século XVI, começa com a agressão aos povos indígenas, que ali viviam, de forma secular, e foram tombando.

            Será possível que ninguém consegue um modus vivendi democrático de respeitar as populações tradicionais? Trabalhar a floresta, trabalhar a produção, sem precisar fazer essa história de assassinato, Srª Presidenta?

            Eu aguardo - e encerro aqui - que os Ministérios possam ir para...

            (Interrupção do som.)

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Mais um minuto, Srª Presidenta, pois mexe muito comigo essa questão da Amazônia. Eu gostaria de falar mais. Obedecendo aos critérios de V. Exª, encerro aqui o meu pronunciamento, prestando a minha absoluta solidariedade aos povos pobres, às populações tradicionais que vivem na Amazônia, que padecem e que escrevem essa história, tombando de forma tão brutal em defesa da floresta, dos rios e da cultura da Amazônia.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2011 - Página 19917