Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre os investimentos para a Copa do Mundo de 2014.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Considerações sobre os investimentos para a Copa do Mundo de 2014.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2011 - Página 24747
Assunto
Outros > POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • COMENTARIO, DEFESA, BRASIL, PROMOÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, NECESSIDADE, INVESTIMENTO PUBLICO, TRANSFORMAÇÃO, PAIS, MELHORIA, POLITICAS PUBLICAS, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, Srª Presidente Senadora Vanessa.

            Srªs e Srs. Senadores, com os aplausos e votos de sucesso de uns e as críticas e condenações de outros, vem aí a vigésima edição do maior evento de futebol do mundo, a Copa, tendo o Brasil como país anfitrião, destacando-se, portanto, entre as tantas confederações continentais.

            Por conta disso, há poucas semanas, aconteceu a reunião da Presidenta Dilma Rousseff com os prefeitos e governadores das cidades-sede da Copa 2014, e ainda com a participação de S. Exª o Ministro do Esporte, Orlando Silva, e outros integrantes do Governo Federal.

            Nesse breve pronunciamento, deixem-me logo posicionar-me e dizer que estou na torcida pelo sucesso por realmente acreditar que o Brasil fará uma grande Copa do Mundo em 2014 e exibirá aos povos de todo o mundo o brilho de sua gente, de suas belezas naturais, de seu progresso e de suas potencialidades.

            Preocupa-nos, naturalmente, o andamento de obras exigidas pela FIFA, coerentes com a grandeza do espetáculo sucedido, logo depois pelas Olimpíadas. Preocupa-nos, também, a utilização futura desse legado de obras para a população, como os estádios que estão sendo construídos em formato de arena multiuso.

            Mas a Presidenta pediu reuniões a cada três meses para o efetivo acompanhamento dessa gigantesca força tarefa. O clima é de entusiasmo e é salutar que assim o seja. Nada de bom se constrói na desesperança.

            Nos próximos anos, teremos um fluxo consistente de investimentos. A Copa de 2014 permitirá ao Brasil ter uma infraestrutura moderna e, em termos sociais, será muito benéfico. O que vemos, portanto, é um otimismo saudável que objetiva tornar o Brasil mais visível nas arenas globais.

            E se essa é a meta, nada melhor que uma Copa do Mundo para servir de ferramenta para promover uma transformação social, pois vai muito além de um mero evento esportivo.

            Pois muito bem, é justamente nesse aspecto que quero aqui traçar alguns comentários que, aparentemente, podem parecer contrários ao meu anunciado sentimento de otimismo em relação ao Brasil ser o País sede desse espetáculo.

            Mas, em poucas palavras, desfaço qualquer aparência de contradição. É que, há poucos dias, eu ouvia com atenção o depoimento de uma moradora do morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, que falou uma frase que me marcou. Disse ela: “Nós queremos crescer em tudo!”

            Entendam, por favor, o contexto.

            Todo mundo sabe a importância que tem para o Rio de Janeiro a atuação das Unidades de Polícia Pacificadora. Indubitavelmente, elas representam a vitória da esperança sobre a experiência.

            Garantem segurança a comunidades antes dominadas por bandidos e traficantes. Trazem à população um sentimento da retomada das rédeas, um sentimento de orgulho em pertencer àquela comunidade.

            Quando a Unidade de Polícia Pacificadora chegou ao morro do Salgueiro, uma das mais antigas comunidades do Rio, os moradores começaram a viver a esperança de dias melhores. O morro do Salgueiro é uma das comunidades pacificadas.

            A mais recente atuação aconteceu neste final de semana no morro da Mangueira, completando, assim, o cerco de comunidades pacificadas no entorno do Maracanã, região importantíssima para a Copa do Mundo e para a Olimpíada.

            No entanto, senhores, basta subir aos morros, passar pelas ruas e vielas da comunidade que é possível ver que ainda há muito que fazer. E aí entra o meu apelo, que, na verdade, guardadas as diferenças de cada região, se repete pelo Brasil afora e ganha corpo.

            Veio da boca do próprio Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, a importante advertência: o sucesso das UPPs depende agora de investimentos maciços na área social. Ele, então, cobrou o envolvimento de empresas e órgãos públicos. E aí vem de novo a fala clara, direta, inteligente, sensível, daquela moradora: “Nós queremos crescer em tudo!”

            A atuação das forças policiais merece todos os elogios. São verdadeiros atos de bravura, de coragem, de serviço à pátria. Mas agora é a hora do investimento social.

            Não pode o morro contentar-se com a pacificação, porque se a miséria não é reparada, a vulnerabilidade se recria. Não pode ter lixo por toda parte, rede elétrica com fiação solta, escolas precárias, ausência de cursos profissionalizantes ali mesmo, acessíveis aos jovens. São necessários projetos culturais, incentivos à música e às artes, em geral, incentivo ao esporte, urbanização, saneamento.

            Os policiais entraram ali para libertar a comunidade do mundo das drogas, mas, se esse investimento social não é feito, se a área social não entra junto, o esforço se perde, o projeto anda para trás.

            E eu citei a moradora do Rio de Janeiro, mas o apelo ganha eco em todo o Brasil e, sobretudo, nas cidades que sediarão os jogos. O pedido da população é claro: “Nós queremos crescer em tudo!” Eu acho que essa frase podia até mesmo ilustrar uma verdadeira campanha de estímulo, de respeito ao que o povo deseja.

            Ocorre-me a lembrança de uma música muito cantada nos anos 80, do saudoso Gonzaguinha, que expressa muito bem essa vontade popular. Sr. Presidente, já vou concluir. 

            A moradora do Rio diz: “Nós queremos crescer em tudo!”

            Eu gostaria de citar alguns trechos se V. Exª me permitir mais um minuto.

            O SR. PRESIDENTE (Cícero Lucena. Bloco/PSDB - PB) - Já prorroguei por um minuto.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP) - Agradeço a V. Exª.

            E Gonzaguinha dizia assim:

É, a gente quer valer o nosso amor

A gente quer valer nosso suor

A gente quer valer nosso humor

A gente quer do bom e do melhor

A gente quer carinho e atenção

A gente quer calor no coração

A gente quer suar, mas de prazer

A gente quer é ter muita saúde

A gente quer viver a liberdade

A gente quer viver felicidade (...)

É, a gente quer viver pleno direito

A gente quer é ter todo respeito

A gente quer viver uma nação

A gente quer é ser um cidadão

            A mensagem, senhores, parece-me ser a mesma, o apelo é igual.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP) - E, concluindo: que venha o mundial. É com ele, queira Deus, até mesmo mais uma conquista de título do Brasil. Mas, se conseguirmos dar resposta aos clamores da nossa gente por qualidade de vida, esta sim já será a maior vitória de todos os tempos. Esse é o título a conquistar, a alegria de nossa gente, a sensação verdadeira de tranquilidade, longe das amarras do medo e da insegurança. O prazer de ver a ação social do Estado em andamento. O povo brasileiro já deu o recado: quer crescer em tudo.

            Era o que tinha a registrar nesta tarde. Agradeço a generosidade da Mesa e concluo o meu pronunciamento.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2011 - Página 24747