Discurso durante a 97ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do centenário das Igrejas Evangélicas da Assembleia de Deus no Brasil.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do centenário das Igrejas Evangélicas da Assembleia de Deus no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2011 - Página 23242
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, IGREJA EVANGELICA, BRASIL, COMENTARIO, HISTORIA, EXPANSÃO, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, MUNICIPIO, BOA VISTA (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR), IMPORTANCIA, EMPENHO, MEMBROS, DIFUSÃO, DOUTRINA, ATUAÇÃO, ASSISTENCIA SOCIAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Wilson Santiago, que é o 2º Vice-Presidente da Mesa do Senado, quero cumprimentar os Senadores Marcelo Crivella e Flexa Ribeiro, que já usaram da palavra e que foram os primeiros subscritores do requerimento para a realização desta sessão, e, de maneira muito especial, o Presidente Nacional da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, Revmº Sr. Bispo Manoel Ferreira, o Presidente da Assembléia de Deus de Belém, grande matriarca da Assembléia de Deus no Brasil...

 

            O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella. Bloco/PRB - RJ) - Senador Mozarildo, eu peço um minutinho da atenção de V. Exª e do Plenário, apenas para avisar a chegada do Governador Agnelo, que está presente aqui também para homenagear a Assembléia de Deus. Por favor.

            Governador, gostaria de convidá-lo para compor a mesa, ao nosso lado.

            Desculpe-me, Senador Mozarildo, a palavra está com V. Exª.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - É uma honra ter a chegada do Governador na hora do meu pronunciamento.

            Eu estava cumprimentando o Presidente da Assembleia de Deus de Belém, Igreja Matriarca das Assembleias de Deus no Brasil, Reverendíssimo Sr. Pastor Samuel Câmara; o Presidente da Conemad de Taguatinga, Deputado Distrital, Sr. Benedito Domingos, meu colega, inclusive, à época de Deputado Federal; o representante o Presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, Reverendíssimo Sr. Pastor José Wellington Bezerra; o Exmº Sr. Deputado Federal Ronaldo Fonseca.

            Quero incluir - deveria estar em outra prioridade - o Governador do Distrito Federal, Dr. Agnelo Queiroz. Quero também cumprimentar o Deputado Federal Silas Câmara; a Deputada Federal Antônia Lúcia Câmara; a Deputada do Estado do Paraná, Srª Mara Lima; o Presidente da Convenção das Igrejas Evangélicas das Assembleias de Deus do Estado do Paraná, Pastor Ival Teodoro da Silva; também o Pastor Jair Soares, do Estado do Paraná.

            Quero aqui também fazer um cumprimento especial ao Irmão Carlos Andrade, que aqui está representando o Presidente da Assembleia de Deus no meu Estado de Roraima, Pastor Izamar, que está em Belém. Não pôde estar hoje, neste momento, mas vai estar amanhã, na homenagem que a Câmara dos Deputados vai prestar à Assembleia de Deus. É lógico que muitas outras autoridades evangélicas que estão aqui presentes não puderam ser mencionadas, mas quero que se sintam cumprimentadas.

            Para mim, é uma honra muito grande estar nesta tribuna. Até eu estava ali raciocinando que esta sessão se torna uma sessão completamente legítima, na medida em que ouvimos o primeiro subscritor, o Senador Marcelo Crivella, que é Bispo da Igreja Universal; ouvimos o Senador Flexa Ribeiro, que disse muito claramente que é um católico. Portanto, o movimento não foi de membros da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, o que dá muito mais destaque a esta homenagem. E aqui está falando um cidadão que nasceu católico, que foi batizado. E sou católico. Mas eu diria que, hoje, eu sou muito mais um ecumênico e sou muito mais um homem que acredita, como foi dito pelo Senador Flexa Ribeiro, que todas as religiões levam a Deus. As religiões cristãs, todas - é lógico que cada qual com o seu perfil - pregam exatamente este caminho de amor a Deus, de amor ao próximo, de respeito a todo mundo e do tratamento principalmente daqueles mais carentes.

            Portanto, eu não poderia deixar de estar presente aqui. Tive, inclusive, a honra de fazer aqui, no dia 7, um pronunciamento, porque coincidiu com as comemorações feitas no meu Estado, para registrar os 96 anos da Assembleia de Deus em Roraima. Então, fiz esse pronunciamento no dia 7 e hoje estou aqui para, vamos dizer assim, dar uma participação mais de âmbito nacional.

            A história da Assembléia de Deus no Brasil, como já foi inclusive frisado, se inicia, como ouvimos e já sabemos, na distante Escandinávia. O missionário Daniel Berg partiu de sua Suécia natal para os Estados Unidos, na virada do século XIX, para o século XX. Na América do Norte, conhece o também sueco Gunnar Vingren, com quem decide levar a palavra de Deus ao Brasil.

            Em Belém do Pará, no dia 18 de junho, ambos fundam, junto com outros missionários, a primeira Assembleia de Deus no Brasil. Esse foi o modesto início daquela que se tornaria, nas décadas seguintes, a maior igreja pentecostal do Brasil e uma das maiores do mundo, com milhares de igrejas e milhões de fiéis em todo o País.

            Tenho certeza de que, tanto o Senador Crivella quanto o Senador Flexa Ribeiro, já foram bem didáticos na história da Igreja Assembleia de Deus. E tenho certeza de que outros pronunciamentos que virão depois do meu vão ainda melhorar o que possa ter sido dito até aqui.

            Mas quero pedir permissão para, neste pronunciamento, destacar a história da Assembleia de Deus no meu Estado. Eu era adolescente, na época do ginásio, hoje ensino fundamental, antes do ensino médio, quando eu peguei um livro escrito por um sargento da aeronáutica cujo título era Boa Vista, capital do fim do mundo. Aquilo, ao invés de me deixar satisfeito, me deixou revoltado, porque o fim depende do lugar de onde você olha. Para nós, de Roraima, lá é o começo, até porque o mapa não está de cabeça para baixo. Então, lá é o extremo norte. O extremo norte verdadeiro do Brasil está em Roraima, no monte Caburaí, não é mais no Oiapoque, como nós aprendemos nos bancos escolares. Geograficamente, nós estamos 60 quilômetros acima do Oiapoque. Então, pensar que a igreja chegou a Roraima apenas quatro anos depois da fundação em Belém...

            Como frisou aqui o Senador Flexa Ribeiro, àquela época nós não tínhamos Boeings voando para lá. Nós tínhamos, no máximo, aqueles DC-3 a hélice. A maior parte das pessoas iam por água até Manaus, até Caracaraí, e, em embarcações muito menores, até Boa Vista.

            Então, a presença da Assembleia de Deus, na época, no território que hoje compõe o Estado de Roraima, que foi Município do Amazonas e, depois, território federal, é quase tão antiga quanto a própria chegada da Assembleia ao Brasil.

            Em 1915, apenas quatro anos após a fundação da primeira Assembleia de Deus em Belém, o missionário cearense Cordolino Teixeira Bastos, discípulo de Daniel Berg e de Gunnar Vingren, fixou residência na ilha de Maracá, cerca de cem quilômetros ao norte da então Vila de Boa Vista, que, à época, era Município do Estado do Amazonas, mas que, futuramente, viria a integrar o Estado de Roraima.

            Agricultor durante o dia, o irmão Bastos organizava, à noite, cultos evangélicos nos quais pregava a palavra de Deus, dando continuidade ao trabalho que já vinha desenvolvendo com os missionários suecos em Belém. Esse trabalho pioneiro do irmão Bastos só foi interrompido em 1925, com a morte do missionário, aos 75 anos de idade. Sua esposa e seus quatro filhos já eram então falecidos, todos vítimas da malária. Vejam o preço que se paga por ser brasileiro no extremo norte do Brasil e em toda essa Amazônia.

            Os cultos organizados pelo irmão Bastos em Maracá continuaram sendo realizados após sua morte e chegaram a Boa Vista e a outras localidades do então Território de Rio Branco. Em 1946, o Pastor Quirino Peres chegou de Belém com a missão de organizar formalmente a Assembleia de Deus de Roraima. Esse processo foi finalizado dois anos depois, no dia 28 de agosto de 1948, quando a Assembleia de Deus assume sua personalidade jurídica, com seu estatuto publicado no Diário Oficial.

            Nas décadas que se seguiram, o Pastor Quirino foi sucedido por outros missionários, que consolidaram a Assembleia de Deus em Roraima e ampliaram sua área de atuação. A Assembleia ergueu templos; adquiriu barcos para atender as comunidades ribeirinhas; fundou escolas e casas de idosos; financiou projetos habitacionais para seus seguidores mais carentes; distribuiu, entre a população menos privilegiada, itens de primeira necessidade, como cestas básicas e enxovais para recém-nascidos.

            A Assembleia de Deus desenvolveu, ainda, inúmeros projetos sociais. São exemplos: o projeto de ressocialização de ex-detentos; o projeto de formação artística e cultural de jovens, voltado para a criação de grupos de teatro, dança, estudos bíblicos e música gospel; e o projeto Escola Bíblica de Férias, voltada para as crianças, e que consiste em uma ação anual, com duração de três dias, durante os quais as crianças podem brincar e interagir e recebem, ainda, vários tipos de assistência.

            A Assembleia de Deus de Roraima, portanto, a exemplo de todas as assembléias de Deus do Brasil, oferece à população do Estado muito mais que conforto espiritual e instrução religiosa. Ela também é responsável por uma ampla gama de iniciativas de caráter sociocultural, que vem transformando radicalmente a vida tanto dos fiéis da Igreja quanto da população carente de Roraima.

            Em Roraima, o menor Estado em população do Brasil, nós temos 368 templos da Assembleia de Deus. Assim, não são apenas igrejas onde se prega a palavra de Nosso Senhor, mas também importantes centros de assistência social, que fazem uma diferença fundamental num Estado ainda carente de recursos como o nosso.

            É com espírito de profunda e sincera gratidão, portanto, que eu me congratulo com todos os missionários e fiéis da Assembléia de Deus em todo o Brasil, a quem cumprimento, na pessoa do Presidente Estadual da Assembleia do meu Estado, aqui representado pelo irmão Carlos Andrade. Como frisei no início, sinto-me muito feliz de estar nesta sessão de hoje, que homenageia uma instituição que não é só religiosa, mas uma instituição que tem, realmente, uma ação muito ampla no aspecto tanto religioso como no aspecto social e cultural.

            Em muitos momentos aqui, em outras ocasiões, falando sobre outros temas, eu tenho sempre frisado, quando a gente lamenta que, no Brasil certos vícios, que vão desde a corrupção até outros, ainda persistem nessa geração: não vamos esperar dos governos. Lógico que, se os governos puderem atuar e colaborar, muito bem, mas temos muito mais é que mobilizar setores como a família, a escola, principalmente as igrejas, sobretudo as realmente atuantes e participativas, como são as Assembleias de Deus no Brasil. Porque em muitas igrejas, eu diria, falta este item de realmente buscar as pessoas e não esperar que as pessoas venham.

            Isso é fundamental e, neste dia em que se comemora o centenário das Igrejas Assembleias de Deus no Brasil, quero cumprimentar todos os membros desta Igreja no Brasil todo, desde o extremo norte, lá em Roraima, do Monte Caburaí, com certeza, até o Chuí, no Rio Grande do Sul.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2011 - Página 23242