O SR. RANDOLFE RODRIGUES (PSOL - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente do Senado Federal, Exmº Sr. Senador José Sarney; Exmº Sr. João Monteiro de Barros Filho, fundador e Presidente da Rede Vida de Televisão; Exmº Sr. Reverendíssimo Dom Osvino José Both, que representa, nesta solenidade, o Ministro da Defesa Nelson Jobim e atualmente exerce a nobre função de Arcebispo Militar do Brasil; Exmº Sr. Marcelo Aparecido Coutinho da Silva, Presidente do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã; Exmº Reverendíssimo Dom Paulo Mendes Peixoto; Reverenda Irmã Maria Celeste Ghislandi;

            Srs. funcionários, Srªs funcionárias, Srs. servidores da Rede Vida de Televisão, Srªs e Srs. Senadores, todos aqueles que nos assistem neste momento e nos ouvem pela Rádio Senado.

            Há mais de 20 anos, ainda durante o Governo do Presidente José Sarney, num momento importante da história nacional, em que vivíamos os auspícios da redemocratização, um empresário de Barretos, João Monteiro de Barros Filho, jornalista e católico militante, num dos atos capazes de demonstrar que a fé realiza milagres, atreveu-se a pensar seriamente em tornar realidade o sonho de constituir uma emissora de televisão voltada para a promoção e defesa dos valores cristãos e da cidadania.

            Eu falei de fé e, ao falar de fé, é necessário trazer à lembrança o importante e célebre trecho do Novo Testamento que, para mim, é a melhor definição de fé. Hebreus, versículo 11: “A fé é o firme fundamento daquelas coisas que você não vê, mas tem certeza que existe e acontece.” Dr. João Monteiro, foi essa fé, assim como nos é conceituada no trecho de Hebreus, que o levou à ousadia de constituir uma rede nacional de televisão.

            A disputa pelo canal 11 de São José do Rio Preto apresentou-se como a primeira oportunidade para dar firmeza e concretude a essa determinação. Vencida a concorrência, com a aprovação da concessão por este Congresso Nacional, o segundo passo foi a constituição do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã, com o apoio do Arcebispo Metropolitano de Botucatu, Dom Antonio Maria Mucciolo, e do Arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida, e também da contribuição direta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

            Em março de 1995, iniciavam-se as transmissões daquela que viria a ser a maior emissora católica do mundo, a Rede Vida. As parcerias estabelecidas com a TV Aparecida e com o Centro Televisivo do Vaticano permitiram afirmar seu reconhecimento na comunidade cristã e ampliar a sua programação, tendo o seu sinal captado em todo o Brasil, com retransmissão de 445 afiliadas.

            Permita-me dizer, Dr. João Monteiro, que a nossa emissora de televisão é, no meu Estado do Amapá, a emissora de televisão mais vista no conjunto do Estado.

            Nenhuma emissora chega a tantos cantos mais distantes do Amapá quanto a Rede Vida de Televisão e suas emissoras afiliadas, como é o caso da TV Nazaré.

            Além desses eventos religiosos, como já destacado, todos voltados à formação da família, no requerimento desta sessão, propus esta homenagem por entender que esta rede de televisão tornou-se uma revolução na comunicação brasileira. Aberta e voltada ao debate de questões importantes de interesse da coletividade, como economia, política, cultura e esportes, é hoje uma referência não somente para a comunidade cristã, mas é uma referência para a cidadania brasileira.

            A Rede Vida firmou-se, ao longo desse tempo, como um canal não somente da família brasileira, mas como um canal do cidadão brasileiro, porque é o canal onde se propicia o debate livre, o debate das ideias, o debate em que a liberdade de pensar é a maior das permissões. São esses valores, baseados no conteúdo fundamentalmente educativo, que distinguem a programação desta rede de televisão do conjunto das demais redes de televisão brasileira.

            Estou convicto de que a concessão para o funcionamento desta rede de televisão se constituiu um dos atos que mais enobrecem e engrandecem o Congresso Nacional brasileiro.

            O Congresso Nacional e a sociedade brasileira testemunharam a atuação desta emissora nesses mais de 16 anos. Muito longe de promover interesse particular ou corporativismo, a Rede Vida destacou-se pela prevalência do interesse público sobre o interesse privado, dando uma real e concreta demonstração do sentido de res publica, do sentido que deveria ser, inclusive, traduzido para a política, que é servir a todos e não servir ao interesse individual.

            No restrito e concentrado mercado de comunicação televisa no Brasil, a distinção - repito - desta emissora de televisão é assegurar o direito de cidadãos e cidadãs brasileiras de optar por uma programação que esteja de acordo com os valores da cidadania, com os valores da educação, com os valores de cumprir o papel que a televisão deveria, desde a sua origem no Brasil, cumprir: o valor de educar a cidadania brasileira, de educar a família brasileira.

            A Rede Vida é o milagre feito pela fé. Mais uma vez voltamos à definição de Hebreus, no versículo 14. É o milagre feito pela fé, pelo trabalho, pela persistência de homens, mulheres, de cidadãos capazes de tornar sonhos em realidades, capazes de cumprir a premissa poética presente na nossa música popular brasileira: que sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas, quando se sonha junto, torna-se realidade concreta.

            Hoje, a comunidade - e aqui me permitam ir além da comunidade católica - cristã do Brasil, os cidadãos do Brasil têm, graças à existência desta emissora, a possibilidade de acesso a uma programação voltada para o cultivo, fortalecimento da fé, formação da cidadania, educação e construção de um Brasil que seja edificado pela ousadia de seus filhos.

            A Rede Vida é uma fonte de informação e de formação que valoriza a diversidade cultural do nosso povo, da nossa terra, que é identificada em cada região, em cada canto do País por compreender a diversidade daquela região e daquele povo. Em um País com mais de 8 milhões e 511 mil quilômetros quadrados, com dialetos distintos, com cinco regiões diferentes, com a diversidade que tem somente em regiões como a nossa, Senadora Vanessa, como na Amazônia, com diversidades que tem em todos os cantos, a Rede Vida tem conseguido ser compreensiva para, nessa diversidade, construir a unidade nacional de identificar essas diversidades, compreendê-las e colocá-las na tela da rede de televisão.

            Este sistema de comunicação é democrático, porque fundamentalmente é plural, diverso, respeita as diferentes opiniões. Por isso, é, por si só, uma declaração fundamental e essencial de direitos humanos. É uma declaração de fé. É uma declaração de culto, fundamentalmente, ao respeito ao que o cidadão brasileiro deve receber na sua casa.

            A premissa básica de que a televisão invade o lar, a casa dos brasileiros, é respeitada pela Rede Vida de Televisão, porque, ao invadir, ao entrar na sala dos brasileiros, tem que compreender que do outro lado da tela há crianças, mulheres, homens que querem constituir a cidadania brasileira. E o principal dever de um meio de comunicação é respeitar aqueles que estão do outro lado da tela e a quem ele chega. (Palmas.) Esse princípio tem sido cumprido pela Rede Vida de Televisão.

            É com muita honra que fui signatário desse requerimento, e quero agradecer a honra à Rede Vida de televisão. Celebrar a existência. Eu dizia, ainda há pouco, que recebi homenagens de muitos parentes meus, tias, só por ter sido signatário do requerimento desta sessão solene em homenagem à Rede Vida de televisão. Mas o faço porque a Rede Vida de televisão surgiu em um momento fundamental da história nacional, no momento da redemocratização, e surgiu como a esperança da redemocratização. Surgiu também como revolução no sentido de que a comunicação e a TV brasileira podem ser diferentes da pasteurização de produtos importados; pode ser nacional e pode dar orgulho a nós brasileiros; pode ser cristã e pode ser plurirreligiosa no sentido de contemplar a diversidade; e pode, fundamentalmente, a TV ser um instrumento de respeito aos brasileiros.

            Celebrando, assim, a existência da Rede Vida de Televisão, estamos celebrando a união da capacidade empreendedora com a fé, com a conservação de valores fundamentais para a sociedade brasileira, valores que fundam, que cumprem, que mantêm coesa uma sociedade.

            Desejo, portanto, à Rede Vida de Televisão vida longa. Que exemplos como esse arrastem tantos outros meios de comunicação brasileiros a se constituírem, em especial em respeito ao cidadão brasileiro, que está do outro lado da televisão. (Palmas.)

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