Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar e consternação pelo falecimento do Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco. (como Líder)

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar e consternação pelo falecimento do Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2011 - Página 27051
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ITAMAR FRANCO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, SENADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ELOGIO, GESTÃO, ESTABILIZAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, sem dúvida uma das mais pesarosas missões dos homens públicos é se despedir de homens públicos da estatura do Presidente Itamar Franco.

            A consternação pelo seu falecimento comoveu todo o País, mas, de modo particular, entristeceu-me profundamente. Mantivemos, Srª Presidenta, Srs. Senadores, sempre uma relação muito fraterna, relação essa cujos desdobramentos, de certa forma, interferiram na história do País.

            A primeira delas - permitam-me citá-la - talvez a mais intensa e até mesmo acidentada, deu-se exatamente na formação da chapa presidencial que saiu vitoriosa na disputa de 1989, as primeiras eleições presidenciais brasileiras pós-ditadura. Tive a oportunidade de acompanhar a negociação que resultou na indicação de Itamar Franco, como Vice-Presidente, na chapa formada ao lado do Presidente Fernando Collor.

            Quis o destino que aquelas gestões fossem decisivas para o Brasil ocupar posição de destaque que ocupa nos dias de hoje. Apesar de ter durado dois anos - de 1992 a 1994 -, o Governo de Itamar Franco deixou uma marca definitiva na história do País e muitas lições para as futuras gerações. Em um curto período nos livramos do fantasma da hiperinflação, problema crônico que chegou ao ápice na década de 80 e no início da década de 90.

            Ao assumir a Presidência, Itamar elaborou, junto com uma equipe econômica chefiada pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real, considerado o mais bem-sucedido programa de estabilização monetária lançado para combater a inflação no País.

            O índice inflacionário era estratosférico. O Plano Real reorganizou o setor público e suas relações com a área privada, o que incluiu cortes e racionalização de gastos, recuperação da receita tributária, controle dos bancos públicos e um programa de privatizações. Além disso, o Plano freou o consumo com o aumento das taxas de juros e baixou os preços dos produtos por meio da abertura da economia à competição internacional.

            Quando o Plano Real completou um ano de vigência, o Brasil apresentava uma taxa de inflação de 2% ao mês. Graças à estabilização econômica, pudemos, no passo seguinte, distribuir riquezas e diminuir as diferenças sociais.

            Em um período mais recente, quando eu ainda ocupava o Ministério da Justiça, tive oportunidade de reeditar essa convivência com o Presidente Itamar Franco, quando exatamente ele disputou o governo de Minas Gerais pelo PMDB. Foi, novamente, Srª Presidenta, uma decisão acertada para o bem do Brasil e para o bem de Minas Gerais.

            Baiano de registro, mineiro por adoção e brasileiro de coração, Itamar se tornou um dos mais destacados homens públicos do Brasil. Isso pôde ser visto na Presidência da República, no governo de Minas Gerais e, também, nos três mandatos como Senador da República.

            Itamar entrou para a história por sua firmeza, determinação, patriotismo, retidão e, em muitas oportunidades, pelo traço enigmático, um “mistério das montanhas de Minas Gerais”, como ele próprio gostava de dizer.

            Era uma alma independente, irrequieta, simples e austera. Orgulhava-se de ter sido fundador do MDB - posterior PMDB - e, para perseguir seus sonhos, filiou-se a outros partidos, que sempre o acolheram com a devida reverência.

            Valho-me da acuidade do jornalista José Casado para definir melhor o Presidente: “Itamar Franco foi, verdadeiramente, um estadista. Um estadista tropical.”

            Em nome da Bancada do PMDB no Senado, em uma homenagem a sua família e às suas duas filhas, Georgina e Fabiana, eu gostaria de encerrar este discurso, discurso dizendo que essa é uma perda irreparável e que o Brasil ainda sentirá, por muitos anos, a falta de Itamar Franco.

            Que Deus o acolha da maneira que ele merece!

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2011 - Página 27051