Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagens à mãe do presidente do Senado, José Sarney, dona Kyola, que faleceu em 2004, pelo centenário de seu nascimento, em 4 de julho.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagens à mãe do presidente do Senado, José Sarney, dona Kyola, que faleceu em 2004, pelo centenário de seu nascimento, em 4 de julho.
Publicação
Publicação no DSF de 07/07/2011 - Página 27362
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, PRONUNCIAMENTO, ORADOR, HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, MÃE, JOSE SARNEY, SENADOR, ESTADO DO AMAPA (AP).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Marta Suplicy; Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para uma tarefa das mais queridas, porém, das mais difíceis: tentar traduzir em homenagem o amor extremo de um filho por uma mãe.

            Pena que o jornal A Gazeta... No centenário de Dona Kiola, Sarney homenageia a memória da mãe.

            Peço que isto faça parte do meu pronunciamento, na forma regimental, para os Anais da Casa: “Os cem anos de Dona Kiola Sarney”, que vou anexar ao nosso pronunciamento.

            É uma tarefa das mais queridas, porém, como falei, das mais difíceis, o amor extremo de um filho por uma mãe. E, se falar de um relacionamento que envolve sentimentos tão complexos já é uma tarefa difícil, quanto mais quando esse filho é o nosso Presidente José Sarney, e essa mãe é a mulher a quem o Brasil aprendeu, carinhosamente, a chamar de Dona Kiola, Senador Wilson Santiago.

            Sim, essa mulher, essa mãe virtuosa estaria completando agora cem anos de vida.

            O nosso Presidente Sarney é um erudito, um homem que, entre tantas virtudes, foi agraciado com a clareza de pensamento e a intensidade da alma plena de poesia e lirismo. É esse homem, é esse filho que escreveu para sua mãe mensagens como: “Minha mãe sempre foi referência de amor, de confiança, esse porto onde todas as nossas aspirações e esperanças encontram amarras seguras.” “Dia e noite, céu claro ou tempestade, eu sabia que aí podia chegar tranquilo. Ela era o farol, era a luz, era o clarão.” Minha mãe me inspirou esse amor que não acaba, que não pode aumentar porque é infinito, que não se extingue porque sempre será sempre eterno.” Disse ainda o nosso Presidente Sarney: “Amei profundamente meu pai, mas meu amor por ele aumentou a cada dia através do amor eterno que lhe devotou minha mãe”.

            E, nessa hora, o nosso Presidente poeta admite o sentimento de vazio que experimentou após a morte da sua mãe querida. Ouçam, por favor:

Os meus vínculos com o passado, de repente, romperam-se. Todos estão mortos. Meus antepassados desapareceram. O último elo foi com Dona Kiola. Eles, agora, são lembranças e saudades. De mim, partem raízes que também um dia morrerão.

            E segue Sarney nos explicando a fundamentação de sua fé, quando diz: “Sei que existe fé, porque vi minha mãe professar a fé. Sei a força da oração porque vi minha mãe orar a vida inteira e tudo conseguiu orando, anos e anos, dias e noites agarrada às contas do terço.”

            Missão de mãe nunca é fácil, senhores. Agora, imaginem ser mãe em um clã político, cercado dos encantos e dos dissabores do poder, e ser capaz de guiar seus filhos sob a luz da humildade, com a consciência de que tudo na vida, inclusive o poder, é efêmero, é passageiro.

            Está o Deputado Paulo José aqui na tribuna nos honrando e o nosso assessor técnico, Deputado Erick Oliveira.

            Assim, como exemplo, fez Dona Kiola. Sua casa - conta-nos o Presidente Sarney - foi a vida inteira exemplo de simplicidade, de despojamento. Ela era pobre porque nunca quis ter nada. Escolheu para seu manto o vestido mais simples e pediu que seu caixão também fosse assim. E segue na ação de saudades: “Minha mãe era uma mulher forte, que argumentava pelo silêncio, comandava pelo exemplo.”

            E lá se vão cem anos. Um século. No dia 04 de junho de 1911, no Município de Correntes, no sertão pernambucano, nascia uma menina que recebeu o nome de Kiola e que, anos depois, migraria para o Maranhão com os pais Assuero Leopoldino e Maria Augusta. E aquela flor simples do sertão nem sabia que daria sopro de vida a um filho que alcançaria o maior posto da Nação, a Presidência da República, e seria avó da primeira, Srª Presidente, mulher eleita governadora da história do Brasil, a nossa ex-Senadora Roseana Sarney, Governadora do Estado do Maranhão.

            Com a fibra de mulher nordestina, foi exemplo de resistência e contemporânea de gerações que pertenceram a três séculos e acompanhou, à distância, todos os grandes acontecimentos que marcaram o século XX, inclusive duas guerras mundiais. Testemunha de uma história intensa, ela viu o mundo transformar-se, o Brasil, o Maranhão.

            Em julho de 1927, Dona Kiola conheceria o grande amor de sua vida, Sarney de Araújo Costa, membro de tradicional família, estudante de Direito em São Luís, a quem dedicou sua graça e sua força de mulher.

            Vieram os filhos, o tempo de escola, a oportunidade de deixar seu legado ao mundo. À professora das crianças, advertiu: “Palmatória nos meninos nem pensar, pois, lá em casa, ela não é usada nem para abanar fogo”, palavras da D. Kiola, que se parece muito com o exemplo da minha mãe, dos meus pais.

            E os filhos iam crescendo e tomando seu destino de acordo com as possibilidades das escolas existentes. O filho José precisava submeter-se ao Exame de Admissão e teria que se separar de sua família. Seu destino seria São Luís. Aprovado no colégio dos Irmãos Maristas, começou a palmilhar pelos caminhos que o levariam ao sucesso intelectual e à glória política.

            Evandro, aprovado no Exame de Admissão para o Liceu Maranhense. E, dali, seguiriam seus destinos políticos e intelectuais.

            Os anos se passaram, vieram as alegrias, as dores, o renovar de esperanças, as perdas afetivas. Mas, se Deus não a tivesse levado para o convívio celestial, hoje, certamente, do alto dos seus cem anos de vida, D. Kiola estaria sendo abraçada e gratificada pelo amor devotado de seus filhos, netos, bisnetos, filhos adotivos e pelo número incontável de amigos que amealhou ao longo da vida.

            Nosso registro é muito simples, senhores. E a lembrança de D. Kiola, naquela que seria a celebração de um século de vida, remete-nos, de forma emocionada, à lembrança de nossas próprias mães.

            Eu, que ainda tenho a graça de ter minha mãe ao meu lado, a D. Cícera, que, neste momento, está nos assistindo, posso, contudo, entender o suspiro de tristeza no coração de quem já precisou dar à própria mãe o derradeiro adeus.

            Os mais queridos e amorosos anjos de Deus decerto fazem hoje a festa de D. Kiola no céu. E nós, com humildade e carinho, fazemos...

(Interrupção do som.)

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Para encerrar, Sr. Senador.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP) - ...uma festa permeada de lembranças doces, de sorrisos, de abraços, de ternura, que seguem vivos no coração dos filhos de nossa homenageada, D. Kiola, de Pernambuco, da Paraíba, do Maranhão, D. Kiola do Brasil.

            O Senador Gilvam Borges levou o abraço do Amapá agora, no dia 04 deste mês, na segunda-feira passada, à família do Presidente Sarney, que com muita honra representa o nosso Estado.

            Eu peço desculpa, peço vênia a V. Exª por ter excedido o tempo e por ter feito um discurso um pouco atípico do usual, mas aqui sai uma homenagem do coração deste Parlamentar.

            Agradeço a V. Exª.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR GEOVANI BORGES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Cem anos de Dona Kyola Sarney.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/07/2011 - Página 27362