Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discordância do teor de matéria publicada pela revista Veja, desta semana, sobre a Universidade de Brasília, bem como do pronunciamento do Senador Demóstenes Torres na sessão de ontem, e outros assuntos.

Autor
Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Discordância do teor de matéria publicada pela revista Veja, desta semana, sobre a Universidade de Brasília, bem como do pronunciamento do Senador Demóstenes Torres na sessão de ontem, e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 07/07/2011 - Página 27350
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCORDANCIA, PRONUNCIAMENTO, DEMOSTENES TORRES, SENADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RELAÇÃO, POLITICA, COTA, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), PARIDADE, PROFESSOR, ALUNO, ESTUDANTE, ESCOLHA, REITOR.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CARTA, AUTORIA, REITOR, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), ENDEREÇAMENTO, PROFESSOR, ALUNO, FUNCIONARIO EFETIVO, RESPOSTA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezada Presidenta, prezados Srs. e Srªs Senadoras, nesse final de semana, a revista Veja publicou uma matéria muito dura sobre a Universidade de Brasília, que foi repercutida neste Plenário pelo Senador Demóstenes Torres.

            Quero registrar meu apreço e meu respeito pela revista Veja, como também pelo Senador Demóstenes Torres, mas, quero manifestar a minha discordância em relação ao teor da matéria e ao teor do pronunciamento do Senador Demóstenes Torres, entendendo que o equívoco da matéria é de ter ouvido apenas pessoas que têm divergências conhecidas ou até mesmo preconceitos ideológicos conhecidos contra as políticas desenvolvidas pela Universidade de Brasília, especialmente a política de quotas implantada por aquela Universidade e recentemente a política de paridade entre professores, alunos e estudantes na escolha do reitor.

            Mas, ironicamente, ainda hoje, o Correio Braziliense estampa essa matéria, mostrando que a Universidade de Brasília lidera o exame da Ordem, mostrando a qualidade do curso de Direito que, aliás, é um dos cursos citados na referida reportagem. E mostra que, entre todas as universidades brasileiras, a UnB foi a que melhor se posicionou no exame da Ordem, fazendo com que 67% dos seus estudantes tivessem passado no exame da Ordem, o que, para a diretora da Faculdade de Direito da UnB, Ana Frazão, mostra que isso se deve a fatores como a qualidade do corpo docente, o ambiente institucional da Universidade e a estrutura do curso que concilia as formações técnicas e teóricas.

            É importante ressaltar, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a UnB tem nota 6 a 7, que são as maiores notas dadas pela Capes, nos cursos de Geologia, Biologia Molecular, Antropologia, Matemática, Zootecnia, Relações Internacionais e Direito. E, na graduação, na avaliação do Enade, do MEC, tem a nota máxima nos cursos de Engenharia Florestal, Engenharia Civil, Mecânica, Elétrica, Engenharia de Redes, Administração, Contabilidade, Direito, Educação Física e Gestão do Agronegócio, recentemente implantado na cidade de Planaltina.

            O reconhecimento que a sociedade brasiliense tem pelo papel da Universidade de Brasília, reconhecidamente uma das melhores universidades do País, é claro. Recentemente, tivemos um problema na Universidade de Brasília. Tivemos uma grande enchente que danificou a universidade, e foi impressionante a mobilização da sociedade brasiliense, da população brasiliense em torno da Universidade.

            Ao fazer essa defesa da Universidade de Brasília, eu tive cuidado, até porque não faço parte da vida acadêmica, mas acompanho de perto a UnB. Procuro ajudar a Universidade de Brasília, cumprindo o meu papel como representante, seja como Deputado Federal que fui e agora como Senador, buscando recursos para a Universidade de Brasília.

            Eu tive o cuidado de ligar para vários professores amigos para saber a opinião deles sobre o conteúdo da matéria. E consultei professores que fizeram parte da gestão anterior. Consultei professores que apoiaram outras candidaturas a reitor da Universidade de Brasília, e todos foram unânimes em dizer, de forma categórica, que a matéria repercutida aqui pelo Senador Demóstenes Torres não representa a realidade da Universidade de Brasília, que prima pelo mérito acadêmico.

            É importante ressaltar que a UnB tem problemas, como todas as outras universidades brasileiras. Eu entendo, inclusive, que devemos aprofundar o debate sobre autonomia universitária e que a legislação em vigor que regulamenta o sistema de compras da universidade está totalmente superada, num ambiente em que a inovação tecnológica exige instrumentos de agilidade e de rapidez em função da competitividade internacional.

            Embora não tenha aqui delegação para fazer a defesa do Reitor José Geraldo, quero registrar que a cidade de Brasília conhece profundamente a trajetória do Reitor José Geraldo e, se há uma característica que não combina com a personalidade do Reitor José Geraldo, é a intolerância ou a perseguição ideológica.

            O Reitor José Geraldo é conhecido exatamente por sua tolerância, pelo seu espírito democrático, pela sua construção da cidadania e teve um papel importante na história dessa cidade e da nossa Universidade: quando a nossa Universidade foi ameaçada, foi agredida pela ditadura militar, o Reitor José Geraldo estava lá, defendendo os princípios democráticos e defendeu um número grande de pessoas perseguidas pela ditadura militar.

            E é uma pessoa reconhecida do ponto de vista acadêmico, pela sua produção, por vários livros que escreveu, por vários artigos publicados em diversos periódicos conceituados. Isso fez com que pessoas muito reconhecidas na nossa sociedade saíssem em solidariedade ao Reitor José Geraldo e à Universidade de Brasília, pessoas como Gilmar Mendes, como Cristovam Buarque, como a Professora Barbara Freitag, como Isaac Roitman, como o Professor Gustavo Lins Ribeiro, Aldo Paviani, o ex-Deputado Sigmaringa Seixas, o ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, José Carlos Moreira Alves. E, de forma categórica, ou por conhecer a trajetória do reitor ou por dar aulas na Universidade de Brasília e compartilhar da vida acadêmica, sabem que o conteúdo da matéria não reflete a realidade hoje existente na Universidade de Brasília.

            Eu acredito que todos nós que queremos construir um País melhor, um País justo, solidário, generoso, entendemos que a democracia passou a ser um bem inegociável, um bem fundamental, mas precisamos também fortalecer os instrumentos que darão à Universidade a capacidade de cumprir o papel estratégico que precisa cumprir para o Brasil.

            E faço aqui um convite a esta Casa: vamos aproveitar este debate para fazer um debate sobre o real papel das universidades. E quero registrar que, do ponto de vista da população de Brasília, a nossa expectativa em relação à Universidade de Brasília é muito grande e sei porque ando essa cidade toda e sei o que significa para a população de todo o Distrito Federal o fato de a Universidade de Brasília estar se instalando na cidade de Planaltina, do Gama, de Ceilândia, exatamente por causa do reconhecimento acadêmico.

            E é importante ressaltar que a eleição paritária foi instituída pelo Conselho Universitário da Universidade de Brasília, que é integrado por 62 professores, 16 estudantes e 10 técnicos administrativos. No que tange a essa avaliação feita no exame da Ordem, vários alunos foram beneficiários do sistema de cotas na Universidade.

            E, para finalizar, quero fazer um último registro em defesa da nossa querida Universidade de Brasília. Segundo a Abril Cultural, no seu último levantamento, a UnB foi considerada a melhor universidade pública no que se refere aos cursos de Ciências Humanas e Ciências Sociais.

            Ora, eu não preciso dizer que uma instituição que é considerada a melhor universidade em Ciências Humanas e em Ciências Sociais não pode conviver com qualquer tipo de patrulhamento ideológico. Portanto, quero fazer aqui esse registro.

            E, ao final, Srª Presidente, solicito que conste nos Anais desta Casa a carta enviada pelo Reitor José Geraldo de Sousa Júnior aos professores, funcionários e estudantes da Universidade de Brasília. Acho importante, como registro histórico, que essa carta integre os Anais desta Casa como parte do meu discurso. E faço esta solicitação formal a V. Exª, Srª Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR RODRIGO ROLLEMBERG EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 201, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

- Carta enviada pelo Reitor José Geraldo de Sousa Júnior aos professores, funcionários e estudantes da Universidade de Brasília.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/07/2011 - Página 27350