Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, no dia 2 do corrente, do Dia Nacional do Corpo de Bombeiros Militar do Brasil, defendendo melhores condições de trabalho para a categoria.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso, no dia 2 do corrente, do Dia Nacional do Corpo de Bombeiros Militar do Brasil, defendendo melhores condições de trabalho para a categoria.
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2011 - Página 27036
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, CORPO DE BOMBEIROS, DEFESA, MELHORIA, CONDIÇÕES DE TRABALHO, CATEGORIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta Senadora Marta Suplicy, Srªs e Srs. Senadores, compareço a esta tribuna para fazer um registro um tanto tardio, mas que não perde, na minha avaliação, sua importância e necessidade para fazer referências à instituição mais querida e respeitada de nosso País. Refiro-me ao Corpo de Bombeiros Militar do Brasil.

            Os bombeiros tiveram seu dia celebrado neste fim de semana, 2 de julho, e só agora estou tendo a oportunidade de fazer este pequeno registro de homenagem, já que, ontem, as atenções se concentraram, com justiça, no falecimento de nosso querido Presidente Itamar Franco.

            Pois bem, recentemente, mencionei desta tribuna a penúria pela qual passam os bombeiros em todo o Brasil, destacando, na ocasião, em particular, os protestos ocorridos no Rio de Janeiro, que culminaram com a prisão abusiva e infeliz de quase quinhentos soldados. O protesto era pelo vergonhoso salário que a corporação carioca recebe. Na verdade, não muito pior do que no resto do País.

            E, quando se fala em salário ruim, estamos, na verdade, enquadrando apenas um dos tantos aspectos que a categoria reclama. Os bombeiros militares seguem numa cruzada pedindo atenção para uma série de outras insuficiências que tornam particularmente penosa a missão que decidiram abraçar: é falta de estrutura nas viaturas, nos equipamentos, nas fardas, nos cursos e treinamentos e na própria corporação, que se tornou pequena em diversas cidades diante do número de ocorrências. Falta recurso público para o aumento das tropas.

            Vejam os senhores como a coisa vai num rumo preocupante. Eu folheava o jornal Correio Braziliense, quando me chamaram a atenção duas reportagens, tratando especificamente sobre as dificuldades vividas aqui, na Capital do País. E acompanhar as penúrias de uma localidade nos permite redimensionar o problema e imaginar que diversas outras cidades enfrentam problemas iguais ou semelhantes.

            Pois bem, o clima seco da Capital, todos os anos, motiva uma operação denominada Verde Vivo, que planeja ações para o combate aos incêndios. Embora tenha adquirido 19 novas picapes e caminhões, projetados para andar fora da estrada, o Corpo de Bombeiros de Brasília ainda conta com uma frota inadequada para o trabalho de combate ao fogo florestal, veículos pesados e inapropriados para circular em áreas de terras ainda não usados.

            O reconhecimento em áreas remotas para monitorar possíveis focos de incêndio somente pode ser avistado do céu, pois a Corporação não tem quadriciclos para fazer a ronda em terra. Mencionei o apelo que os bombeiros fazem no sentido de terem acesso a cursos e treinamentos específicos. Observem: aqui, no Distrito Federal, dos 5.000 combatentes que ficam de prontidão para enfrentar focos de maior porte, apenas 593 têm o curso de combate a incêndios florestais. Mas eu pergunto: tirando a severidade da estiagem aqui, na região central, que obriga a essas operações específicas todos os anos, será que a situação dos bombeiros é melhor nas demais capitais? É de se duvidar.

            A reportagem menciona também o abandono dos cães de Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, que estão sem acompanhamento médico desde janeiro e com o canil infestado de carrapatos, o que retira de cena boa parte dos animais nas operações ou treinamentos. Inclusive, a reportagem chama a atenção para a morte de um dos melhores cães de resgate do Brasil, o Dartagnhan, que morreu com indício de ter contraído uma hemoparasitose. Para piorar a situação, os bombeiros daqui não contam com um único médico veterinário no corpo de servidores.

            Olha, minha gente, tudo isso reforça nosso sentimento de solidariedade com os bombeiros militares de todo o Brasil e nos traz a esta tribuna para fazer um registro de homenagem, mesmo já com data oficial transcorrida.

(Interrupção do som.)

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Fora do microfone.) - Srª Presidente, para concluir o pronunciamento.

            Solicito a V. Exª que considere como lido este pronunciamento, na íntegra, na forma que o Regimento permite. 

            Agradeço a generosidade do tempo de V. Exª.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR GEOVANI BORGES.

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            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, compareço a esta tribuna para fazer um registro um tanto tardio, mas que não perde, na minha avaliação, sua importância e necessidade, por fazer referência àquela que permanece sendo, de longe, a instituição mais querida e respeitada de nosso país. Refiro-me ao Corpo de Bombeiros Militares do Brasil.

            Os bombeiros tiveram seu dia celebrado nesse fim de semana, dois de julho, e só agora estou tendo a oportunidade de fazer esse pequeno registro de homenagens, já que ontem as atenções se concentraram com justiça, no falecimento de nosso Presidente Itamar Franco.

            Pois bem, recentemente eu mencionei aqui nesta tribuna a penúria pela qual passam os bombeiros em todo o Brasil, destacando na ocasião, em particular, os protestos ocorridos no Rio de Janeiro que culminaram com a prisão abusiva e infeliz de quase quinhentos soldados.

            O protesto era pelo vergonhoso salário que a corporação carioca recebe. Na verdade, não muito pior do que no resto do país.

            E quando se fala em salário ruim, estamos na verdade enquadrando apenas um dos tantos aspectos que a categoria reclama. Os bombeiros militarem seguem numa cruzada pedindo atenção para uma série de outras insuficiências que tornam particularmente penosa a missão que decidiram abraçar.

            É falta de estrutura nas viaturas, nos equipamentos, nas fardas, nos cursos e treinamentos e na própria corporação que se tornou pequena em diversas cidades, diante do número de ocorrências. Falta concurso público para o aumento das tropas.

            Vejam os senhores como a coisa vai num rumo preocupante. Eu folheava o jornal Correio Braziliense, quando me chamar atenção duas reportagens tratando especificamente sobre as dificuldades vividas aqui na capital do país.

            E acompanhar as penúrias de uma localidade nos permite redimensionar o problema e imaginar que diversas outras cidades enfrentam problemas iguais ou semelhantes.

            Pois bem, o clima seco da capital todos os anos motiva uma operação denominada Verde Vivo, que planeja ações para o combate aos incêndios.

            Embora tenha adquirido 19 novas picapes e caminhões, projetados para andar fora da estrada, o Corpo de Bombeiros de Brasília ainda conta com uma frota inadequada para o trabalho de combate ao fogo florestal. Veículos pesados e inapropriados para circular em áreas de terra ainda são usados.

            O reconhecimento em áreas remotas para monitorar possíveis focos de incêndio somente podem ser avistados do céu, pois a corporação não tem quadriciclos para fazer a ronda em terra.

            Eu mencionei o apelo que os bombeiros fazem no sentido de terem acesso a cursos e treinamentos específicos. Observem! Aqui no Distrito Federal, dos cinco mil combatentes que ficam de prontidão para enfrentar focos de maior porte, apenas 593 têm o curso de combate a incêndios florestais.

            Mas eu pergunto: tirando a severidade da estiagem aqui na região central, que obriga a essas operações específicas todo ano, será que a situação dos bombeiros é melhor nas demais capitais? É de se duvidar.

            A reportagem menciona também o abandono dos cães do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros. Eles estão sem acompanhamento médico desde janeiro e com o canil infestado de carrapatos, o que retira de cena boa parte dos animais nas operações ou treinamentos.

            Inclusive a reportagem chama atenção para a morte de Dartagnham, um dos melhores cachorros de resgate do Brasil, que morreu com indício de ter contraído uma hemoparasitose.

            Para piorar a situação, os bombeiros daqui não contam com um único médico veterinário sequer, no corpo de servidores.

            Olha minha gente, tudo isso, só reforça nosso sentimento de solidariedade com os bombeiros militares de todo o Brasil. E nos traz a essa tribuna para fazer um registro de homenagem, mesmo já com a data oficial transcorrida.

            Os primeiros bombeiros militares surgiram na Marinha, devido os riscos de incêndio nos antigos navios de madeira. No Brasil, a primeira Corporação de Bombeiros foi criada pelo Imperador D. Pedro II em 1856 e foi somente em 1880 que seus integrantes passaram a ser classificados dentro de uma hierarquia militarizada.

            Apesar de terem sido inicialmente constituídos com a missão de combate a incêndios, as funções dos bombeiros estenderam-se para quase todas as áreas da proteção civil.

            Então, entre outras áreas, vemos nossos bombeiros atuando no combate a incêndios florestais, urbanos e industriais; nas emergências médicas pré-hospitalares; no salvamento aquático; em acidentes rodoviários e ferroviários; em acidentes elétricos; em acidentes com redes de gás e de matérias perigosas; no corte de árvores com risco iminente de queda; na captura de animais correndo ou oferecendo risco; no resgate de corpos ou bens submersos e na prevenção contra Incêndio e pânico.

            É muito risco pra pouco reconhecimento. Claro que estou me referindo ao salário e às condições de trabalho, porque a corporação é sim reconhecida e aclamada por todos os brasileiros. E merece ser!

            Para ostentar aquela farda é preciso ter muito mais do que sonhos, é preciso ter coragem para ir onde ninguém quer ir, para por em risco a vida por pessoas que nunca se viu, é preciso sangue-frio para manchar a farda com sangue e zelar por uma vida como sendo a mais importante de todas.

            É preciso saber que a mesma mão ensangüentada que se estende em busca de socorro, dificilmente virá a estender-se de novo em sinal de agradecimento.

            Para ser bombeiro, o homem ou a mulher precisam esquecer que existe Natal, Ano Novo ou Carnaval, porque enquanto o mundo festeja, os bombeiros precisam permanecer atentos e a alma pronta, sempre velando pela segurança daqueles que estão sob sua guarda.

            É um exercício diário de paciência, força e coragem.

            Para ser bombeiro o corpo precisa saber que não há diferença entre a madrugada fria, ou o verão quente, entre a água e o fogo, todos se igualam ao som das sirenes.

            Para ser bombeiro é preciso decididamente gostar de gente, pois para salvar uma vida humana, tudo o que se tem será posto à disposição, inclusive a vida do próprio bombeiro.

            Para ser bombeiro, é preciso saber que não vai ficar rico, que vai trabalhar muito, que será um abnegado, um apaixonado por aquilo que faz, mesmo pra receber um salário aviltante como lamentavelmente é o praticado no Rio de Janeiro.

            Fica aqui, portanto, minha homenagem singela, porém verdadeira aos soldados do fogo, das águas, de todas as emergências! O meu abraço, minha solidariedade e a minha saudação aos bombeiros de todo o Brasil, inclusive na pessoa do Coronel Raimundo Américo de Miranda, Comandante do Corpo de Bombeiros do Amapá. Que sejam atendidos nas suas reivindicações que são justas e urgentes.

            Era esta nossa fala.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2011 - Página 27036