Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de infraestrutura na região onde se localiza a ponte binacional que liga o Amapá, Município do Oiapoque, à Guiana Francesa.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Necessidade de infraestrutura na região onde se localiza a ponte binacional que liga o Amapá, Município do Oiapoque, à Guiana Francesa.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2011 - Página 20867
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, CONCLUSÃO, PONTE INTERNACIONAL, LIGAÇÃO, MUNICIPIO, OIAPOQUE (AP), ESTADO DO AMAPA (AP), PAIS ESTRANGEIRO, GUIANA FRANCESA, DEFESA, NECESSIDADE, INFRAESTRUTURA, REGIÃO, OBJETIVO, INCENTIVO, TURISMO, COMERCIO, INTERCAMBIO CULTURAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Marta Suplicy, do Estado de São Paulo, Srªs e Srs. Senadores, há quem diga que ao homem é dado um sonho, um sonho de cada vez no que se refere à possibilidade de realização.

            Eu não sei bem se esse princípio está correto, mas me permito avaliar que essa tem sido, infelizmente, a realidade do meu Estado, o Amapá, em muitos aspectos relacionados ao bem-estar, ao progresso, a uma vida melhor para o nossa gente. Um sonho de cada vez...

            A minha análise hoje se prende à nossa ponte binacional, que liga o Município do Oiapoque à Guiana Francesa, naquilo que identificamos como uma proximidade continental.

            A ponte, digamos assim, é nosso xodó. É nosso motivo de orgulho. Aliás, pontes, qualquer que seja a envergadura da obra, qualquer que seja seu tamanho e os lados que elas unem, são sempre importantes e trazem por si só um conceito claro de progresso, de troca comercial, de proximidade entre os seres humanos.

            Não é diferente com a nossa ponte binacional, que, de fato, estreita as relações com a Guiana Francesa, não só do ponto de vista econômico como também linguística e culturalmente; estabelece também um elo com o país vizinho.

            A ponte binacional está pronta e o Amapá, em tese, está efetivamente ligado à União Europeia. São 378 metros de extensão.

            E aí vem a pergunta: será que estamos preparados para o tudo que significa essa proximidade? Será que estamos dando ramificações a tudo o que pode ser conquistado a partir dessa obra pela qual a comunidade esperou tantos anos?

            Então, vamos lá. Um sonho de cada vez.

            Do lado francês, já se veem delegacias, terminais de pedágios, alfândegas, ruas asfaltadas. E do lado brasileiro? Permanece uma vergonha. Só mato e lama. O Oiapoque está parado, Sr. Governador, é só mato e lama. O comércio sem movimentação, lojas fechando, cidades sujas, tristes e com uma população que luta bravamente para desenvolver o nosso querido Oiapoque.

            Não está certo. Ou será que nem diante de uma ponte que necessariamente une dois extremos podemos ter a chance de alavancar dois sonhos ao mesmo tempo?

            Nenhum cidadão do Oiapoque tem dúvidas sobre o que a ponte binacional pode trazer em termos de crescimento econômico para o Amapá.

            Um pequeno exemplo disso vem com o turismo. Sai muito mais barato o europeu viajar pelo resto do Brasil saindo do Amapá. Ele vem pela ponte, tem acesso a algumas de nossas cidades, vê de perto o nosso potencial e depois segue para o seu destino.

            O Presidente Lula, junto com o Presidente Sarney, o Presidente Sarkozy, da França, e o Senador Gilvam Borges, juntamente com a bancada federal do Amapá, finalmente conseguiram tornar esse sonho realidade.

            Então, o Estado tem de agir, senhores, tem de se mexer, ou vamos pagar um preço muito alto com a economia parada, com a falta de planejamento, com a falta de visão política e econômica. E a oportunidade escorrendo em nossos dedos.

            Repito: ela será inaugurada ainda este ano pela nossa Presidente Dilma.

            Aconteceram lá, há poucos dias, as cerimônias que marcaram a união dos dois lados da ponte binacional do Rio Oiapoque.

            Fala-se sobre a necessidade de orientar as pessoas para que tirem passaporte, importante documento para zonas de fronteira, e alertar sobre os direitos e os deveres que os cidadãos têm dentro e fora do Brasil.

            E os passos têm de continuar. Imaginem os senhores, por exemplo, as tantas vertentes que podem ser colocadas em prática, como estímulo ao aprendizado de outra língua ou o vislumbrar da troca de culturas.

            A conclusão da ponte binacional no Rio Oiapoque, ligando o Brasil à França pela Guiana Francesa, precisa abrir definitivamente a porta do turismo nos dois países.

            E ir além. Precisamos discutir sobre os desafios e as perspectivas das relações do Amapá com a Guiana Francesa, com o Suriname e com a República da Guiana. O interesse comercial e turístico com o Brasil utilizando o Porto de Santana, também precisa entrar na pauta.

            A questão da saúde, com a possibilidade de intercâmbio de especialidades é outro aspecto alvissareiro, entre outros tantos campos de cooperação. São tantas as possibilidades que fica de fato impossível manter-se preso à perspectiva de um sonho só.

            O Oiapoque tem uma população de cerca de 21 mil habitantes, segundo dados do IBGE, e está distante a 550 quilômetros de Macapá, distância que muitas vezes chega a ser percorrida em 22 horas por conta dos precários trechos da BR-156.

            A pavimentação desta rodovia ainda está longe de ser concluída. Enquanto a obra não termina, o Oiapoque amarga um atraso de décadas. É um paradoxo, uma vez que o Oiapoque é o único Município a fazer frente com o adiantado mundo francês.

            Srª Presidente, para concluir, abusando da generosidade de V. Exª. Em um minuto eu concluo.

            Na fronteira brasileira pode-se observar tudo quanto é tipo de problemas, desde a falta de condições urbanas, passando pelo frágil setor energético.

            Mas eu não quero ver meu povo com as mãos estendidas. Por isso eu peço: olhem para o Oiapoque! Olhem pelo Amapá! Vamos atrás dos ajustes, sanear dificuldades que ainda emperram as políticas públicas em favor da nossa gente.

            O Amapá pode desempenhar um papel estratégico com as quatro obras: ponte internacional sobre o rio Oiapoque, a rodovia BR156, o aeroporto internacional de Macapá e o Porto de Santana.

            Mas os nossos problemas estruturais subsistem, ainda estão lá! Não se pode pensar em progresso econômico sem estrada decente. Não se pode pensar até nas fraquíssimas gerações de emprego e renda.

            Srª Presidente, como eu não consegui concluir, solicito, na forma do regimento, a transcrição na íntegra do meu pronunciamento.

 

*********************************************************************************

SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR GEOVANI BORGES

*********************************************************************************

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente , Srªs e Srs. Senadores, há quem diga que ao homem é dado um sonho de cada vez, no que se refere à possibilidade de realização.

            Eu não sei bem se esse princípio está correto, mas me permito avaliar que essa tem sido , infelizmente , a realidade do meu Estado, o Amapá, em muitos aspectos relacionados ao bem estar , ao progresso , a uma vida melhor para nossa gente. Um sonho de cada vez...

            A minha análise hoje se prende à nossa ponte bi-nacional, que liga o município do Oiapoque à Guiana Francesa, naquilo que identificamos como uma proximidade continental.

            A ponte, digamos assim, é nosso xodó. É nosso motivo de orgulho. Aliás, pontes, qualquer que seja a envergadura da obra, qualquer que seja seu tamanho e os lados que elas unem, são sempre importantes e trazem por si só, um conceito claro de progresso, de troca comercial, de proximidade entre os seres humanos.

            Não é diferente com a nossa ponte bi-nacional, que, de fato, estreita as relações com a Guiana Francesa, não só do ponto de vista econômico, como também lingüística e culturalmente, estabelece também um elo com o país vizinho.

            A Ponte Binacional está pronta e o Amapá, em tese, está efetivamente ligado à União Européia.

            São trezentos e setenta e oito metros de extensão. E aí vem a pergunta.

            Será que estamos preparados para o tudo que significa essa proximidade? Será que estamos dando ramificações à tudo o que pode ser conquistado a partir dessa obra pela qual a comunidade esperou tantos anos?

            Então vamos lá ... um sonho de cada vez ...

            Do lado francês já se vê delegacia, terminal de pedágio, alfândega, ruas asfaltadas.

            E do lado brasileiro? Permanece uma vergonha, só mato e lama. Oiapoque está parado, o comércio sem movimentação, lojas fechando, cidade suja, triste e com uma população que se acanha de morar na cidade.

            Não está certo. Ou será que nem diante de uma ponte, que necessariamente une dois extremos, podemos ter a chance de alavancar dois sonhos ao mesmo tempo?

            Nenhum cidadão do Oiapoque, tem dúvidas sobre o que ponte Binacional pode trazer em termos de crescimento econômico para o Amapá.

            Um pequeno exemplo disso vem com o turismo. Sai muito mais barato o europeu viajar pelo resto do Brasil saindo do Amapá. Ele vem pela ponte, tem acesso a algumas de nossas cidades, vê de perto nosso potencial e depois segue para o seu destino!

            Então o Estado tem que agir, Senhores. Tem que se mexer. Ou vamos pagar um preço muito alto com a economia parada, com a falta de planejamento. Com a falta de visão política e econômica. É a oportunidade escorrendo em nossos dedos...

            Aconteceram lá a poucos dias as cerimônias que marcaram a união dos dois lados da ponte binacional do Rio Oiapoque.

            Fala-se sobre a necessidade de orientar as pessoas para que tirem passaporte, importante documento para zonas de fronteira e alertar sobre os direitos e deveres que os cidadãos tem, dentro e fora do Brasil .

            E os passos têm que continuar... Imaginem os senhores por exemplo, as tantas vertentes que podem ser colocadas em prática, como o estímulo ao aprendizado de outra lingua, o vislumbrar da troca de culturas.

            A conclusão da ponte binacional no rio Oiapoque, ligando o Brasil a França pela Guiana Francesa, precisa abrir definitivamente a porta do turismo nos dois países.

            E ir além... precisamos discutir sobre os desafios e as perspectivas das relações do Amapá com a Guiana Francesa, com o Suriname e a República da Guiana. O interesse comercial e turístico com o Brasil, utilizando o Porto de Santana, também precisa entrar na pauta.

            A questão da saúde, com a possibilidade de intercâmbio de especialidades é outro aspecto alvissareiro, entre outros tantos campos de cooperação. São tantas as possibilidades que fica de fato impossível manter-se preso à perspectiva de um sonho só.

            O Oiapoque tem uma população de cerca de 21 mil habitantes segundo dados do IBGE/2010) e está distante a 550 quilômetros de Macapá, distância que muitas vezes chega a ser percorrida em 22 horas por conta dos precários trechos da BR-156.

            A pavimentação desta rodovia ainda está longe de ser concluída. Enquanto a obra não termina, Oiapoque amarga um atraso de décadas. É um paradoxo uma vez que o Oiapoque é o único município a fazer frente com o adiantado mundo francês.

            Na fronteira brasileira pode-se observar tudo quanto é tipo de problemas. Desde a falta de condições urbanas, passando pelo frágil setor energético, até a fraquíssima geração de emprego e renda.

            Enquanto que no lado francês a conclusão da ponte é acompanhada por toda uma logística urbana necessária no entorno da obra, em Oiapoque o que se vê é totalmente o contrário. Senhores, o turista não pode chegar do lado brasileiro pisando em lama...

            É um cenário de economia desiguais.

            Não é de hoje que brasileiros, principalmente amapaenses, buscam o eldorado francês. Em busca quase que exclusivamente de trabalho e boas perspectivas econômicas, os tucujus enfrentam bons e maus bocados para fazerem parte desse primeiro mundo. Mas eu não quero ver meu povo com os as mãos estendidas...

            Por isso eu peço, olhem pro Oiapoque. Olhem pelo Amapá. Vamos atrás dos ajustes, do sanear de dificuldades que ainda emperram as políticas públicas em favor de nossa gente.

            O Amapá pode desempenhar um papel estratégico com as três obras: ponte internacional sobre o Rio Oiapoque, a Rodovia BR 156 e o Porto de Santana.

            Mas os nossos problemas estruturais subsistem, ainda estão lá! Não se pode pensar em progresso econômico sem estrada decente. Não se pode pensar em progresso econômico sem energia de qualidade.

            São barreiras que precisam ser vencidas pra gente sonhar de verdade, sonhar por completo. E não existe contradição entre o sonho e a verdade. Porque a realidade pode e deve sim partir do sonho, mas ela só se consolida com a ação, com o fazer.

            Eu não quero mais para o meu povo essa história de um sonho de cada vez... Esse contentar-se com pouco. É um parâmetro que definitivamente não combina com a grandiosidade da nossa região, com as infinitas possibilidades de progresso que temos.

            O elo físico está aí, na ponte. De todo coração agora eu torço para que se estabeleça o elo entre os progressos, entre as possibilidades, entre os níveis de cooperação.

            Era o que tínhamos a registrar. Muito obrigado.


Modelo1 5/14/242:16



Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2011 - Página 20867