Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio à realização de plebiscito e manifestação contrária à criação do Estado de Tapajós.

Autor
Marinor Brito (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: Marinor Jorge Brito
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIVISÃO TERRITORIAL.:
  • Apoio à realização de plebiscito e manifestação contrária à criação do Estado de Tapajós.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2011 - Página 19928
Assunto
Outros > DIVISÃO TERRITORIAL.
Indexação
  • REGISTRO, OPOSIÇÃO, SEPARAÇÃO, TERRITORIO, ESTADO DO PARA (PA), NECESSIDADE, PLEBISCITO, VOTAÇÃO, POPULAÇÃO, ASSUNTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª MARINOR BRITO (PSOL - PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, antes de iniciar a minha comunicação inadiável, quero registrar as presenças da Prefeita de Santarém, Drª Maria do Carmo, do Presidente da Câmara Municipal de Santarém, o Vereador José Maria Tapajós, e de uma comitiva que tem circulado aqui no Congresso Nacional - quase todos os dias a gente cruza com eles nos corredores e já tive oportunidade de receber alguns -, que faz parte do movimento pela divisão do Estado de Tapajós.Eu não poderia deixar, na oportunidade em que eles estão presentes no plenário, de explicitar a V. Exªs a minha posição com toda a coragem, com toda a ousadia que é peculiar à minha personalidade e à minha trajetória política.

            Acabei de dar, neste momento, uma entrevista ao Brasil Econômico, e a Natália está aqui aguardando mais algumas. Dentre elas, uma trata dessa questão da divisão do Estado do Pará.

            Sou da cidade de Alenquer. Nasci na região do Baixo e Médio Amazonas do Tapajós e migrei, aos oito anos de idade, junto com minha família, por falta de condições de sobrevivência naquela região e ter o direito de estudar. Como eu, milhares de famílias fizeram esse processo migratório.

            Eu tenho a tranquilidade, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, de dizer que, na história do Pará, na trajetória política dos políticos do meu Estado, os governos que se sucederam foram os grandes responsáveis pelo sentimento de separação que uma parcela significativa da população tem naquela região; um Estado com patrimônio econômico, potencial hídrico, potencial energético, potencial de florestas, potencial mineral, que dá inveja a qualquer país do mundo; um Estado capaz de sustentar econômica e financeiramente todo o povo brasileiro se os olhares do Governo Federal também estivessem voltados para lá ao longo dos anos.

            A nossa região está abandonada, é uma parte da Amazônia brasileira que vive no flagelo, que vive o desespero do trabalho escravo, que é campeã no número de mortes no campo - ainda esta semana, tivemos dois exemplos -; e que tem os piores índices educacionais e de desenvolvimento humano do País. Envergonha-nos ser o Estado com o maior número de rotas de tráfico de seres humanos do País, e esse sentimento, lamentavelmente, tem tomado conta dos corações e das mentes, Sr. Presidente, de uma parcela da população.

            Como disseram agora os jornalistas: “a senhora é corajosa”, eu digo: não, os outros que são covardes, que não têm coragem de explicitar suas posições.

            Nós defendemos, o PSOL, o direito plebiscitário. Defendemos e vamos defender, quando da discussão e votação da reforma política, a ampliação dos mecanismos de participação do povo, mas como instrumento de informação que possibilite aos que são a favor e aos que são contra, aqueles que não entendem desse debate, saber o que vai acontecer no dia seguinte, se o povo do Pará decidir dividir o Estado.

            Eu sou a favor do plebiscito, mas sou contra a divisão do Estado, e não tenho medo de dizer, porque tenho argumentos, tenho estudado, tenho buscado me informar. Eu não quero deixar de ser paraense porque nasci na região do Tapajós. Eu não quero que nenhum cidadão do meu Estado se sinta menor porque, historicamente, foi violentado pela falta de políticas públicas. Eu não quero continuar vendo, na minha região, casos como o da criança estuprada, um menino de cinco anos que passou um ano para ter o direito de reconstituir o ânus, ou de crianças morando na delegacia, junto com os policiais e presos, como o ocorrido em Alenquer.

            Eu quero aqui, Sr. Presidente, de cabeça erguida, dizer que, se alguns se acovardam e estão atrás da sua posição, com medo de perder o eleitorado, eu tenho orgulho de dizer que eu tive uma votação expressiva naquela região. Eu vim para cá e quero continuar orgulhando o meu povo, olhando nos olhos e falando a verdade.

            Eu não vim aqui para mentir, para ser subserviente a ninguém. Eu vim aqui para defender o que eu acredito; para defender melhores condições de vida para o povo do meu Estado, um Estado rico, que, enquanto tiver políticos como Jader Barbalho, que há 25 anos saqueia os cofres públicos do Estado, não vai ter condições de vida, nem dividindo, nem separando, nem juntando o Estado.

            Pelo povo do Pará, por um Pará forte, com as nossas florestas em pé, eu apelo...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARINOR BRITO (PSOL - PA - ...para que o debate aqui aconteça e que o plebiscito seja capaz de instrumentalizar o Estado inteiro do que é de fato melhor para aquela posição.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2011 - Página 19928