Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Dia Nacional do Cooperativismo, ocorrido em 2 de julho, tecendo a cronologia do aparecimento do cooperativismo até nossos dias.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Dia Nacional do Cooperativismo, ocorrido em 2 de julho, tecendo a cronologia do aparecimento do cooperativismo até nossos dias.
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2011 - Página 27078
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, DIA INTERNACIONAL, COOPERATIVISMO, DETALHAMENTO, HISTORIA, CONSOLIDAÇÃO, MODELO, IMPORTANCIA, PRIORIDADE, ATENDIMENTO, INTERESSE, GRUPO, ELOGIO, COOPERATIVA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e nobres colegas, eu quero fazer uma análise, embora rápida, em homenagem ao Dia Nacional do Cooperativismo, que se festejou no dia 2, no último sábado.

            Antes, porém, quero fazer um registro aqui, neste plenário: eis que vejo a ilustre professora Ioli Rossato nas galerias desta Casa. Ela é Diretora-Presidente da Celer Faculdades, com sede em Xaxim, no oeste catarinense.

            E também registro, com muita alegria, a presença do Rafael Rossatto, que é Presidente do Instituto Regional de Desenvolvimento da Celer, da própria universidade. Então, eu quero fazer esse registro com muita alegria dessas duas personalidades que estão a visitar a nossa Casa.

            No mais, Sr. Presidente, nobres colegas, no último dia 2, comemorou-se mais um aniversário do cooperativismo no mundo: o Dia Internacional do Cooperativismo, este modelo econômico que une de forma exemplar o desenvolvimento econômico com o bem estar social. O cooperativismo é a prova viva do dito popular, “a união faz a força”.

            O conceito de cooperativismo é fundamentado na reunião de pessoas e não no capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual. Estas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa sócio-econômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes.

            O modelo surgiu na Inglaterra pós-Revolução Industrial, frente à dificuldade enfrentada pelos operários, com alta dos preços e queda de seu poder de compra. Em 1844, alguns poucos operários da cidade de Manchester, em sua maioria tecelões, uniram-se, criando um conjunto de regras e metas que permitissem ganhos maiores para todos os participantes. Criaram, então, o primeiro armazém cooperativo, com um capital de 28 libras.

            Nascia então a primeira cooperativa moderna do mundo. Ela criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base do cooperativismo autêntico. Em 1848, já eram - de 20 e poucos membros quando começou - 140 membros e, doze anos depois, chegou a 3.450 sócios, com um capital de 152 mil libras.

            O sistema aportou no Brasil um pouco mais tarde, no final do século 19, mas somente no século 20 consolidou-se e deu início à sua trajetória vitoriosa. Atualmente, são mais de 6.600 mil cooperativas, com cerca de nove milhões de associados, abrangendo 13 setores de atuação.

            Santa Catarina merece destaque nessa bem sucedida trajetória. Em agosto de 2010, segundo informações da Organização das Cooperativas Catarinenses, eram 255 cooperativas em atividade, que geraram receita da ordem de R$11,4 bilhões. Inicialmente, o número de cooperativas pode não parecer tão expressivo, impressão desmentida pela quantidade de cooperados: são mais de um milhão, em um Estado com pouco mais de seis milhões de habitantes. Ou seja, mais de 16,6% de nossa população são ligados diretamente ao cooperativismo. Se pensarmos que cada um desses cooperados compõe um núcleo familiar básico de quatro pessoas, o número de envolvidos cresce para mais de quatro milhões de pessoas, portanto, quase 70% da nossa população estadual.

            Vejam bem, se há um milhão de cooperados, geralmente são famílias, se formos desdobrar isso para quatro pessoas, vamos chegar a praticamente 70% da população catarinense que participa de um tipo de cooperativa. São 13 modalidades, mais ou menos. Ou é no agronegócio, ou é na cooperativa de crédito, ou é na cooperativa de um bairro, que formam, ou é nisso ou é naquilo, ou se ajudam de uma forma ou de outra. Então, isso envolve praticamente 70% da população catarinense.

            É impossível, nobres colegas, falar do cooperativismo catarinense sem lembrar da vital contribuição da Cooperativa Central Oeste Catarinense - aliás, de onde vêm a ilustre Diretora-Presidente da Celer, a Ioli, e o Rafael também, que são do oeste catarinense -, a Aurora, que fica naquela região, com sede em Chapecó, hoje um dos maiores conglomerados industriais do Brasil e referência mundial na tecnologia de processamento de carnes, com 13 cooperativas filiadas, mais de 70 mil associados e mais de 13 mil funcionários.

            A cooperativa foi fundada em 1969, por 18 homens que representavam oito cooperativas da região oeste do nosso Estado. Quase da mesma forma que, em 1844, vinte e poucas pessoas formaram a primeira cooperativa dos tecelões, operários tecelões, lá na Inglaterra, na cidade de Manchester. Praticamente a mesma coisa quando fundaram essa Cooperativa Aurora, do oeste catarinense. O objetivo deles era somente melhorar as condições do produtor rural de suínos e conseguir espaço no mercado. Nem imaginavam que chegariam tão longe, abastecendo todo o mercado nacional com uma grande variedade de produtos, além de ser uma das principais exportadoras de aves e suínos do País.

            Neste último sábado, Dia Internacional do Cooperativismo, a Aurora inaugurou, na cidade de Pinhalzinho, uma das maiores e mais modernas indústrias de produtos lácteos do País, com investimentos da ordem de R$180 milhões, gerando centenas e centenas de empregos diretos e milhares de empregos indiretos. Um negócio extraordinário.

            Serão processados diariamente 2,2 milhões de litros de leite, para produção de leite em pó, queijo, manteiga e outros derivados, que seguem para a mesa dos brasileiros. Veja bem, Sr. Presidente, 2,2 milhões de litros de leite diários. Esse leite é proveniente, na maioria das vezes, da produção de agricultores familiares. O oeste catarinense, aquela região ali e daquela parte do Rio Grande do Sul e do Paraná que compreendem aquela região, é de minifúndios, são pequenos produtores, geralmente com módulos de terras e seus proprietários, que conseguem incrementar sua renda fornecendo a cooperativas. São pequenos produtores que conseguem fomentar. Eles produzem ou criam suínos, um galinheiro, um pequeno reflorestamento e também o leite. São 2,2 milhões litros de leite por dia, e esses pequenos produtores aproveitam também para caracterizar nessa cooperativa um incremento às suas rendas.

            Quero ainda destacar um fato que denota a capacidade e força da união, tão próprias ao cooperativismo. Em abril de 2009, esta mesma fábrica, recém construída e ainda nem inaugurada, sofreu um grande incêndio, que consumiu mais de 4.000 m² de área construída, destruindo completamente seu principal núcleo de industrialização - fabricação de queijos, sala de fatiamento, câmara de estocagem, concentração de soro, pasteurização de leite e elaboração de requeijão e manteiga, almoxarifado e sala de embalagens.

            Digo isso porque o BRDE, banco que tive a honra de presidir não só como Presidente, mas também como Diretor, no dia em que, infelizmente, o fogo ateou, eu estava fazendo uma visita às instalações da cooperativa. E o BRDE tem participado muito diretamente do desenvolvimento da região Sul nesse empreendimento.

            Portanto, nobres colegas, essa inauguração de sábado, em Pinhalzinho, é repleta de simbolismo. Representa, de forma inequívoca, o princípio do modelo cooperativista, fundamentado na solidariedade humana, em que o bem-estar de todos se sobrepõe ao individualismo. É um sonho, sonhado junto, que virou realidade.

            São nossas considerações, Sr. Presidente e nobres colegas.

            Eu não podia deixar transcorrer este momento tão importante, tão interessante que houve em Santa Catarina, a inauguração dessa unidade da Cooperativa Aurora, e também de homenagear o Dia Internacional do Cooperativismo no mundo, desde o seu nascedouro, na cidade de Manchester, na Inglaterra, até os dias de hoje, a importância que isso reflete, não só para o meu Estado, que, no caso, é proeminente, mas também para o Brasil inteiro.

            Muito obrigado, Sr. Presidente e nobres colegas.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2011 - Página 27078