Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro das ações que estão sendo desenvolvidas, pela oposição, no combate aos escândalos sucessivos de corrupção, ocorridos no governo federal, em especial no Ministério dos Transportes.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Registro das ações que estão sendo desenvolvidas, pela oposição, no combate aos escândalos sucessivos de corrupção, ocorridos no governo federal, em especial no Ministério dos Transportes.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2011 - Página 31111
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, LIDERANÇA, BANCADA, OPOSIÇÃO, ENUMERAÇÃO, PRIORIDADE, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), SOLICITAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), URGENCIA, JULGAMENTO, AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, nos reunimos há pouco na Liderança do PSDB, nossa bancada de Senadores, com lideranças da Câmara dos Deputados, do nosso partido e dos Democratas, para debatermos o momento que estamos vivendo no País, com escândalos sucessivos de corrupção que refletem a existência de um modelo promíscuo que tem de ser destruído. Decidimos, nessa reunião, priorizar a instalação da CPI dos Transportes. Isso porque, embora outros escândalos tenham ocorrido nos últimos dias, o primeiro deles atingiu o Ministério dos Transportes, e avançamos nas providências para a instalação de comissão parlamentar de inquérito: já são 23 assinaturas, e estamos dependentes de mais 4 para que a CPI se viabilize e possa ser instalada. A prioridade, portanto, é a CPI dos Transportes.

            Em que pese o fato de estarmos convocando ministros de outras áreas, em razão das denúncias veiculadas pela imprensa nos últimos dias, mais precisamente o Ministro das Cidades, o atual Ministro dos Transportes, o Ministro da Agricultura, o Ministro do Desenvolvimento Agrário e o Ministro das Minas e Energia, em que pese a convocação desses ministros, nós entendemos que uma CPI a respeito das denúncias que envolvem o Ministério dos Transportes seria fundamental para oferecer um diagnóstico do modelo vigente, seria uma espécie de fotografia desse modelo de promiscuidade que compromete a gestão sob o ponto de vista da qualidade técnica e facilita a prática da corrupção. Esse é o modelo do loteamento de cargos.

            Na área do Ministério dos Transportes, o loteamento se deu de forma abrangente e completa. Todas as superintendências do Dnit foram loteadas, o Ministério passou a ser propriedade de um agrupamento político que fez uso dele de forma indevida e desonesta.

            Disse ontem desta tribuna: onde fica a altivez desta tribuna, a majestade desta Mesa e a grandeza deste Plenário se ficarmos contemplativos diante de tantos escândalos, omissos, assinando a carta da cumplicidade diante de tantos desvios?

            O Ministério dos Transportes pode ser uma contribuição importante se a investigação se der de forma cabal e eficiente. Obviamente, o que não se admite é amordaçar a CPI, impedindo-a de investigar se for instalada. Mas, certamente, se pudermos trabalhar e aprofundar as investigações, ofereceremos um diagnóstico fundamental para que a Presidente da República tenha os argumentos necessários e suficientes para sepultar esse modelo de loteamento de cargos públicos que tantos escândalos vem produzindo no País.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de outro lado, a oposição decide que irá, representada pelos presidentes dos partidos e pelas lideranças nas duas Casas, ao Supremo Tribunal Federal para formular um apelo a fim de que as Ações Diretas de Inconstitucionalidade que foram protocoladas ao longo desses meses sejam julgadas prioritariamente.

            Há que se respeitar o direito da minoria de exercer a atividade precípua de investigar o Governo e contrariar os seus atos quando considerados contrários ao interesse público. Não há uma Ação Direta de Inconstitucionalidade protocolada pela oposição que não tenha o objetivo de preservar a Constituição do País, de defendê-la contra as afrontas reiteradas praticadas aqui no Congresso Nacional, transformado em verdadeiro almoxarifado pelo Executivo na edição de medidas provisórias que exorbitam.

            De outro lado, os partidos irão também à Procuradoria Geral da República, para o encaminhamento de representações com as denúncias que apresentam indícios de seriedade e, obviamente, para obter respostas da Procuradoria sobre os procedimentos adotados para a investigação judiciária indispensável, exigida para que as responsabilizações civil e criminal possam ocorrer, alcançando os envolvidos nessas denúncias.

            Há, também, o propósito da oposição de visitar o Corregedor-Geral da União para dele obter esclarecimentos sobre os procedimentos que estariam sendo adotados para investigar as últimas denúncias.

            O que estamos constatando é que não há sinceridade nessa manifestação de vontade política de que estaria existindo, por parte da Presidência da República, a chamada “faxina”. Ora, demitir subalternos, demitir coadjuvantes, sem responsabilizar os protagonistas essenciais desses escândalos de corrupção, não se pode considerar limpeza. Ao contrário, é escamotear a realidade. Não se promove limpeza e mudança de modelo sem, por exemplo, determinar a corrupção. Se há demissão, é porque as irregularidades foram constatadas e reconhecidas pelo Governo. Se o Governo não reconhecesse a existência de irregularidades, não promoveria as demissões. Portanto, irregularidades existem. O importante é saber quem são os protagonistas principais, de onde vem a voz de comando, a determinação, quem são os operadores do sistema e quem, afinal, são seus beneficiários. Sem isso, não há limpeza. Sem isso, o que há é um ato de escamotear, de mistificar, de encenar, na tentativa de ludibriar a opinião pública do País, blindar corruptos e, lastimavelmente, consolidar um enorme prejuízo aos cofres públicos, já que os desvios, nos últimos oito anos e meio, são bilionários.

            Portanto, Srª Presidente, minha presença nesta tribuna tinha este objetivo: trazer informações sobre ações que estão sendo desenvolvidas pela oposição. E quando alguém vem a esta tribuna e diz estar disposto a colaborar com a Presidente da República, a contestação que podemos oferecer é que não basta o discurso. Para colaborar com a Presidente é preciso ação. A ação agora é de investigação. No Parlamento, investigação se faz através de Comissão Parlamentar de Inquérito, investigação para o diagnóstico, a fim de que o modelo que tem de ser condenado possa ser...

(Interrupção do som.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Fora do microfone.) - ...sepultado definitivamente. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2011 - Página 31111