Discurso durante a 113ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar, minuto de silêncio e levantamento da Sessão pelo falecimento do Senador Itamar Franco.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar, minuto de silêncio e levantamento da Sessão pelo falecimento do Senador Itamar Franco.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2011 - Página 26844
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ITAMAR FRANCO, SENADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, EDITORIAL, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA, ITAMAR FRANCO, SENADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente Wilson Santiago, Senadores e Senadoras, em nome do meu Partido, o Partido Progressista, do nosso Líder, Francisco Dornelles, e dos integrantes da nossa Bancada, eu lamento estar hoje, aqui, ocupando a tribuna, quando preferia ter, no plenário, a convivência do jovem de 81 anos que chegou aqui e, em seis meses, já tinha encantado todos nós, especialmente os iniciantes como eu, pela coragem, pela ousadia, pela forma de ser e pela sua eterna simplicidade.

            Quando a gente o chamava de presidente, ele fazia questão de olhar e dizer: “Itamar, simplesmente.” Era desse jeito, ao longo do tempo, como Senador, como Governador, como Prefeito, como Presidente da República, como Vice-Presidente, que Itamar tratava as pessoas, com a marca da simplicidade, da grandeza, da coragem, da integridade, da honestidade, da ética, e comprometido com o interesse nacional.

            O Partido Progressista lamenta, profundamente, essa perda, que é também uma perda para o Congresso, para esta Casa, que havia, com ele, também conquistado a recuperação da credibilidade da instituição.

            Nos anos de 1985, quando eu era jornalista, eu percorria esses corredores em busca de um projeto que era, à época, de grande interesse para o nosso Estado, o Rio Grande do Sul, para a federalização do Banco Sul Brasileiro, que estava sob intervenção do Banco Central. Aqui estava o Senador Alcides Saldanha, suplente do Senador Pedro Simon, que era Governador; e estavam aqui o Senador Carlos Chiarelli e, de saudosa memória, também o meu marido, que faleceu em fevereiro deste ano, Octavio Cardoso. O Presidente do Sindicato dos Bancários era o Prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, que aqui veio também, com a sua coragem, defender o interesse da economia do nosso Estado.

            Itamar, mesmo contrariando inteiramente aquela proposta dos gaúchos, defendida por quase todos os rio-grandenses, intransigentemente, mostrou a sua coerência, quais as razões que o levaram a contrariar aquele projeto que interessava tanto aos gaúchos e que, depois, acabou sendo viabilizado por outro mineiro como ele, de coração: Tancredo Neves.

            Por esse gesto, o nosso Prefeito José Fortunati o definiu: Itamar era simples. Era teimoso, mas de uma teimosia que era para resistir à pressão daqueles que tentavam macular o interesse público.

            Foi esse o homem que nos deixou e cuja história já está fazendo justiça à sua memória, pela sua grandeza quando assumiu a Presidência da República, em 1992, e teve, diante de si, um dos maiores desafios já enfrentados por um político: chefiar um País onde as instituições democráticas estavam desacreditadas, a economia fragilizada e a população sem esperanças.

            Itamar assumiu esse desafio, Presidente, com a serenidade de que o Brasil tanto precisava naquele momento. Mesmo tendo sido eleito na mesma chapa do Presidente que estava deixando o cargo, Fernando Collor, Itamar conseguiu demonstrar isenção e independência, montando um governo de coalizão, do qual participaram as principais forças políticas do País.

            À época, Itamar não tinha partido, e essa foi uma sinalização importante para que todo o sistema político brasileiro entendesse a sua missão: a de realizar um mandato de transição.

            Itamar, o então Presidente, foi muito além de garantir o fortalecimento das jovens instituições democráticas brasileiras, Presidente. Aliando conhecimento técnico à habilidade política, Itamar montou uma equipe ministerial de caráter técnico, venceu a inflação e abriu o caminho para um novo Brasil, o Brasil da estabilidade, o Brasil do Plano Real.

            Este é o legado que ele deixou a todos os brasileiros: o da estabilidade econômica, o da estabilidade democrática e do fortalecimento das instituições. Deixa, sobretudo, o legado, nesta hora em que tanto nos assombram as denúncias de corrupção, da sua ética, da sua responsabilidade, do seu compromisso com a integridade, de um homem público de grande valor pessoal.

            O jornal O Estado de S. Paulo, no seu editorial de hoje, “Um político singular”, diz que Itamar entra para a história como figura absolutamente singular.

            Nenhum outro presidente brasileiro fez tanto, em tão pouco tempo, em condições políticas e econômicas tão difíceis e sem violar uma única regra democrática.”

            Eu gostaria, Sr. Presidente, que o editorial de hoje de O Estado de São Paulo fosse registrado nos Anais do Senado como também uma homenagem do Partido Progressista, endossando todas as palavras inscritas, bem como a capa do jornal Correio Braziliense, de sábado, que tem também uma definição muito bonita da forma e jeito de Itamar Franco: “O Anjo Torto da Política. Itamar, o Presidente que lançou o Plano Real, morreu aos 81 anos, deixando um legado de retidão moral, espírito público e compromisso com o País. Dilma decreta luto oficial de sete dias.”

            À família do Presidente Itamar Franco, desejamos as nossas sinceras condolências.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE A SRª SENADORA ANA AMÉLIA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- Um político singular. (O Estado de S. Paulo);

- O Anjo Torto da Política. (Correio Braziliense).


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2011 - Página 26844