Pronunciamento de Wilson Santiago em 16/05/2011
Fala da Presidência durante a 73ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.
- Autor
- Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: José Wilson Santiago
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16309
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
O SR. PRESIDENTE (Wilson Santiago. Bloco/PMDB - PB) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial destina-se a comemorar o 120º aniversário do Jornal do Brasil, nos termos do Requerimento nº 410, de 2011, do Senador Marcelo Crivella e outros Senadores.
Convido para compor a Mesa o autor do requerimento, Senador Marcelo Crivella; a Drª Ângela Moreira, Presidente do Jornal do Brasil; o Diretor Institucional Reinaldo Paes Barreto; o Editor Executivo Marcelo Migliaccio; o Editor Humberto Tanure; e o Sr. Mauro Santayana, jornalista conhecido por todos.
O Senado Federal não poderia deixar passar a oportunidade de prestar merecida homenagem aos 120 anos de existência do Jornal do Brasil. Não há qualquer exagero em afirmar que a história do periódico se confunde com a própria história do jornalismo nacional, razão pela qual saúdo o Senador Marcelo Crivella, autor do Requerimento que possibilitou a realização desta Sessão Especial.
O Jornal do Brasil foi fundado no dia 9 de abril de 1891 por Rodolfo de Souza Dantas, ex-Ministro do Império, menos de dois anos após o advento da República. Nasceu, portanto, em período conturbado - e seus primeiros anos refletiram um comportamento dual, ora em defesa da Monarquia, ora transigindo com a nascente República.
Desde o início, o Jornal do Brasil se destacou por, pelo menos, três fatores. Primeiro, uma postura empresarial avançada, com forte capitalização e abertura para as modernas técnicas empresariais em curso na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo, pelo rol de destacados colaboradores, gente como o crítico literário José Veríssimo, autor de uma bela história da literatura brasileira, o gramático Said Ali, grande conhecedor da língua portuguesa ou, ainda, ninguém menos do que o ilustre Barão do Rio Branco. Um pouco mais tarde, contou com Joaquim Nabuco e o grande Rui Barbosa.
Terceiro, pelo esforço de inovação tecnológica, com a compra de modernos equipamentos importados, a constituição de um parque gráfico sem similar no País e as constantes inovações de apresentação gráfica.
Nesse quesito, aliás, o JB protagonizou duas das mais importantes reformas inovadoras de que se tem notícia em todo o Brasil. Em 1907, com novos equipamentos, o JB trouxe a cor e a predominância das caricaturas, a qual veio a se tornar uma espécie de marca registrada do jornal. A outra, já na era do comando da Condessa Pereira Carneiro, coordenada por Nascimento Brito e por uma equipe notável de jornalistas e artistas, consumou-se no ano de 1959 - e veio a se tornar a mais influente reforma da história do jornalismo brasileiro.
Como reflexo desse trinômio, a qualidade editorial atingida fez-se refletir nas tiragens do jornal. De acordo com o professor Muniz Sodré, da Escola de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o JB alcançou, em 1902, a extraordinária tiragem de 62 mil exemplares. À mesma época, o argentino La Prensa, o maior jornal da Argentina, considerado o maior diário da América do Sul, não ultrapassava os 50 mil exemplares.
Para nossa alegria, Srª Presidente, no nosso Estado, a Paraíba, ainda criança, na era de 1980, já testemunhávamos, mesmo chegando à tarde, após o expediente, que o Jornal do Brasil era um dos mais lidos à época.
Obviamente, nem só de sucessos tem vivido o mais que centenário periódico. Várias crises econômicas o vitimaram, e sua fase de ouro, entre os anos 50 e 80 do século passado, já não perdura nos dias atuais, como é do conhecimento de todos nós. Porém, não é impossível que o Jornal do Brasil retome o antigo vigor, pois a sua história está repleta de recuperações.
Srªs e Srs. Senadores, demais integrantes da Mesa, eu ousaria dizer que a maior característica do Jornal do Brasil não se resume ao tripé há pouco mencionado. O dinamismo, a influência, o sucesso editorial, tudo isso deriva de um capital imaterial que o JB soube consolidar ao longo de generosas décadas: a sua credibilidade. Ela nasceu de sua postura independente, liberal, crítica, capaz de dar azo aos mais diversos debates, sob quaisquer ideologias, desde que democráticas, como é do conhecimento de todos nós.
Os próximos oradores têm muito a dizer sobre o percurso do Jornal do Brasil nestes 120 anos e, quem sabe, sobre o futuro que aguarda, com certeza, não só o Jornal do Brasil, como também toda a imprensa nacional, por meio dos seus próprios meios de comunicação.
Era só. No mais, quero parabenizar o Jornal do Brasil por esta data marcante na história da imprensa brasileira. O próprio Presidente Sarney, que, por outras razões, aqui não pôde estar, pediu-me que transmitisse a vocês, a todos que fazem o Jornal do Brasil, a sua alegria, o seu desejo de aqui estar e também de, ao lado de vocês, comemorarmos esta grande data, data histórica, com certeza marcante, não só na história do Jornal, como também na história do próprio jornalismo nacional. (Palmas.)