O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, agradeço ao Senador Ivo Cassol. Quero dizer da minha satisfação por ter aqui um companheiro de Itaituba, o Deputado Federal Paxiúba.

            É com muita honra que tenho a sua presença aqui, Deputado.

            Paraenses, venho hoje a esta tribuna falar para o meu querido Estado do Pará, de Nossa Senhora de Nazaré, dizer a vocês, brasileiras e brasileiros, que o PT quer calar a voz da Oposição. Por várias vezes me pronunciei aqui, dizendo que a ditadura se aproxima, que nós estamos vivendo numa fase de ditadura política clara, evidente, e que o Senado Federal fecha os olhos para isso. Nós estamos perdendo os nossos direitos. Daqui a pouco, este Senador vai sair desta tribuna porque o PT não quer mais ouvir a verdade.

            Primeiro entraram no Supremo Tribunal Federal a mando do Sr. Pagot. Quatro vezes no Supremo! Quatro vezes o Sr. Pagot, mandado pelo Governo, entrou para tirar este Senador daqui. Depois o Governo entrou recentemente na Comissão de Ética deste Senado, Senador Jarbas, por intermédio do Sr. Pagot, para calar a voz da oposição aqui.

            Agora entram na Procuradoria-Geral da República, o Presidente Nacional do PT - acredite, Senador Mozarildo! -, o Presidente Nacional do PT com mais quatro deputados safados do Estado do Pará. E eu já vou dizer quem são eles, por que eles respondem, o crime que fizeram no meu Estado, junto com Ana Júlia Carepa! E ela está coordenando agora a tentativa de me tirar desta tribuna. Não vai Ana Júlia. Tu não vais me tirar desta tribuna.

            Olha o que diz, Senador Jarbas, olha o cinismo, olha como a ditadura é clara no Brasil, olha como querem calar a minha voz. Olha o que diz um deputado do PT, minha cara Presidenta, olha o cinismo desse rapaz que responde a mais de três processos! Ele disse a um jornal ontem:

O PT Nacional está apresentando esta representação contra o Senador Couto sobre os desvios da Assembléia Legislativa. O Senador tem batido diariamente no PT da tribuna e no Governo do PT.

            Não me dêem motivos que eu não bato. Não me dêem motivos que eu não bato.

            Mas aqui eu estou representando a população do meu Estado, a população brasileira que vive no mar, vendo o mar de corrupção deste Governo! E aí eu tenho que ficar calado, Presidenta! Eu tenho que me calar, Presidenta?

            E aí vem o Deputado - Jarbas Vasconcelos, isso é cinismo - vem um deputado declarar, o Deputado José Geraldo declara no jornal de hoje, Senadores, que a representação contra mim é porque eu bato no PT todos os dias aqui, é porque eu bato no Governo todos os dias aqui. Está aqui a declaração, Senadores! Por isso eles entraram.

            O Ministério Público da minha Terra ainda nem sequer me chamou, ainda nem sequer precisou de qualquer esclarecimento meu. Indiciados foram vários servidores, mas o Ministério Público ainda nem me chamou, nem sequer ao término das suas investigações.

            Quem são eles? Miriquinho Batista. Olhe quem são eles. Vou começar pelo Zé Geraldo. Foi acusado de participar do esquema de arrecadação de recursos para as campanhas eleitorais do PT do Pará com madeireiros em troca de intervenções dos políticos e em troca de dinheiro público. Esse é o Zé Geraldo que representou contra mim.

            Cláudio Puty, alvo de representação no Ministério Público por conduta vedada a agente público, foi outro que representou contra mim.

            Beto Faro, preso, algemado no Pará; Beto Faro, preso, algemado no Pará!

            Deputado Miriquinho, envolvido com o seguro defeso, responde a processo por fraude em 16 mil carteiras de pescadores irregulares.

            Esses quatro Deputados tiveram o cinismo de representar contra mim, esses quatro Deputados que lesaram os cofres do meu Estado.

            Há uma grande diferença, Deputados, entre vocês e mim. Aos meus 65 anos de idade, aos meus 24 anos consecutivos de Parlamento, eu nunca fui chamado à frente de um juiz, Deputados! Eu não conheço a cara de um juiz, Deputados, que tenha perguntado a mim: a que devo a minha responsabilidade? Vocês já foram várias vezes, várias caras de juízes já estiveram próximas a de vocês. A minha, nunca! Em toda a minha vida parlamentar, em toda a minha vida pessoal!

            O meu patrimônio é pequeno, Deputados, teve um de V. Exªs, o Deputado Miriquinho Batista, que quando foi primeiro secretário da Assembleia Legislativa do Estado do Pará - é o Palocci do Pará - aumentou em mais de 1.000% o seu patrimônio, Ministério Público! Mais de 1.000%, Ministério Público! Este está me acusando também, o Palocci do Pará.

            Há outra diferença, Deputados: eu nunca fui preso. Nunca fui preso, Deputados!

            Quem quer me prender agora é o PT, Jarbas Vasconcelos. Nunca! Minha vida é limpa. Minha vida é limpa. Vocês procuram há muito tempo, tentam me tirar daqui! Esta voz aqui é a voz do povo brasileiro, do povo paraense. Vocês jamais vão me arrancar daqui!

            Malditos petistas! Malditos!

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Vamos manter o decoro, Sr. Senador. Vamos manter o decoro.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Decoro? Que decoro?

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - A palavra que V. Exª usa, não importa em relação a quem, nem de que partido seja...

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Alguém me acusa com cinismo e me falam de decoro. Que decoro?

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - ...a palavra que V. Exª usa é um pouco pesada. É um pouco pesada para ser usada nesta Casa.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Que pesada o quê! É um pouco leve! É leve para aqueles que mereciam estar na cadeia. É leve, Presidenta, para aqueles que tiraram do cofre público do meu Estado! É leve! É leve coisa nenhuma. É leve coisa nenhuma.

            Temos que dar um basta nisso, Senadores. Temos que dar um basta nisso. O Senado precisa perceber que nós estamos diante de um Governo imperioso.

            Não tenho medo, Presidenta. Nasci na Ilha do Marajó; sou paraense nato. Aqui na minha veia corre o sangue daqueles que têm coragem de falar na frente, daqueles que não são covardes. A covardia não nasceu comigo. E quem me mandou para cá foi mais de 1,5 milhão de paraenses que confiaram em mim e vão continuar confiando, porque jamais vou decepcioná-los.

            Malditos petistas que estão acabando com este País! Malditos petistas que praticam corrupção a toda hora neste País! Malditos petistas que enganam o povo brasileiro! Malditos petistas que fazem, a cada dia, uma vítima dos aposentados brasileiros. Malditos! Não vão conseguir, não vão me tirar daqui. Estão muito enganados. Tanto o Presidente Nacional do PT... Vou fazer igual ao Zagalo agora, Presidenta: eles vão ter que me aturar! Eles vão ter que me aturar!

            Pois não, nobre Senador Jarbas Vasconcelos.

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (Bloco/PMDB - PE. Com revisão do aparteante.) - Senador Mário Couto, gostaria de manifestar a V. Exª a minha solidariedade, o meu respeito e admiração a sua atuação parlamentar. É evidente que o assunto que V. Exª trás à tribuna é um processo de intimidação. Sua voz aqui tem se levantado sempre para denunciar as mazelas de um governo irresponsável no seu Estado. V. Exª é um fiscal permanente do governo do Pará. Agora o PT regional, respaldado pelo nacional, tenta calar a sua voz. Não conseguirão senador. Nós que o conhecemos sabemos da sua coragem. Coragem cívica de ter uma atuação que chama a atenção de todos. V. Exª tem assomado à tribuna diversas vezes para reiterar todas essas bandalheiras que hoje não incomodam mais o País, porque elas estão incorporadas à paisagem brasileira. Pensei em não apartear V. Exª - para não tomar tempo de seu discurso, visto a rigidez que existe hoje no Senado com relação ao cumprimento do Regimento apenas no tempo destinado aos oradores, como se cumprir o Regimento fosse isso -, mas afirmo que V. Exª não vai ficar sozinho nisso. Vamos ficar vigilantes com relação a isso para saber qual vai ser o comportamento da Procuradoria-Geral da República, se aceita ou não a denúncia contra V. Exª. A denúncia está sendo feita para calá-lo, para retirá-lo desta tribuna e fazer com que V. Exª passe a ser um cordeirinho, votando aqui medidas provisórias indecentes, totalmente indecentes. Depois, revistas e jornais do Brasil inteiro repercutem a atuação do Senado, denunciam que a gente aqui vota as coisas mais extravagantes possíveis. Isso V. Exª tem combatido ao longo da sua trajetória aqui no Senado Federal. E não será essa ameaça, tenho certeza, que fará com que V. Exª recue na sua brilhante atuação parlamentar.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Muito obrigado, Senador Jarbas Vasconcelos, sempre admirei v. Exª por ser um parlamentar exemplar.

            Mozarildo, é muito claro - já vou descer -, é muito claro que eles querem calar a boca do líder da oposição neste Senado. Olhem o que diz o bobão do Deputado. É bobão. Um cara desse que dá uma declaração desta é um bobão. Ele dá uma declaração dizendo o seguinte: “O Senador tem batido diariamente no PT e no Governo do PT.’

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Já vou descer.

            “Não tem um dia que ele não vá à tribuna falar que não seja para discursar nesse sentido. Por isso, precisamos tirar ele do Senado.”

            Não vai tirar, não. Não vão calar a minha voz! Façam o que V. Exªs quiserem! Vasculhem a minha vida. Vasculhem a minha vida! Mas eu vou estar aqui sempre vigilante à covardia de vocês. Vocês, sim, são covardes, covardes por enganar o povo da minha Pátria querida!

            Muito obrigado.

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