O SR. GIM ARGELLO (Bloco/PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sou paulista de nascimento e, como costumo brincar, quase que por acidente. Nasci na cidade de São Vicente, na Baixada Santista, mas na época meus pais já moravam em Taguatinga. E foi para onde me trouxeram ainda antes dos três meses de idade.

           De forma que a certidão de nascimento atesta meu local de nascimento como o estado de São Paulo, mas a certidão do coração, aquela que faz brotar nossos mais profundos sentimentos de afeto, me dizem que sou do Distrito Federal. E, mais especificamente, sou de Taguatinga, onde dei meus primeiros passos de criança, onde arrisquei meus primeiros desafios de adolescente, e onde comecei a empreender minha vida adulta.

           Subo hoje à tribuna do Senado da República para, orgulhosamente, homenagear minha cidade, que completou seu qüinquagésimo terceiro aniversário no último dia 5 de junho - fundada que foi no ano de 1958.

           É motivo de grande alegria para mim, que devo a essa cidade meu desenvolvimento profissional e político, louvar, nesta ocasião, esse grande centro urbano, fervilhante de vida, de trabalho e de negócios, cujo desenvolvimento econômico serve de exemplo para todas as outras Regiões Administrativas da Capital federal.

           É importante destacar que Taguatinga foi fundada antes de Brasília, cujo marco inicial foi a inauguração em 21 de abril de 1960.

           Muitos brasileiros que vieram em busca de trabalho na construção da nova Capital, a grande obra de Juscelino Kubitschek, fizeram suas moradas em uma área que pertencia à Fazenda Taguatinga, e inicialmente a cidade se chamou Vila Sarah Kubitschek. Eram operários pobres, que invadiram as terras e construíram ali seus barracos. Mais tarde, o nome foi alterado para Santa Cruz de Taguatinga e, depois, simplesmente Taguatinga, mas nós preferimos chamá-la carinhosamente de Taguá. A padroeira é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cuja festa litúrgica ocorre em 27 de junho.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o nome Taguatinga ainda suscita controvérsias. O segundo elemento que entrou na formação da palavra, “tinga”, vem do tupi e significa branco. Mas, quanto ao primeiro elemento, há dissensões. Primeiramente, “ta’wa” foi traduzido como ave, devido ao fato de o gavião-tesoura, predominantemente branco, ser muito comum na região, mas não se tem registro de esse animal ser conhecido como Taguatinga. Porém “ta’wa”, do tupi, segundo estudiosos, também pode ser uma espécie de argila amarelada ou vermelha, que deu origem à palavra “taba”: casa indígena. Nesse caso, teríamos o significado de barro branco, que ocorre na região, principalmente do Córrego Taguatinga e do Córrego do Cortado.

           O importante é que uma cidade que resultou da distribuição de lotes pelo Presidente Juscelino para regularizar a ocupação das terras pelos trabalhadores pobres cresceu à custa de muito trabalho e, atualmente, demonstra toda a sua força e o potencial imensurável como o maior centro econômico entre as RAs da Capital.

           Hoje em dia, a Praça do Relógio é provavelmente a principal referência do centro de Taguatinga. O relógio da praça central foi tombado como patrimônio cultural e artístico do Distrito Federal pelo Decreto nº 11.823, de 18 de setembro de 1989. Ele foi uma doação do presidente da Citizen Watch Co., Eiichi Yamada, quando de sua visita à cidade em 22 de agosto de 1970. O autor do projeto da torre onde foi colocado é o engenheiro Roper de Souza Nogueira.

           Durante a semana, essa praça parece um formigueiro, tão grande é o afluxo de pessoas que chegam dos mais diferentes lugares do Distrito Federal, de ônibus, de metrô e de automóvel, em busca das opções culturais e comerciais oferecidas por Taguatinga

           Como opção cultural, Taguatinga dispõe também de bons teatros, destacando-se o localizado no Centro Cultural do SESI, o Teatro Yara Amaral. Mas há também o Teatro da Praça, com atividades patrocinadas pela Administração de Taguatinga.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dados recentes coletados pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN), em sua Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, permitem a estimativa de que Taguatinga conta atualmente com pouco mais de 220 mil habitantes. E o curioso é que praticamente a metade dos moradores (48,2%) é natural do DF.

           Taguatinga tem uma população que já a situa entre as grandes cidades do País, mesmo tendo perdido grande parte de seu potencial econômico devido à criação das administrações de Samambaia, Águas Claras e Vicente Pires. Basta dizer que, dos mais de 5.500 municípios brasileiros, apenas 130 têm mais de 200 mil habitantes e, com certeza, a maioria desses não apresenta o potencial econômico de Taguatinga, que conta com apenas 53 anos de existência.

           Shopping Centers, hipermercados, estabelecimentos comerciais os mais variados, indústrias e setor de serviços em franca ascensão fazem de Taguatinga uma cidade das mais promissoras. As opções de lazer também atraem pessoas de todos os cantos do DF, com seu movimentadíssimo Pistão Sul, como é conhecida a área em que se situam muitos restaurantes e casas noturnas. Quanto ao comércio, as opções de compras sobejamente conhecidas atraem até mesmo a população de Brasília, devido aos preços competitivos praticados pelos empresários desse ramo na mais desenvolvida Região Administrativa da Capital.

           No que diz respeito à educação e preparação de jovens para o mercado de trabalho, Taguatinga se destaca por seus vários e conceituados campi universitários.

           Srªs e Srs. Senadores, devido ao meu grande envolvimento pessoal e sentimental com Taguatinga, certamente me orgulho de suas características, de sua história já tão grandiosa, apesar da ainda curta existência, levando a um tom de ufanismo que só vê as qualidades. Mas, mesmo a um olhar objetivo, não se pode permanecer impassível em relação às qualidades desse centro urbano do Distrito Federal, que, quando se menciona a criação de um novo Estado no Planalto Central, é a primeira opção que vem a nossa mente para a instalação da Capital.

           Esse é, sem dúvida, o reconhecimento do potencial ali instalado, intelectual e profissional, para atender às demandas geradas por um possível grande centro administrativo.

           Por isso tudo, são mais do que merecidas as homenagens preparadas para a comemoração do quinquagésimo terceiro aniversário dessa progressista Região Administrativa da Capital do País.

           Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

           Muito obrigado.

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