O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu vou ocupar a tribuna do Senador Itamar Franco. Foi deste local que ele atuou durante alguns meses, com a demonstração do seu talento, da sua competência, da sua experiência política, dando sinais de que seria de grande utilidade nessa tarefa inglória da instituição pela recuperação da sua credibilidade.

            É uma perda enorme para a instituição e, sobretudo, para a oposição. Neste momento em que dignidade, decência e ética são produtos em falta nas prateleiras da política nacional, o desaparecimento de Itamar Franco é enorme prejuízo.

            A sua capacidade de indignação é reconhecida, e nós sabemos que quem não tem a capacidade da indignação não tem o direito de representar quem quer que seja. Itamar sempre foi um exemplo visível de quem tem capacidade de indignação. Itamar sempre foi o inconformado. E - sabemos - os conformados não promovem mudanças; só os inconformados contribuem para escrever a história da mudança.

            Itamar Franco percorreu fascinante itinerário na vida pública nacional. Ocupou o cargo maior na atividade pública como Presidente da República, em que teve a oportunidade de fazer com que se consagrasse a sua postura em relação à ética. Creio ser desnecessário fazer a abordagem sobre o comportamento de dignidade, de decência de Itamar Franco na Presidência da República.

            Mas é sempre bom registrar que ele foi essencial no processo de mudança vivido pelo País. Depois de demitir três Ministros da Fazenda, quando a inflação, galopante, chegava a 5.000% ao ano, Itamar Franco convocou Fernando Henrique Cardoso e atribuiu a ele a missão de combater implacavelmente o monstro da inflação, que atemorizava os lares brasileiros. E não há como não fazer esse registro. Não há como não reconhecer ter sido Itamar Franco fundamental para que Fernando Henrique Cardoso pudesse compor uma equipe de economistas competentes e elaborar, idealizar e executar um plano de recuperação econômica do País, de estabilização da economia brasileira, que significou a verdadeira mudança.

            E quando hoje comemoramos, muitas vezes até de forma ufanista, a redução da miséria no País, há que se reconhecer: naqueles tempos de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso se plantaram os pressupostos básicos indispensáveis para que o País pudesse, com a estabilidade econômica, a sustentabilidade financeira, a responsabilidade fiscal, a recuperação da competitividade da economia, produzir momentos novos de redução da pobreza nacional.

            São registros que devem integrar os Anais desta Casa para que a história venha a fazer justiça.

            Num momento como este, de tristeza e de melancolia, todos buscamos fazer justiça, mas, certamente, a justiça, na sua inteireza, só poderá ser feita pela história. E nós temos certeza de que a história fará justiça a Itamar Franco, sobretudo um exemplo de dignidade, de honradez, de decência, de probidade na atividade pública do País.

            Sr. Presidente, eu aproveito também a oportunidade para encaminhar à Mesa mais um requerimento de pesar - uma coincidência lastimável. Um amigo, um grande amigo, ex-Deputado do Paraná, ex-Deputado Estadual, ex-Deputado Federal, Djalma de Almeida César faleceu, aos 73 anos, vítima de acidente automobilístico entre Ponta Grossa e Curitiba, na última sexta-feira. Nossos sentimentos, nosso abraço e nossa solidariedade à família de Djalma de Almeida César.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

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