Fala da Presidência durante a 129ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos quatrocentos e vinte e seis anos de fundação do Estado da Paraíba.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quatrocentos e vinte e seis anos de fundação do Estado da Paraíba.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2011 - Página 31625
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), COMENTARIO, HISTORIA, FUNDAÇÃO, ESTADO DEMOCRATICO.

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cícero Lucena, paraibano; paraibano também que muito nos honra, Senador Vital do Rêgo Filho; Senador Geovani Borges; demais Senadores e representantes de outros Estados nesta Casa, profissionais da imprensa, filhos paraibanos de várias cidades da Paraíba, inclusive a nossa Uiraúna, demais senhores e senhoras, poetas Oliveira de Panelas e Jomacir, representando a cultura paraibana e nordestina, meus senhores e minhas senhoras, o Senado da República reúne-se em sessão especial, neste momento, para uma devida homenagem ao nosso Estado, a Paraíba, que, na última sexta-feira, 5, aniversariou.

            Com efeito, há 426 anos, em 5 de agosto, dia de Nossa Senhora das Neves, estando Portugal sob o domínio da Espanha, onde reinava D. Filipe II, coroado Rei de Portugal como D. Filipe I, foi fundada a cidade de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, o que marca não apenas a fundação da cidade, mas também a fundação da Paraíba.

            Neste momento em que o Brasil inteiro nos acompanha pela Rádio Senado e pela TV Senado, um pouco de história é importante para conhecimento da Nação sobre a fundação da Paraíba.

            João Pessoa já nasceu cidade, sendo a terceira mais antiga de todo o País, consolidando-se, no correr da história, como capital da província e, posteriormente, do Estado, um Estado berço de muitas tradições culturais e de grandes rasgos de heroísmo em diversos momentos da história brasileira.

            Por falar em tradições culturais, Sr. Presidente, Sr. Senador Vital, Sr. Senador Cícero Lucena, cumpre, antes dos relatos históricos. registrar a participação de paraibanos na Academia Brasileira de Letras.

            O primeiro paraibano imortal foi Antônio Joaquim Pereira da Silva, nascido em Araruna, sendo poeta e jornalista. Na seqüência, foi eleito para a Academia o jornalista Assis Chateaubriand, nascido em Umbuzeiro, tão conhecido das gerações brasileiras de ontem e de hoje. Depois veio o grande escritor José Lins do Rego, nascido em Pilar, de muita tradição na literatura brasileira, como é do conhecimento de todos nós.

            Também escritor de renome, José Américo de Almeida, nascido em Areia, político de grande relevo na chamada República Nova, instalada com a Revolução de 30, da qual ainda vamos falar, foi mais um paraibano a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Depois foi a vez do General Aurélio de Lyra Tavares, nascido na capital, João Pessoa. Outro paraibano, este de peso internacional, nascido em Pombal, o nosso conhecido e estimado Celso Furtado foi eleito em 7 de agosto de 1997, para a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras.

            Atualmente, entre os imortais que ocupam cadeiras na ABL, encontra-se o paraibano, nascido na capital, Ariano Suassuna, citado anteriormente pelos nossos repentistas, intelectual, escritor, teatrólogo e ardoroso defensor da cultura nordestina e brasileira. Ariano é uma das glórias da cultura nacional, radicado hoje em Pernambuco e que bem representa a força dos intelectuais nascidos em nossa terra, a Paraíba. Uma terra que foi também do poeta Augusto dos Anjos, que bem poderia ter chegado à Academia, não tivesse uma vida tão curta, falecendo antes dos trinta anos de idade.

            No aspecto cultural, convém citar, pela expressão de suas obras, compositores, músicos, letristas e intérpretes da estatura de Jackson do Pandeiro, conhecido internacionalmente; Geraldo Vandré, José Ramalho, Chico César, Vital Farias, Cátia de França, Radegundes Feitosa, Canhoto da Paraíba, um grande profissional, como é do conhecimento de todos, e o nosso saudoso Sivuca, que todos nós conhecemos na história recente, além de Roberta Miranda, Genival Lacerda, Genival Macedo, Marinês, a nossa grande Elba Ramalho, paraibana conhecida no Brasil inteiro e internacionalmente, José Siqueira, Antônio Guedes Barbosa, David de Sá, Renata Arruda e tantos outros.

            Na pintura, as obras de Pedro Américo, nascido em Areia, as de João Câmara e as de Antônio Dias continuam encantando, como todos nós temos conhecimento, pelo mundo afora.

            No cinema, Walfredo Rodrigues, autor de clássicos do cinema documentário, Wladimir Carvalho, Walter Carvalho, Linduarte Noronha - este, para muitos, o iniciador do cinema novo, do atual cinema existente -, Wills Leal, Ipojuca Pontes, entre outros.

            No teatro e na TV, Paulo Pontes, Bráulio Tavares, Fernando Teixeira, Marcélia Cartaxo, Marcus Vilar, Torquato Joel, José Dumont, Mayana Neiva, entre outros conhecidos por todos nós.

            No jornalismo, o próprio Assis Chateaubriand, já citado nos imortais, Ascendino Leite, José Nêumanne Pinto, entre outros, são nomes do Estado que pontificaram e pontificam na imprensa nacional.

            E, na política, foram inúmeros os Ministros, em diversos momentos da República, filhos da Paraíba, destacando-se, certamente, a figura de Epitácio Pessoa, nascido em Umbuzeiro e que exerceu a Presidência do Brasil entre os anos de 1919 e 1922. Epitácio Pessoa foi, ainda, Deputado Federal em duas oportunidades, Ministro da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, Procurador-Geral da República, Senador por três vezes, Chefe da Delegação Brasileira junto à Confederação de Versalhes e Juiz da então Corte Internacional de Haia.

            A conquista da Paraíba foi um dos mais difíceis empreendimentos da Coroa Portuguesa. Antes, existia a Capitania de Itamaracá, que englobava Pernambuco e parte da atual Paraíba. Em 1574, aconteceu a famosa tragédia da propriedade de Tracunhaém, quando todos os seus moradores, do senhor de engenho até os escravos, foram mortos pela reunião das tribos potiguaras de Paraíba e Rio Grande do Norte para vingar o desaparecimento de uma índia, raptada exatamente no engenho.

            Depois disso, o rei de Portugal Dom João III desmembrou Itamaracá, dando formação à Capitania do rio Paraíba. Daí à conquista definitiva do território, cinco expedições ocorreram, sendo que apenas uma, a última, conseguiu o intento. As demais foram rechaçadas pelos índios ou pelas intempéries, com inúmeras mortes tanto do lado dos portugueses quanto do lado dos indígenas. Os potiguaras defendiam o território futuro da Paraíba com unhas, dentes e flechas, sempre estimulados pelos franceses, acostumados na pilhagem do conhecido pau-brasil.

            A conquista definitiva somente foi possível após a união entre os portugueses e os índios tabajaras, que vinham do sul da Bahia, após décadas de migração pelo interior do Nordeste. Dessa união surgiu a força necessária não apenas para a vitória sobre os potiguaras, mas também para a expulsão dos franceses.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores e demais público presente, consolidada a vitória, os portugueses trouxeram pedreiros, carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a cidade de Nossa Senhora das Neves, tão amada por todos nós - inclusive pelo nosso Senador Cícero Lucena, pois é a cidade que dirigiu durante dois mandatos -, hoje João Pessoa. A capital paraibana foi a última cidade fundada no Brasil, no século XVI, sendo este o marco conhecido da fundação do nosso Estado da Paraíba.

            Na condição de representante do Estado no Senado Federal, portanto, senti-me na obrigação de promover esta sessão especial, neste 8 de agosto, uma segunda-feira, com o objetivo de tornar parte da história da Paraíba cada vez mais conhecida de todos os brasileiros, tendo em vista o alcance do Senado Federal para a vida de todos, não só brasileiros e paraibanos, mas também todos aqueles que de fato nos acompanham por meio da comunicação internacional.

            A história da Paraíba é, como pode ser visto, uma história de glórias. Seu povo é formado por uma gente comprometida com a região, com a sua economia, com as suas tradições e também com a sua cultura.

            Mas também é um povo ciente de suas responsabilidades perante o Nordeste e o Brasil, de tal maneira que, em vários momentos da luta pela nossa independência, a participação dos paraibanos ganhou relevância histórica. A história marca isso, Senador Vital do Rêgo. O Brasil moderno deve à Paraíba, juntamente com Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o desencadear da Revolução de 1930, que arrancou a política brasileira do coronelismo que dominava o País até aquela época.

            Expresso neste instante minha confiança inabalável no futuro do meu Estado, um futuro que vem sendo escrito, com muito suor e inteligência, pelos meus conterrâneos, por todos os paraibanos, nestes quatro séculos, parte da vida acompanhada por todos nós, o que me faz sentir cada vez mais paraibano, cada vez mais nordestino, cada vez mais brasileiro.

            Para concluir, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, repito agora as estrofes da canção Meu Sublime Torrão, de Genival Macedo, que, com o tempo, foi se transformando no verdadeiro hino da Paraíba, uma canção que foi imortalizada nas vozes inconfundíveis das conterrâneas Marines e Elba Ramalho: “Lá, no Nordeste imenso, tem um fulgor intenso, meu sublime torrão! Paraíba hospitaleira, morena brasileira, do meu coração!”

            Agradeço, enfim, a todos dizendo e ratificando, mais uma vez, a cada um que nos assiste que visitem a Paraíba, porque, com certeza, terão condições não só de retornar, como também de se conscientizar de que de fato a Paraíba é um dos melhores Estados da Federação.

            Parabéns a todos!

            Agradecemos a presença de todos!

            Muito obrigado! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2011 - Página 31625