Discurso durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise dos problemas gerados pelo consumo de drogas no Brasil e propostas para combatê-los.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA.:
  • Análise dos problemas gerados pelo consumo de drogas no Brasil e propostas para combatê-los.
Aparteantes
Ana Amélia, Paulo Davim.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2011 - Página 23546
Assunto
Outros > DROGA.
Indexação
  • REGISTRO, DIVULGAÇÃO, RELATORIO, COMISSÃO, ASSUNTO, DROGA, RESULTADO, TRABALHO, DADOS, CONCLUSÃO, INEFICACIA, LUTA, COMBATE, TRAFICANTE, USUARIO, ENTORPECENTE, NECESSIDADE, ORADOR, ENGAJAMENTO, TOTAL, SOCIEDADE, OBJETIVO, MELHORAMENTO, PROBLEMA.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, profissionais da imprensa, demais senhores e senhoras.

            O noticiário dos últimos dias, Sr. Presidente, divulgou relatório da Comissão Global de Políticas sobre Drogas. Essa Comissão, no término de seus trabalhos, concluiu, para a nossa infelicidade, que a guerra mundial contra a droga está fracassando.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a pergunta que devemos fazer é por que tantos jovens utilizando drogas? Qual é o atrativo? É isso que se pergunta. Todos os dias, no mundo, não só aqui no Brasil, toma-se conhecimento de um pai enterrando um filho em conseqüência da droga, seja ela lícita ou ilícita.

            Quantos jovens se distanciaram dos problemas do dia a dia e procuraram produtos químicos que lhes dessem uma fugaz alegria e, depois, se enredam na droga, tal qual um poderoso polvo de tentáculos venenosos, fazendo de suas vidas um horror? É isso que se tem comprovado ao longo dos dias.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não serão - é mais uma pergunta que se faz -, não serão nossos valores que estarão induzindo nossos jovens ao consumo nefasto? Diariamente somos abarrotados de propagandas que deixam suas mensagens subliminares de que bens materiais têm a capacidade de acabar com nossas angústias existenciais e que com eles alcançaremos a felicidade plena.

            Somos maduros o suficiente, Sr. Presidente, para não nos enganar com esse canto de sereia, mas aqueles que iniciaram suas vidas podem não ser suficientemente fortes para vencer o encanto das propagandas.

            Daí ser fácil encontrarmos pessoas que buscam nas drogas escape para as suas frustrações ou força para os seus atos escabrosos que, com certeza, todos nós conhecemos. Em busca de bens materiais e drogas, muitos retiram a vida de outros seres humanos, causando sofrimento e dor por onde passam. A droga sempre é uma maneira equivocada de ver a realidade ou de tentar viver a realidade.

            Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a luta contra a droga deve envolver diversos setores, pois é um problema de segurança pública, é um problema de saúde pública, é um problema, enfim, de toda a sociedade brasileira.

            Os hospitais não conseguem atender de forma correta os dependentes químicos. A polícia não consegue reduzir o número de traficantes e a sociedade não consegue criar atrativos para que os jovens não se utilizem da droga.

            Tudo isso, Sr. Presidente, é o que temos comprovado a cada dia, em todo o território nacional. Em alguns Estados, em alguns Municípios, de forma mais acentuada, mas, enfim, todos vivem a mesma realidade.

            Não podemos nos conformar com as avaliações de que a guerra contra a droga está sendo perdida. Isso nós não podemos admitir.

            A sociedade e o governo devem se unir. Todos nós somos conscientes disso. Temos o exemplo de que esta união pode resolver problemas dessa natureza. A consciência do mal que o tabaco, por exemplo, causa à saúde humana veio após inúmeras campanhas, além de uma legislação contundente que proibiu propagandas e passou a exibir os efeitos nocivos do fumo ao homem. Foi o que acompanhamos até então.

            Há meios de ganhar essa guerra, mas é necessário o comprometimento de todos, independentemente de classe social, de religião, de tendências, enfim, de qualquer cidadão deste País.

            É necessário que todos nós estejamos juntos, com esse objetivo de combater, de orientar e fazer com que se amenize, Sr. Presidente, o número excessivo, e que tem crescido a cada dia, de consumidores, de traficantes, enfim, de pessoas humanas envolvidas com a droga neste País. Não podemos silenciar com medo de retaliação. É isso, na verdade, que temos que enfrentar.

            Devemos mostrar aos jovens e a toda sociedade brasileira que esta Casa, o Senado Federal, aceita esse desafio e terá um importante papel nesta luta contra a droga em todo o território nacional.

            Já ouvimos aqui, Sr. Presidente, pronunciamentos de grandes companheiros, de grandes representantes desta Casa e do País, de autoridades não só do Governo, como também da própria sociedade, que têm buscado parceiros, que têm procurado a toda hora e a todo instante a companhia ou a parceria, Senador Jarbas Vasconcelos, para juntos trabalharmos e procurarmos amenizar esses índices alarmantes, que a cada dia têm crescido não só em Pernambuco, na Paraíba, mas em todo o território nacional.

            O Sr. Paulo Davim (Bloco/PV - RN) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB) - Então o Senado Federal, como uma Casa de debate, como a Casa das leis, como a Casa que até então tem buscado, a toda hora e a todo instante, encontrar meios não só de combater a droga, deve contribuir para que os meios envolvidos com essa desgraça, digo até, Senadora Ana Amélia, para amenizar ou pelo menos dar um basta a nível de território nacional...

            Não se pode, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, continuar assim, com esse alarmante crescimento do uso de drogas, de ver o povo, especificamente os mais jovens, sendo abatido, envolvido com uma peste que tem incomodado as famílias brasileiras.

            Concedo um aparte a V. Exª, Senador.

            O Sr. Paulo Davim (Bloco/PV - RN) - Senador, quero parabenizá-lo pela abordagem desse tema, dessa temática tão importante, tão atual e que vem afligindo toda a sociedade brasileira. Eu acho que temas como esse deverão ser debatidos, discutidos, lembrados e relembrados todos os dias do Legislativo do Brasil, logo agora que se tenta discutir a discriminalização da maconha. É um tema, um assunto que precisa de um debate, de uma análise com profundidade e com responsabilidade. Nós travamos uma luta diuturna contra as drogas lícitas, como, por exemplo, o cigarro, que fez o Brasil gastar, no ano passado, R$338 milhões com as doenças provocadas diretamente pelo tabagismo, pelo fumo. De repente, vamos promover essa discussão da discriminalização da maconha. Portanto, essa discussão tem que ser feita com muita responsabilidade, com uma visão de futuro, vendo o que se pode avançar no sentido de construir um obstáculo às drogas no Brasil. Portanto, Sr. Senador, quero parabenizá-lo por ter trazido à baila, mais uma vez, esse tema ao plenário do Senado.

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB) - Obrigado, Senador Paulo Davim.

            Um minuto só, Presidente, para conceder um resumido aparte à ilustre Senadora Ana Amélia.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Caro Senador Wilson Santiago, eu queria endossar as palavras do seu aparteador, Senador Paulo Davim, que, como médico, conhece muito bem o que isso representa. O que me anima é exatamente essa posição de discutirmos a matéria com equilíbrio, com competência e com muita serenidade. Isso mexe com a Nação brasileira inteira. E queria lembrar até que, no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais, presidida pelo nosso Senador Jayme Campos, apresentei um requerimento já aprovado pela Comissão que convida o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje Presidente da Comissão Global sobre Drogas, para prestar a sua colaboração, que é valiosa, no debate dessa matéria tão candente no momento de hoje. Então, eu tenho a convicção de que Fernando Henrique Cardoso não se furtará de dar essa valiosa contribuição com os conhecimentos que tem, especialmente depois do documentário que foi apresentado “Quebrando Tabu”. E a matéria magistral de Otávio Cabral, da revista Veja da semana passada, mostra claramente que é preciso serenidade, tranquilidade, para discutir, com toda a profundidade, esse assunto. Parabéns a V. Exª por abordá-lo na tribuna na tarde de hoje. Muito obrigada, Senador Wilson Santiago.

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB) - Senadora Ana Amélia, agradeço o aparte de V. Exª.

            Juntamente com V. Exª, com o Senador Paulo Davim e tantos outros companheiros desta Casa, temos que, de fato, trazer este tema para o debate nacional. Não podemos concordar com tantas prioridades, como combate à inflação, campanhas e programas de geração de emprego e renda, de melhoria da educação e de saúde pública, enfim, temas que são discutidos nas duas Casas e que fazem parte do debate de todos os órgãos públicos, sem que se tenha o dever e a obrigação, em decorrência dos alarmantes números que têm incomodado e preocupado todas as famílias brasileiras, de trazer o tema droga para o debate, para juntos discutirmos e encontrarmos soluções que, de fato, amenizem o consumo e fortaleçam a família e os jovens. Dando oportunidade, fazendo com que eles substituam a droga por aquilo que constrói não só a família, como também a sua própria vida, sem se deixar destruir por um produto químico que muito...

(Interrupção do som.)

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB) - Agradeço a V. Exª pela tolerância e por nos conceder mais alguns minutos para concluir o nosso raciocínio.

            Obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2011 - Página 23546