Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da vitória do brasileiro José Graziano nas eleições para a Diretoria-Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro da vitória do brasileiro José Graziano nas eleições para a Diretoria-Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2011 - Página 26602
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ESCOLHA, JOSE GRAZIANO, EX MINISTRO DE ESTADO, DIRETOR, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), RECONHECIMENTO, GESTÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, INCLUSÃO SOCIAL, BRASILEIROS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Paulo Paim, Srªs Senadoras, minha querida Senadora Angela Portela, que com certeza falará hoje. Não é isso? Serei rápido aqui.

            Presidente, não poderia deixar de fazer como vários Senadores, que registraram nesta semana este feito de grande significado, que foi a vitória de um brasileiro para presidir a FAO. Essa instituição, que tem sede em Roma, na Itália, essa instituição, que tem uma agenda que eu considero das mais importantes, Presidente, que é pautar o combate à fome. É bom lembrar que nós temos mais de um milhão de pessoas - Presidente Paim, V. Exª que preside a Comissão de Direitos Humanos -, mais de um milhão de pessoas passando fome no mundo hoje.

            E um engenheiro agrônomo, um brasileiro... Lembro também que é a primeira vez que a FAO é presidida por uma pessoa da América Latina, Presidente. Nunca esse espaço foi dado a alguém da América Latina.

            O Presidente da Indonésia, que presidiu a FAO por quatorze anos, sai. Tivemos uma eleição representativa. Cento e setenta e um países participaram da escolha. O nosso José Graziano da Silva, professor, ex-Ministro e membro da primeira equipe do Governo do Presidente Lula em 2003, vai presidir essa estrutura, esse fórum da ONU a partir de 2012. O mandato é de 2012 a 2015.

            Eu não posso deixar de refletir que o Professor Graziano vai presidir a FAO por conta deste Brasil novo. Na realidade, quem coloca, quem empurra, quem atravessa o Atlântico, é o Brasil de hoje.

            É evidente que nós não fizemos tudo. É uma experiência nova de um Presidente, de um Governo popular de esquerda, dirigir um País como o Brasil, superar nossas contradições internas, enfrentar os reflexos, como por exemplo, da crise de 2008, de 2009.

            Isso é novo. Isso é muito novo. Então, quando ouço minha querida companheira do Senado, de um partido de esquerda, dizer: o Brasil mudou? Mudou o quê?

            É claro que nós temos problemas em todas as frentes, por conta de ser recente essa experiência de tratar o Brasil de forma igual, as nossas regiões.

            Graziano hoje vai dirigir a FAO por conta dessa política, que é nova, de distribuição de renda, de inclusão social, de olhar os pobres com política de Estado e não mais com oba-oba. Quem está no Bolsa Família é porque precisa do Bolsa Família; quem continua no Bolsa Família é porque obedece a critérios rigorosos.

            Quando a Presidenta Dilma assume em janeiro e já em fevereiro faz um reajuste, e quando chega em maio apresenta o seu projeto Brasil sem Miséria, é uma política de Estado. É um país rico, é um país que tem desigualdades profundas, mas é um país em que a nossa Presidenta pauta sem esconder, sem tergiversar, sem escamotear esse problema secular causado pelas políticas econômicas das elites que governaram o Brasil. Pauta e diz: tem fome no Brasil sim. Nós precisamos fazer casas; nós precisamos fazer Luz para Todos; nós precisamos distribuir crédito; nós precisamos ter uma política consistente de assistência técnica. 

            Não é simples essa tarefa, não é simples essa tarefa. Qual é o mérito? O mérito é que as questões sociais ganharam “principalidade”, ganharam relevância e, por isso, Graziano está lá. O Brasil exerce uma nova liderança, principalmente nesse item: como combater a fome, como incluir os pobres, como fazer justiça distributiva, como melhorar salários.

            Então, Sr. Presidente, quero dizer da minha alegria de ver um brasileiro que tem currículo, de ver o Brasil - não é o Graziano! - na FAO. Eu conheço a formação política do professor Graziano, que pensa de forma coletiva, que pensa na maioria. Sei que ele está lá porque tem conteúdo, porque tem história, porque tem currículo. Mas sei que ele vai dirigir, a partir de 2012, a FAO por conta da nova postura do nosso País em tratar este tema tão importante que é o combate à fome, que é o tratamento dos pobres de forma inclusiva. Então, Sr. Presidente, eu fico alegre de ver um brasileiro dirigindo a FAO.

            Nesta semana, estranhei, pelo significado que considero da importância deste espaço, os espaços que o professor José Graziano mereceu. Considero a FAO importantíssima, mas parece que o Brasil não conquistou esse espaço, parece que não é para um brasileiro dirigir a FAO.

            Fiquei olhando a mídia e, sinceramente, fiquei muito triste porque uma vitória num espaço. Há muito o Brasil não tinha uma vitória num fórum da ONU, lá na Europa, contra um espanhol articulado. Então, não vi isto na nossa mídia, o significado desse espaço tão importante para um brasileiro que ali não era um brasileiro, era o Brasil assumindo a FAO.

            Sr. Presidente, espero e desejo que o professor Graziano possa pautar esse tema e articular com países que possam trabalhar o tema do combate à fome, para começarmos um processo de justiça não mais no Brasil, mas de justiça na África, de justiça na América Latina, de justiça em vários pontos do mundo, desse mundo, porque é inaceitável destinar bilhões e bilhões de dólares paras as armas, para a guerra, e conviver com um número que nos envergonha, de um bilhão de pessoas passando fome nos dias atuais. Nos dias atuais, um bilhão de pessoas sem comida! 

            Espero que esse desafio da FAO, com a nova liderança de um brasileiro, o Prof. Graziano, engenheiro agrônomo, possa fazer com que haja uma grande mobilização mundial de governos, de Estados nacionais, de empresários da sociedade, no sentido de diminuirmos essa injustiça a milhares de seres humanos do planeta Terra.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2011 - Página 26602