Discurso durante a 119ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Alerta para a relação entre evasão escolar e criminalidade.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Alerta para a relação entre evasão escolar e criminalidade.
Publicação
Publicação no DSF de 12/07/2011 - Página 28867
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, PESQUISA, ECONOMISTA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), COMPROVAÇÃO, RELAÇÃO, AUMENTO, CRIME, ABANDONO, ALUNO, ENSINO, NECESSIDADE, UNIÃO, ESFORÇO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO MUNICIPAL, VALORIZAÇÃO, EDUCAÇÃO, INCENTIVO, ESTUDANTE, PERMANENCIA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente desta sessão, Senador Ataídes Oliveira, meu caro Senador Inácio Arruda, grande representante do Estado do Ceará, V. Exª que, brilhantemente, vem exercendo, ao longo desses anos, a liderança do PC do B nesta Casa, por esta razão é que merece o nosso reconhecimento, por tudo aquilo que V. Exª tem feito não só em favor do Ceará como também em favor de toda a Paraíba, especialmente do Nordeste inteiro.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, profissionais da imprensa, demais senhores e senhoras, recentemente, tese acadêmica intitulada Dois ensaios acerca da relação entre criminalidade e educação, Senador Inácio Arruda, do economista Evandro Teixeira, confirma que o abandono da escola aumenta a violência. Vejam os senhores, mais um dado que cada vez mais justifica o aumento da violência no nosso Brasil. A notícia veiculada pela agência da Universidade de São Paulo confirma, ainda, que a violência na escola gera baixo rendimento escolar.

            É óbvio que nem todos que se evadiram da escola cometerão atitudes violentas. Quem deixa a escola tem tanto a possibilidade de virar membro, Senador Eduardo Suplicy, de uma gangue quanto de simplesmente estar excluído do mercado de trabalho formal.

            O estudioso da USP concluiu que a criminalidade aumentou em 51%, de 2001 a 2005, por conta exclusiva da evasão escolar.

            Dados atuais, Sr. Presidente, continuam no mesmo patamar: acima de 50% da violência no Brasil é exatamente pela contribuição e pelo aumento da evasão escolar.

            Para o estudo, foram captados dados sobre a taxa de evasão escolar no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Estatísticas referentes a taxas de homicídio, Senadora Ana Amélia, foram obtidas junto ao Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) para a análise da criminalidade até então existente em nosso Brasil. Já as informações socioeconômicas sobre desemprego, na faixa etária de 15 a 24 anos, Senador Inácio Arruda, - onde nós sabemos, somos conscientes de que temos 3,4 milhões a 3,5 milhões, isso variando de 2001 até o ano passado, até 2010. Já as informações socioeconômicas sobre desemprego, na faixa etária de 15 a 24 anos, Senador Inácio Arruda, - onde nós sabemos, somos conscientes de que temos 3,4 milhões a 3,5 milhões, isso variando de 2001 até o ano passado, até 2010, então, 3,4 milhões a 3,5 milhões de jovens de 18 a 24 anos não trabalham e também não frequentam a escola, portanto, são desocupados; esses são dados que justificam cada vez mais a violência no Brasil - e a taxa de mortalidade infantil e desigualdade de renda vieram do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E os gastos com segurança pública todos nós sabemos que vêm do Tesouro Nacional, Senadora Ana Amélia, repetindo as informações que V. Exª já sabe.

            No passado, tínhamos a máquina como destaque na produção, mas, neste século, o conhecimento será, sem dúvida, o destaque da produção. O brasileiro é, reconhecidamente, um ser criativo, mas sem o conhecimento temos uma riqueza subutilizada. Cada ideia gerada pela criatividade, associada ao conhecimento, tende a gerar outras ideias e essas se tornarão o principal gerador de riquezas de nosso País.

            A Presidenta Dilma, como todos nós temos conhecimento, é sensível a essa realidade e vem, sistematicamente, incentivando programas federais que possibilitem a universalização do ensino, demonstrando que uma das suas prioridades à frente do Governo Federal é a educação. E nós, Senadores, temos a comprovação de que, na verdade, o trabalho e a intenção do próprio Governo, no que se refere à qualificação profissional, à interiorização das universidades públicas, à extensão dos cursos para que de fato o Brasil tenha em todo o seu território nacional universidade pública para atender à demanda pelo menos daquilo que é possível, com certeza, a Presidenta Dilma tem feito isso, a exemplo do ex-presidente. Temos, nesse momento, não só o dever de reconhecer isso, como também de parabenizá-la pelo trabalho que tem de fato exercitado nesse sentido.

            Mas, queremos mais, porque sabemos que todos os dados, todos os índices nos direcionam no sentido de melhorar, de valorizar os profissionais da educação e de dar oportunidade aos jovens para ter acesso à educação.

            Com certeza, não só contribuiremos com uma melhor geração de oportunidade de trabalho para essas pessoas no que se refere à qualificação, como também teremos condições, daremos condições de contribuir com a diminuição da violência, já que uma grande fatia dessa população está de fato integralizada pelos jovens desempregados, sem oportunidades de trabalho e sem oportunidades de renda.

            Por essa razão é que temos, Sr. Presidente Ataídes Oliveira, de fato, que fazer esses apelos nesta Casa, desta tribuna, para que não só o Governo cada vez mais se sensibilize com programas integralizados, não só de iniciativa do Governo Federal como também dos governadores dos Estados, dos prefeitos dos Municípios, para que juntos tenhamos condições de melhorar, não só a qualidade da educação neste País, como também a valorização dos profissionais de educação, começando pelo professor. E, além disso, dando oportunidade, com mais espaços físicos e com melhor qualificação, no que se refere ao acesso do alunado, e condições para que o aluno permaneça na escola e de lá saia um técnico, um profissional preparado, qualificado para enfrentar os desafios que os tempos deste mundo da globalização nos têm oferecido. E obrigado que cada um aprenda uma profissão, para que se tenha com isso um melhor acesso ao mercado de trabalho.

            Em um discurso realizado, recentemente, a Presidenta afirmou que “O acesso à educação produz uma revolução pacífica”. O acesso à educação, Senador Inácio Arruda, produz uma revolução pacífica, sim - falou a Presidenta. “A arma é a dedicação dos professores, dos diretores e a vontade de conhecimento dos alunos”.

            Precisamos, sim, repito, integralizar todo esse pensamento, com a valorização do professor, com o incentivo a cada aluno e a cada pai de família para que coloquem os seus filhos na escola e com isso se tenham condições de, num futuro próximo, contribuir com o desenvolvimento e com o bem-estar do próprio Brasil.

            Sr. Presidente, demais Senadoras e Senadores, vários são os caminhos para o combate à violência. Um dos mais significativos desses caminhos é possibilitar que a educação chegue a todos os brasileiros e a todas as regiões do País. E para que isso seja concretizado é necessário dar incentivo e contribuir para que o programa de interiorização das universidades públicas, os programas de capacitação, os programas de aperfeiçoamento de mão de obra, os programas de interiorização das escolas técnicas. Tudo isso contribui, Senador Ataídes, para aquilo que todos nós sonhamos, que é um Brasil igual e melhor para todos.

            Com esse pensamento, tenho certeza de que não só estamos cumprindo o nosso dever nesta Casa, como também estamos ajudando os brasileiros e as brasileiras a de fato terem oportunidade de vida, terem aquilo que muitos de nós não tivemos no passado.

            Mas, como os tempos são outros, temos que contribuir e ajudar as coisas não só a se facilitarem, como também com a extensão e o pensamento do Governo, interligado, sim, com os Estados e os Municípios, para uma melhor educação e um melhor aproveitamento do jovem, do cidadão brasileiro, orientando-o para melhores caminhos, digo até para um futuro promissor.

            Um dos mais significativos desses caminhos é possibilitar, repito, que a educação seja cada vez melhor para todos. O estudo que citei anteriormente deve mais uma vez nos alertar para a importância da educação no nosso País. Ele pode se tornar um balizador para novos programas, além de alertar a sociedade civil para a sua responsabilidade e participação nessa grandiosa empreitada.

            Sr. Presidente, agradeço muito a atenção de V. Exª, como também a atenção, e digo até a cessão de parte do tempo, do Senador Inácio Arruda, exemplificando aquilo que a Senadora Ana Amélia sempre faz: ela não faz questão de ser nem a primeira nem a segunda oradora, ela fez questão é de falar.

            Então, agradeço, Senador Inácio Arruda, a oportunidade que V. Exª me deu, com o consentimento do Sr. Presidente e a tolerância da Senadora Ana Amélia, e quero dizer que esse assunto é de significativa importância para todos nós brasileiros, especificamente aqueles que têm compromisso com a educação, que têm compromisso com a diminuição da violência, para os que contribuem para que se tenha mais emprego, mais renda, e melhor qualidade de vida para a população brasileira.

            Agradeço, mais uma vez, repito, a tolerância de todos e com certeza vamos em frente que, se Deus quiser, teremos condições de contribuir muito para o bem-estar da maioria dos brasileiros.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/07/2011 - Página 28867