Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com matéria, publicada pelo jornal A Crítica, intitulada ¿Senador do DEM critica a atuação de amazonenses¿ que retrata avaliação feita pelo Senador Demóstenes Torres.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Indignação com matéria, publicada pelo jornal A Crítica, intitulada ¿Senador do DEM critica a atuação de amazonenses¿ que retrata avaliação feita pelo Senador Demóstenes Torres.
Aparteantes
João Pedro, Marisa Serrano.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2011 - Página 24916
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, ANIVERSARIO, EDUARDO SUPLICY, MARISA SERRANO, SENADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MINISTERIO DA SAUDE (MS).
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, DEMOSTENES TORRES, SENADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), PUBLICAÇÃO, JORNAL, A CRITICA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), DESRESPEITO, GRUPO PARLAMENTAR, REGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Senador Paim, agradeço a V. Exª, que era o primeiro orador inscrito, pela permuta que fez comigo, o que me permitiu falar neste momento.

            Aproveito para cumprimentar de público o Senador Eduardo Suplicy e a Senadora Marisa Serrano pelo aniversário.

            Senadora Marisa Serrana, eu, que fui Deputada com V. Exª, cumprimento-a pelo seu aniversário, mas triste por saber, neste exato momento, que V. Exª nos deixará. Certamente, a bancada feminina ficará menos forte com a ausência de V. Exª, que tem cumprido de forma altiva, dedicada, as suas responsabilidades como Senadora da República, como representante que é do Estado do Mato Grosso do Sul. V. Exª deixará uma lacuna para o Senado como um todo, principalmente no que diz respeito à luta das mulheres. É muito difícil chegar ao Senado da República, e, para uma mulher, as dificuldades são maiores ainda.

            Receba minhas homenagens, Senadora.

            A Srª Marisa Serrano (Bloco/PSDB - MS) - Eu quero agradecer muito as suas palavras, as palavras do Senador Paulo Paim, agradecer a todos os meus companheiros com os quais, durante quatro anos, convivemos aqui. Mas dizer que há certos momentos da vida da gente em que há uma decisão a ser tomada. E eu aprendi, nesses mais de 40 anos de vida pública, que se tomam as decisões na hora que precisam ser tomadas. E eu achei que este era o momento de retornar ao meu Estado, continuar trabalhando por Mato Grosso do Sul, analisando as contas públicas no Tribunal de Contas do meu Estado. Eu quero agradecer as suas palavras, dizendo que eu tenho certeza de que as mulheres aqui do Senado, as Senadoras, vão continuar lutando, brigando, fazendo bonito, mostrando que nós somos capazes, junto com os homens, de ajudar a governar este País. Muito obrigada.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Desejamos todo o sucesso a V. Exª, Senadora Marisa Serrano.

            Mas, Sr. Presidente, o que me traz à tribuna no dia de hoje é um assunto pouco agradável, que eu, sinceramente, gostaria de não ter que me referir, mas me sinto na obrigação. Sinto-me na obrigação porque, ao ler um dos jornais da cidade de Manaus, edição do dia hoje, Sr. Presidente, fiquei um bocado chocada por uma matéria de página inteira, cuja manchete é a seguinte: “Senador do DEM critica a atuação de amazonenses”. A matéria se refere ao Senador Demóstenes Torres, que acabou de deixar a tribuna, que esteve no meu querido Estado, na minha amada cidade de Manaus, no dia de ontem, para participar do I Congresso Mestiço Brasileiro. Aliás, se tivesse se referido apenas a esse assunto, estaria de bom tamanho, seria muito bem recebido pelos amazonenses. Mas foi ao meu Estado, a minha terra, para criticar toda a bancada parlamentar do Estado do Amazonas. Dizendo o seguinte, está aqui: “Demóstenes Torres afirma que a bancada do Amazonas no Congresso Nacional não tem voz firme em defesa das questões do Estado”.

            Quem é este senhor para falar isso da bancada do Amazonas e do Estado do Amazonas? Mesmo porque o que falou demonstra, já de imediato, que não tem o menor domínio sobre a política e a economia do Amazonas, porque, se tivesse, jamais falaria isso. E, quando fala isso e o jornal publica com muito destaque, não desrespeita apenas a bancada de parlamentares - três Senadores e oito Deputados Federais. Inclusive um Deputado Federal correligionário dele, do próprio partido dele, o qual ele sequer poupou. Mas ele não desrespeita apenas a bancada de parlamentares, não. Desrespeita a população do Estado do Amazonas, que soube e sabe escolher os seus representantes. Se nós somos Senadores da República, se o Amazonas tem oito Deputados Federais, é porque todos foram eleitos com o voto da maioria da população.

            Senador Demóstenes, o gesto de V. Exª foi muito mais do que um gesto deselegante, muito mais do que um gesto deselegante. Foi um gesto desrespeitoso para com os parlamentares e para com o povo amazonense. Nós temos muitas divergências políticas, Senador - muitas, não são poucas. V. Exª acabou de sair da tribuna, fazendo um pronunciamento com o qual eu não concordo.

            Agora, se um dia eu for ao seu Estado de Goiás, eu não vou dizer no seu Estado de Goiás que a sua postura aqui prejudica o Estado. Eu vou dizer: tenho divergências. Mas é um colega parlamentar. Eu nunca vi isso na minha vida.

            Eu fui Vereadora da cidade de Manaus durante 10 anos. Fomos companheiros, eu, o Senador João Pedro e o ex-Senador, falecido, Jefferson Péres. Tínhamos divergências, em alguns momentos, com o Senador Jefferson Peres - eu e o Senador João Pedro, quando éramos Vereadores. Fui Deputada Federal durante 12 anos, nunca fui ao Estado de ninguém criticar quem quer que fosse, principalmente quando a crítica é vazia, quando a crítica não tem base nenhuma, absolutamente nenhuma.

            Diz aqui, está entre aspas, no jornal, que o Senador Demóstenes Torres afirmou que “é vergonhoso”. Vergonhoso! Eu até tive muita precaução, antes de vir à tribuna. Liguei, falei com os jornalistas: “Mas foram esses os termos utilizados mesmo?” Foram exatamente esses termos, Senador Mário Couto: “...é vergonhoso que a bancada amazonense não tenha uma voz opositora ao Governo Federal para que haja uma melhor defesa dos interesses do Estado.

            Segundo ele, “as amarras políticas firmadas pela maioria dos parlamentares, durante o período eleitoral, impedem que o Amazonas seja melhor representado e defendido”.

            Não tenho amarras. Que V. Exª não meça a prática dos outros pela sua. Não tenho amarras com ninguém; nunca tive na minha vida. Tenho certeza de que nenhum dos Senadores e dos Deputados amazonenses tem. Nenhum! Nós temos compromissos, sim, políticos com o Governo, que passam pela defesa da Zona Franca de Manaus.

            Fiz questão de passar boa parte da manhã no meu Gabinete, organizando, de forma muito simples - não é nenhum livro. Não são discursos, são tópicos, números, que mostram o que tem sido a Zona Franca de Manaus nesses últimos anos, desde a sua fundação até agora, o quanto a Zona Franca de Manaus sofreu nos governos anteriores e o quanto ela tem sido prestigiada pelo Governo do Presidente Lula e agora pelo Governo da Presidenta Dilma.

            A Presidenta Dilma, quando candidata à Presidência da República, não foi nenhuma vez ao meu querido Estado do Amazonas. Nenhuma vez! Como não foi ao Ceará. Ao Amazonas, não foi uma única vez, mas recebeu, lá no Amazonas, a maior votação proporcional do Brasil. E por que recebeu a maior votação proporcional do Brasil? Porque é uma forma de o povo amazonense reconhecer não a pessoa da Presidente, que nunca teve tradição na política, no Parlamento, onde quer que seja. Mal o povo do meu Estado a conhecia, mas sabia que a promessa do seu projeto de governo era a continuidade do projeto do governo Lula.

            E olha aqui, Senador. V. Exª deveria olhar um pouquinho mais para trás, alguns anos antes. Aliás, no período do governo Fernando Henrique, havia muitos amazonenses influentes, Ministros de Estado inclusive. Nunca conseguimos a prorrogação da Zona Franca de Manaus.

            E o incentivo fiscal dado à Zona Franca de Manaus é muito diferente de outros dados no Brasil, porque o incentivo fiscal não é para a fábrica se instalar, como muitos Estados fazem - não são cobrados ICMS, ISS e IPTU. Não. O incentivo dado na Zona Franca de Manaus é ao produto. Portanto, só recebe incentivo quem produzir.

            Senador Benedito de Lira, V. Exª sabe que, para uma empresa se instalar num lugar tão distante, de acesso tão difícil, como o nosso querido Amazonas, ela precisa ter segurança. E não é segurança de dois ou três anos; é uma segurança de, no mínimo, dez, quinze, vinte anos. E pedíamos muito, eu era Deputada de oposição, ao governo Fernando Henrique, mas nunca me furtei de ir com a bancada inteira, inclusive com aquele que foi Ministro do Fernando Henrique, ao gabinete do ex-Presidente para pedir a prorrogação da Zona Franca. Nunca conseguimos nada! Absolutamente nada! Nunca conseguimos nada!

            A Lei de Informática, de 1991, que foi, Senador Inácio Arruda, reformada em 2001, em pleno governo de Fernando Henrique, acabou com a Zona Franca de Manaus. Ela tirou fábricas. Ela suprimiu empregos do nosso Estado.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - V. Exª me concede um aparte?

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Já concedo.

            Ela suprimiu empregos do nosso Estado. O Presidente Lula, quando foi a Manaus, na sua primeira campanha, disse: “Não, vou tratar a Zona Franca de Manaus diferente.” E tratou. Hoje estão aqui os números alvissareiros. Não pensem que o Presidente Lula fez isso pela Zona Franca porque tinha uma oposição. O que é isso? Ele fez porque ele quis.

            Antes de conceder o aparte ao Senador João Pedro, vou lembrar apenas aqui o último episódio acontecido: um Deputado Federal do Rio de Janeiro, do PSDB, apresentou um projeto de emenda à Constituição, um projeto que estendia os incentivos fiscais da produção de CD e DVD para todo o Brasil. Hoje, CDs e DVDs são produzidos em quase 90% na Zona Franca de Manaus. Se fosse aprovado aquele projeto de emenda à Constituição, no dia seguinte, as fábricas estariam em São Paulo, no Rio de Janeiro, porque é lá que está o grande mercado consumidor. Perderíamos a votação, se fosse a plenário, na Câmara dos Deputados, porque o Sul queria, as bancadas do Sul, inclusive do Nordeste, achando que poderiam também se beneficiar levando indústrias para suas localidades.

            Mas fizemos um movimento com o Presidente Lula, que disse o seguinte: “Não vamos votar PEC nenhuma que prejudique a Zona Franca, que subtraia qualquer emprego!” Nenhuma! Nenhuma! E a PEC está lá. Não foi votada, apesar da maioria que acompanhava o Presidente Lula concordar com a aprovação. O Presidente Lula foi capaz de convencer e disse o seguinte: “Não podemos prejudicar um Estado que tem tanta necessidade como tem a Zona Franca de Manaus.”

            Então, penso que quem vai ao meu Estado falar, de forma generalizada, de todos os Parlamentares, primeiro, não conhece a realidade e, segundo... Repito, não foi apenas uma manifestação infeliz. Não foi, não! Não foi uma manifestação deselegante. Foi muito mais do que isso, foi uma manifestação desrespeitosa; um respeito que eu achei que estávamos construindo aqui, um respeito com relação ao tratamento que merecem ter todos os Parlamentares.

            Por mais que eu tenha divergências políticas, eu não posso chegar ao Estado do outro sem conhecer a realidade e, genericamente, dizer o seguinte: “Que é uma vergonha, que não tem nenhuma voz ativa, porque todos estão amarrados ao Governo, portanto não vão poder falar, nem lutar, a favor do seu Estado e da sua gente!” Se essa é a prática de quem falou, pois fique sabendo quem falou que não é a minha prática. Sei que não é prática de V. Exª, Senador João Pedro. Não é. Ninguém pode achar que os outros têm as mesmas práticas que a gente tem. Eu jamais tive essa prática na minha vida.

            Concedo o aparte a V. Exª, Senador João Pedro.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Senadora Vanessa Grazziotin, obrigado pelo aparte. Eu sou o oitavo ou o nono inscrito, mas quero entrar no conteúdo para refutar, de forma peremptória, essa avaliação desrespeitosa ao Amazonas do Senador Demóstenes, no dia de ontem, na segunda-feira, em Manaus. Foi extremamente deselegante, porque não tinha nenhum Parlamentar no evento. É evidente que eu não sei o contexto. O certo é que um dos principais jornais do Amazonas publicou a opinião do Senador Demóstenes. Eu quero dizer, primeiro, que não tenho amarras e, segundo, que tenho orgulho de defender o Governo que temos e tenho tranqüilidade para dizer o que o Governo fez, de 2003 para cá, pelo Amazonas. Presidente Paim, quando o Presidente Lula assumiu em 2003, esse grande parque industrial tinha 35 mil trabalhadores. Serra era o Ministro do Planejamento. Pois ele não ia às reuniões do Conselho Administrativo da Suframa. Tentaram acabar com a Zona Franca. Fernando Henrique, os seus Ministros, todos tentaram acabar - essa é que é a verdade! O Presidente Lula, no primeiro semestre, prorrogou a Zona Franca por mais dez anos e deu tranquilidade para os outros projetos, para que o empresariado investisse na Zona Franca. Esse é o projeto que hoje tem 115 mil trabalhadores diretos. E nós temos uma luta dura, política, não contra o Governo, não, mas contra os interesses regionais. De São Paulo, todo mundo sabe, todas as regiões sabem da política ostensiva, da forma como trata o ICMS, a sua política, tentar acabar, tirar os empregos da Zona Franca de Manaus. E nós lutamos, não contra o Governo Federal, não - nós estamos juntos e tempos orgulho deste Governo -, contra os interesses de São Paulo, essa é a verdade. E vai o Senador Demóstenes, não sei se ele está com saudades do Senador Arthur Virgílio, que passou por esta Casa... É fácil: compra a passagem e vai a Portugal, que o Senador está lá. Mas o Amazonas tem essa bancada porque assim quis o povo do Amazonas; tem os Deputados e Senadores porque assim quis o eleitorado do Amazonas. Eu venho de 2006. Para chegar aqui fui Deputado Estadual; para chegar aqui fui Vereador de Manaus; para chegar aqui, anos e anos de militância nos movimentos sociais, defendendo a Amazônia, defendendo os povos indígenas, defendendo os trabalhadores, indo para frente de fábrica. Essa é a minha vida! Então, não aceito essa avaliação, essa descortesia, esse desrespeito com a bancada do Amazonas. Nesse sentido, quero prestar minha solidariedade ao discurso da Senadora Vanessa, que não pode ser de outra forma, não pode ser de outra forma. Nós temos que refutar esse tipo de coleguismo, esse tipo de avaliação, que não é contra os Senadores não, mas é contra a sabedoria do voto popular, do eleitorado de Manaus, que assim escolheu os Deputados Federais e os Senadores do Amazonas. Muito obrigado, Senadora.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Agradeço o aparte de V. Exª, Senador João Pedro, que não apenas engrandece o meu pronunciamento, mas exemplifica da melhor forma. É o que nós estamos procurando dizer aqui. Tenho certeza de que, se o Senador Eduardo Braga aqui estivesse, que foi Governador por duas vezes do Estado do Amazonas, um Governador extremamente bem avaliado, estaria agindo e reagindo da mesma forma.

            Senador Demóstenes, eu acho que V. Exª poderia procurar o jornal A Crítica e dizer que não foi exatamente isso que V. Exª quis dizer. V. Exª não venha dizer que a medida provisória A ou B está acabando com o Amazonas. Nós passamos quinze dias reunidos com a Presidenta Dilma, que nos recebeu, recebeu o Governador do Amazonas, e estamos tratando nossas questões.

            Se hoje nós temos problema com o tablet - e estou com o meu tablet ali -, não é por causa da Presidenta Dilma, não é por causa do Presidente Lula, não; é por causa do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele, sim, fez mudanças na lei de informática, com o consentimento de um líder seu, de um líder que se gaba de ter sido líder por mais tempo, por onze anos, mas não teve a força para impedir, a força que nós estamos tendo - e tivemos durante oito anos com o Presidente Lula e estamos tendo agora.

            Inclusive o Deputado do Partido de V. Exª que V. Exª também desrespeitou, porque lá no Amazonas nós temos um partido que é maior do que nossos outros partidos, que é a defesa dos empregos, é a defesa da região, e eu penso que essa deve ser a bandeira de todos nós. Porque, para mim, não é importante só defender a Amazônia, que é uma região menos desenvolvida do que o Sudeste, do que o Sul do País, mas é importante apoiar os nordestinos também, na defesa do seu progresso, para diminuir essa grande desigualdade que, infelizmente, marca o nosso País.

            Mas eu vou levantar um outro exemplo aqui, Senador Demóstenes, porque o senhor precisa conhecer mais antes de voltar ao nosso Estado e falar. O Estado do Amazonas, que é o Estado maior do Brasil, em termos de tamanho, em termos de território, tem também a maior reserva de gás natural em terra firme. Mas a nossa energia era gerada - e boa parte ainda é - por óleo diesel, óleo combustível, poluente, em plena Floresta Amazônica. E nós, lá, com a maior reserva de gás natural em terra firme. Pois o seu ex-Presidente querido, de quem o senhor tem tanta saudade, queria privatizar essa riqueza, que não é do presidente A e nem do presidente B, é do povo brasileiro - queria privatizar. Foi preciso que entrássemos com uma ação na justiça para não permitir mais um entreguismo no Brasil. E conseguimos barrar, ganhamos na Justiça Federal, a privatização não se efetivou, nem para a exploração, nem para o transporte, nem para a comercialização.

            O Presidente Lula, quando candidato em 2002, prometeu-nos: “Vamos fazer o gasoduto” - e a Ministra de Minas e Energia à época era a hoje Presidenta Dilma. A primeira coisa que eles assinaram a favor do Amazonas, e depois veio a prorrogação da Zona Franca, foi a construção do gasoduto.

            Então, a bancada é, sim, madura. A bancada sabe agir, porque a gente faz oposição àquilo que não é bom, a gente faz oposição àquilo que é ruim, àquilo que não ajuda o Brasil, àquilo que não ajuda o povo. E esse não foi o governo do Presidente Lula e nem é o Governo da Presidenta Dilma. São governos bons, que olham para o povo.

            Eu vim agora da OIT, e fiquei orgulhosa, meu Líder Inácio Arruda, de ver que nenhum diretor da ONU deixou de citar o Brasil quando fazia discurso. Nenhum deles. E falavam sobre o processo de inclusão social em que a gente vive.

            Agora, tenho aqui, e vou ofertar a V. Exª - se V. Exª não lê os assuntos regionais, só os assuntos nacionais, então, antes de ir a uma região, procure ler.

            Está aqui: o Polo Industrial de Manaus fechou o primeiro quadrimestre de 2001 contabilizando novos recordes, Senador Paim, contabilizando novos recordes de faturamento e geração de empregos.

            No período de janeiro a abril deste ano, as indústrias do Polo Industrial da Zona Franca faturaram quase US$13 bilhões, um aumento de quase 23% em relação ao mesmo período no ano anterior.

            Será que esse é um Governo ruim? Estamos agora, em todas essas medidas provisórias, inclusive a dos tablets, tentando resolver o problema da Zona Franca que, volto a repetir, não foi criado pelo Governo Lula, foi criado lá atrás quando a Lei de Informática foi modificada em 2001.

            Vejo que V. Exª está de pé, solicitando o aparte e vou conceder o aparte a V. Exª, Senador Demóstenes.

            O Sr. Demóstenes Torres (Bloco/DEM - GO) - De pé, Senadora Vanessa Grazziotin, não se pede aparte.

            Estou de pé para ouvir V. Exª e, em seguida, vou pedir a palavra pelo art. 14, para dar as explicações necessárias.

            Agradeço a V. Exª.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Está certo. Ainda quero concluir o meu pronunciamento e vou concluir pedindo que V. Exª procure o jornal A Crítica, procure o jornal para dizer que o senhor não quis desrespeitar a Bancada do Estado do Amazonas, que em nenhum momento esse foi o seu objetivo; que o senhor procure o jornal A Crítica para dizer que o senhor não tem conhecimento nenhum em relação ao Estado do Amazonas e à Zona Franca de Manaus, porque, se o senhor tivesse conhecimento, não teria dito à imprensa o que o senhor disse.

            O senhor foi participar de um encontro relativo a mestiços. Para que chegar lá e desrespeitar de uma forma tão grosseira, Senador, tão grosseira, toda uma bancada? Uma bancada que luta, uma bancada que se dedica, uma bancada que não tem nem nome. O meu nome, o nome do Senador João Pedro, o nome do Senador Eduardo Braga, o nome da Deputada Rebecca Garcia, o nome do Deputado Silas Câmara, o nome do Deputado Átila Lins, o nome do Deputado Praciano, o nome do Deputado Pauderney, do seu partido, todos nós temos um único nome chamado Zona Franca de Manaus.

            Não é fácil, não é fácil ser Parlamentar do Amazonas. Não é fácil ser parlamentar de um Estado que abriga um projeto que é uma exceção no Brasil. Agora mesmo vamos começar a debater a reforma tributária. Para nós, esse é o tema mais difícil. Por quê? A legislação, o sistema tributário brasileiro é um, o nosso regime é completamente diferente e, se não for tudo absolutamente cuidado, nós podemos sofrer.

            Agora mesmo, repito, a medida provisória dos tablets. Quem é que diz que o tablet não é computador, Senador Paim? O tablet é um computador. Então, não há erro. Não há erro nenhum em incluir tablet como um bem de informática na Lei de Informática.

            Nós estamos negociando com o Governo para que o Estado do Amazonas não perca a competitividade, não na produção do produto acabado, mas nas peças, nas partes. Hoje já conseguimos, mesmo com a Lei de Informática, nós já conseguimos ser competitivos na produção, por exemplo, de placa-mãe, na produção de carregadores de celulares, de alguns elementos, de alguns itens. Estamos negociando isso com o Governo.

            Quanto ao problema da televisão a que V. Exª se referiu, está um zum-zum-zum, mas a Presidenta Dilma foi a primeira a dizer: “Nós não vamos prejudicar a Zona Franca de Manaus, de maneira nenhuma”. E eu não acredito nas palavras, eu acredito nos atos, porque, mais do que as palavras, valem os atos.

            Olha, Senador, o povo do Amazonas talvez seja o mais consciente. Ele deu, sem receber a visita da Presidenta Dilma, que não foi lá nenhuma vez durante a campanha, a maior votação e não deu à toa, não, Senador Paim, foi porque estava cansado de sofrer com governos anteriores, que queriam privatizar o gás, que não permitiam a prorrogação da Zona Franca de Manaus. E não era apenas o Presidente, era também o Governo de São Paulo, adotando medidas para prejudicar, sobretaxando, sobretaxando produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, Senador Mozarildo, sobretaxando. Foi isso que o então Governador José Serra fez conosco. E o povo não é bobo, não. Deu a José Serra 8% dos votos na campanha para presidente em primeiro turno. Foi tudo o que ele recebeu do povo do Estado do Amazonas.

            Mas é aquilo, a vida é assim. Eu não tenho problema nenhum com a vida. A vida é bonita! A vida dá aquilo que a gente planta! A gente colhe aquilo que a gente planta!

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Repito aqui: fui vereadora dez anos, fui Deputada Federal dez anos, Deputado Caiado. Eu nunca vi nenhum companheiro, nenhum colega, nenhum colega ir ao Estado do outro e desancar, falar mal de todo mundo, porque não defende... Não. Isso não é coisa que se faça. Essa não é a prática do Parlamento brasileiro. E mais, sem base, repito, sem base nenhuma. Estou aqui com os números. Acabei de ler um, mas tenho muitos outros, na Zona Franca de Manaus, do quanto temos crescido.

            Não foi fácil para o Presidente Lula. Não sei se o Deputado Caiado, que aqui está, se lembra da PEC da Música? Quanto à PEC da Música, músicos de Goiânia pediam para a Bancada de Goiás votar na PEC da Música. Com a PEC da Música, o que aconteceria? Senador João Pedro, acabariam as fábricas de CDs e DVDs da Zona Franca. Pois foi preciso o Presidente Lula entrar, ela nem chegou ao Senado, nós retiramos esse trabalho do Senado da República. Resolvemos lá, porque tivemos e contamos com a juda do Presidente Lula.

            Sr. Presidente, só quero dizer que eu vou pedir questão de ordem também, porque eu aqui não fiz nenhum discurso desrespeitando ninguém.

            Eu apenas comentei algo, esse, sim, que foi desrespeitoso não a mim, mas a um Estado, a uma bancada, a um povo, um povo que luta muito para, lá do meio da selva amazônica, ter direito a um emprego e ter direito a um trabalho.

            Repito, no Amazonas cada qual tem o seu partido, mas, quando viermos de lá, viramos defensores da Zona Franca, porque ela representa a sobrevivência da nossa gente e do nosso povo sofrido.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2011 - Página 24916