Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a passagem do 25º aniversário de falecimento do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a passagem do 25º aniversário de falecimento do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2011 - Página 31222
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, INTELECTUAL, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o Senado Federal nesta sessão de hoje uma justa homenagem ao nordestino do Rio Grande do Norte, Luiz da Câmara Cascudo. Trata-se de uma oportuna e feliz proposta feita pelo senador Paulo Davim, conterrâneo do homenageado, e que lembra os 25 anos da morte de Câmara cascudo, ocorrida em 30 de julho de 1986, em Natal.

            Câmara Cascudo foi um dos mais importantes estudiosos do folclore e da etnografia brasileira, e, particularmente, do Nordeste. Reconhecido nacional e internacionalmente por suas incontáveis, e importantes obras, o alcance de seus estudos vão bem além do seu querido Rio Grande do Norte. Quando ainda vivia, foi alvo de significativas homenagens prestadas pelos paraibanos, especialmente pela Universidade Federal da Paraíba.

            Um pouco da vida e da obra de Câmara Cascudo torna-se importante neste momento. Filho de um coronel e de uma dona de casa, de família abastada, Luís da Câmara Cascudo estudou no Externato Coração de Jesus, um colégio feminino dirigido por religiosas. Teve professores particulares e depois, por vontade do pai, transferiu-se para o Colégio Santo Antônio.

            Durante a adolescência, teve fama de namorador, mas acabou apaixonando-se por uma moça de dezesseis anos, Dália, com quem se casou em 1929. Tiveram dois filhos, Fernando Luís e Ana Maria Cascudo.

            Câmara Cascudo exerceu várias funções públicas, entre as quais professor, diretor de escola, secretário do Tribunal de Justiça e consultor jurídico do Estado. Como jornalista, assinou uma crônica diária no jornal "A República" e colaborou para vários outros órgãos de imprensa do Recife e de outras capitais.

            Na política, foi divulgador da ideologia integralista (uma adaptação brasileira do fascismo, exercendo militância na imprensa. Mas, logo desencantou-se com o fascismo, tomando a defesa das forças democráticas na luta mundial contra o nazismo e o fascismo. Em 1951 tornou-se professor de Direito Internacional Público na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

            Três anos mais tarde, lançou a sua obra mais importante como folclorista, o "Dicionário do Folclore Brasileiro", obra de referência no mundo inteiro. No campo da etnografia, publicou vários livros importantes como "Rede de Dormir", em 1959, "História da Alimentação no Brasil", em 1967, e "Nomes da Terra", em 1968. Publicou depois, entre outros, "Geografia dos Mitos Brasileiros", com o qual recebeu o prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras.

            Em seu livro "Vaqueiros e Cantadores", Câmara Cascudo narra histórias não só do Rio Grande do Norte. mas, também, da Paraíba. Histórias contadas pelo povo, com quem adorava conviver.

            Como ele próprio admitiu, um dia, era um provinciano incurável, pois nunca aceitou sair de sua terra, apesar de convites feitos em momentos diversos por Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães e Juscelino Kubitschek.

            Em 1965, Câmara Cascudo escreveu uma obra definitiva, "História do Rio Grande do Norte", coligindo pesquisa sobre sua terra natal, da qual jamais se desligou. Sua obra completa, densa e vastíssima, engloba mais de 150 volumes. O pesquisador trabalhou até seus últimos anos e foi agraciado com dezenas de honrarias e prêmios. Morreu aos 87 anos.

            Assim, pela importância que tem Câmara Cascudo, não somente para o Rio Grande do Norte, para a Paraíba, mas, também, para o Brasil, junto-me aos que neste instante prestam esta homenagem à sua memória. Faço isto para ressaltar, sobretudo, a importância de seus estudos na compreensão do Brasil, e o significado de sua vida, a servir de exemplo para as gerações de hoje e de amanhã.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2011 - Página 31222