Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso pela passagem dos seus 80 anos de vida e agradecimentos pela sua contribuição para a consolidação da democracia no Brasil.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso pela passagem dos seus 80 anos de vida e agradecimentos pela sua contribuição para a consolidação da democracia no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2011 - Página 26612
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, REDEMOCRATIZAÇÃO, BRASIL, IMPORTANCIA, IMPLANTAÇÃO, PLANO, REAL, ESTABILIZAÇÃO, ECONOMIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Minhas senhoras e meus senhores, poucos homens terão marcado a história recente do Brasil como Fernando Henrique Cardoso. Este, minhas Senhoras, meus Senhores, é um fato incontestável: o Brasil que temos hoje, que vem sendo construído ao longo de cerca de um quarto de século, não pode ser entendido fazendo-se abstração do papel desempenhado, nessa construção, por Fernando Henrique Cardoso.

            Papel múltiplo, podemos dizer. Antes de engajar-se na vida política, Fernando Henrique Cardoso, como sociólogo, já havia elaborado toda uma obra, uma profunda reflexão sobre o Brasil. O conjunto de categorias e conceitos que propôs, ao longo de um momento especialmente conturbado da vida social e política nacional, sem dúvida nenhuma contribuiu para que entendêssemos melhor nossa situação, nossos desafios, nossas próprias aspirações, e, assim, para que pudéssemos fixar as metas que deveriam orientar nossos esforços de superação e de transformação, quando o momento disso chegou.

            Essa reflexão, que lhe granjeou grande prestígio nacional e internacional, transformou-o em referência incontornável quando, em meados dos anos 1970, começam a se confirmar os primeiros sinais de que uma mudança no regime político vigente seria possível no futuro próximo. É assim que, em 1974, é convidado por Ulysses Guimarães a participar da elaboração da plataforma do MDB para a histórica eleição que deu ao Partido 16 das 22 cadeiras disputadas no Senado e 165 das 364 vagas na Câmara Federal.

            Desde então, o intelectual, que nunca esteve totalmente afastado da vida pública, desdobra-se em político. À sua contribuição teórica para pensarmos o Brasil contemporâneo e seus desafios, agrega agora a atuação política e legislativa. Participante ativo em todos os momentos importantes do processo de redemocratização - do movimento das Diretas-Já à Constituinte -, como legislador ajudou a criar o arcabouço institucional que hoje sustenta nossa democracia. Após a retomada democrática iniciada em 1988, deixa o Legislativo, já nos anos 90, assumindo sucessivamente o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Fazenda.

            Foi nessa posição, como Ministro da Fazenda, em um momento em que a inflação chegava a quase 30% ao mês e em que o País já desesperava de encontrar uma solução definitiva para esse flagelo, que comanda a implantação do Plano Real. Foi o elemento que faltava para o Brasil conquistar a estabilidade necessária - e que já havia conseguido conquistar, no plano político-institucional, com a Constituição de 1988 - para desentravar seu potencial e retomar com firmeza sua marcha em direção ao futuro que sempre lhe foi reservado.

            Minhas senhoras, meus senhores, seja como intelectual, fornecendo-nos categorias e conceitos a partir dos quais podemos pensar mais articuladamente sobre nossa situação e nossos projetos; seja como legislador, contribuindo no grande esforço de engenharia normativa que tornou possível a transição do regime autoritário dos anos 60 e 70 para a democracia a partir dos anos 80; seja como Ministro e, depois, Presidente da República por dois mandatos, Fernando Henrique Cardoso, como disse no início, é uma figura-chave para entendermos o Brasil contemporâneo. Não se poderá, no futuro, escrever a história deste nosso tempo sem reconhecer que seu legado político - por baixo de todas as descontinuidades e de todas as incertezas, erros e acertos que caracterizam inevitavelmente a condução da coisa pública - é incontornável.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2011 - Página 26612