O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há noventa anos, precisamente a 19 de setembro de 1921, Paulo Régis Neves Freire nascia no Recife. Alfabetizado pela mãe, já na adolescência manifestava particular interesse pelo estudo da língua portuguesa. Provavelmente, ali estava sendo plantada a semente que faria dele um dos maiores educadores que o Século XX conheceu.

            Não há exagero algum na afirmativa. Paulo Freire tornou-se um dos mais conhecidos, respeitados e celebrados brasileiros pelo mundo afora. Ao longo de sua trajetória intelectual e profissional, ele jamais se afastou do compromisso maior que desde cedo assumira: o de promover uma educação verdadeiramente popular, naturalmente vinculada à realidade do educando e voltada para o desenvolvimento de uma consciência crítica.

            Justamente por isso, Freire foi requisitado por nações pobres, sequiosas por superar o atraso e a miséria. Justamente por isso, Freire foi perseguido pela ditadura militar brasileira, obrigado a exilar-se e só retornar ao País quando da Anistia.

            Paulo Freire começou a adquirir dimensão nacional graças ao trabalho de alfabetização de adultos em seu Pernambuco natal, no início dos anos sessenta do século passado. Naquele contexto histórico de enorme efervescência - para o Brasil, para a América Latina e para o então chamado Terceiro Mundo -, Freire construiu a chave que abriria as portas para uma nova forma de alfabetização. O método por ele inventado, em que as palavras necessariamente teriam de ter sentido real para aquelas pessoas que começavam a aprender a manejá-las, apontava, antes e acima de tudo, para uma educação libertadora.

            Sua mais conhecida obra, Pedagogia do Oprimido, lançada em 1969, cativou a milhões, mostrando, sobretudo às novas gerações de educadores, que havia um caminho revolucionariamente inovador em termos educativos, longe da retórica vazia e do formalismo abstrato. Seu livro foi traduzindo para diversos idiomas, tornando sua mensagem cada vez mais universal.

            A Liderança do Governo nesta Casa quer, neste momento, também celebrar os noventa anos de nascimento de Paulo Freire, reverenciando a memória de um brasileiro do qual a Pátria pode e deve se orgulhar. Um homem que se imortalizou perante as consciências de todos os que, nas mais diversas regiões e culturas, acreditam num mundo mais fraterno e solidário, mais justo e menos desigual.

            Acreditamos, por fim, que a melhor homenagem que podemos prestar a Paulo Freire é honrar sua memória. É o que temos procurado fazer, dia após dia, desde 2003, ampliando o acesso à educação básica, multiplicando as vagas na educação superior, estendendo a possibilidade de os mais pobres conseguirem chegar às faculdades e nelas se manterem, além da extraordinária expansão da rede federal de educação técnica e tecnológica.

            Que as lições de Paulo Freire continuem a nos inspirar. É disso que a gente brasileira precisa!

            Muito obrigado!

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