O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco/PSDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srªs e Srs. Senadores, Sr. Presidente Vital do Rêgo, Senador Wilson Santiago, também paraibano. Esta Casa tem o Senador João Vicente Claudino, também paraibano, além de Lindbergh e tantos outros descendentes de paraibanos.

            Após a fala do Senador e historiador Wilson Santiago, fica muito pouco a falar sobre a história da Paraíba. Mas permitam-me, todos que aqui se encontram e os que estão nos vendo e ouvindo através da Rádio e da TV Senado, que, antes de iniciar minha fala específica sobre a Paraíba, fazer um pequeno relato sobre a importância da Paraíba e de João Pessoa, gostaria de ressaltar, sensibilizado, a minha gratidão ao povo da capital e da Paraíba, pela homenagem, com carinho e respeito, recebida por mim na semana passada, inclusive de V. Exªs, que agora estão à mesa.

            O dia 5 de agosto tem um simbolismo especial na minha vida. É o dia de celebrar a vida, celebrar nossa capital, João Pessoa, pois somos inseparáveis, nascemos em 5 de agosto, com um pequeno detalhe: ela tem 426 anos, e eu completei 54.

            Costumo dizer que na vida nós temos oportunidades únicas. E João pessoa me concedeu a oportunidade de cuidas do seu povo, cuidar de João Pessoa e cuidar da Paraíba.

            Quero destacar a forma acolhedora como João Pessoa recebe os paraibanos de outras cidades, os turistas que levam na bagagem a lembrança de momentos inesquecíveis, principalmente do aconchego e carinho do povo da nossa capital. Esse diferencial nos faz liderar o índice de retorno das capitais do Nordeste.

            Nasci em São José de Piranhas, no sertão do meu Estado, na minha querida Jatobá, mas, quando criança, minha família fixou residência em João Pessoa. Minha história de vida confunde-se com a história de milhares de paraibanos, que deixam o interior na busca da oportunidade nas grandes cidades. Meus pais se mudaram para a capital para que nós, os filhos, tivéssemos a chance e a oportunidade de estudar, de trabalhar e - como se diz lá - de vencer na vida.

            Em João Pessoa, Deus me deu oportunidades, inclusive já de cuidar dos seus filhos por dois mandatos como Prefeito. E eu sempre fui consciente dessa missão. Por isso, quero externar o meu sentimento de gratidão com a cidade de João Pessoa por ter me dado oportunidades, as chances, por ter me feito agente público, um político representante do seu povo. Tive a oportunidade de governar João Pessoa com a marca muito clara: a oportunidade da preocupação com o próximo; a marca de ter e de usar o coração em uma administração. Reafirmo, sim, meu sentimento de gratidão a todo conforto, com todo carinho, com todo respeito que recebo aos que fazem hoje a cidade de João Pessoa nas suas ruas.

            Srªs e Srs. Senadores, após tremendas dificuldades - e aí entro em parte da história do historiador Wilson Santiago; permita-me, Senador -, a Coroa portuguesa logrou, no início de agosto de 1585, assegurar seu domínio sobre o território que hoje corresponde ao Estado da Paraíba, derrotando, em aliança com as índios tabajaras, as tribos potiguares, que lhe haviam, até então, oposto feroz resistência.

            Assegurada a conquista, foram trazidos à então Capitania do Rio Paraíba engenheiros e artífices incumbidos de erguer a cidade de Nossa Senhora das Neves, posteriormente Filipeia e, hoje, João Pessoa. A data de fundação da nossa capital, 5 de agosto de 1585, é considerada o marco da fundação da Paraíba.

            Atendendo a justíssimo requerimento subscrito pelo meu ilustre conterrâneo Senador Wilson Santiago e outros Srs. e Srªs Senadores, a Câmara Alta do Parlamento dedica o período do Expediente desta Sessão Plenárias desta tarde à comemoração dos 426 anos da fundação do Estado da Paraíba, completados na última sexta-feira. E digo que se trata de uma justíssima homenagem, porque o 5 de agosto de 1585 é data relevante não apenas na história do meu Estado, mas também na história deste País.

            Afinal, Nossa Senhora da Neves foi a terceira cidade a ser fundada no Brasil e a última do século XVI, vindo a transformar-se na capital de um dos Estados que maior contribuição tem dado à formação da identidade cultural desta Nação.

            Quando eu menciono a contribuição da Paraíba à cultura brasileira, não tenho apenas em mente os grandes poetas, escritores, pintores, músicos, que aqui o Senador Wilson Santiago tão bem já fez referência, refiro-me também - por isso não estarei repetindo, mas homenageando a todos, faço minhas as palavras do Senador Wilson Santiago - à extraordinária pujança da nossa cultura popular, que encontra a sua mais vigorosa expressão na beleza, na contagiante alegria, na maciça participação que caracterizam, em particular, nossos festejos juninos.

            Vale, na ocasião desta homenagem aos 426 anos da fundação do Estado da Paraíba, lembrar um pouco a conturbada história daquele pedaço do Brasil em seus primórdios.

            Não havendo os portugueses marcado firme presença ao longo de nosso litoral, nas primeiras décadas que se seguiram à histórica viagem de Pedro Álvares Cabral, piratas e corsários, em sua maioria franceses, aproveitaram-se da situação para extrair grandes quantidades de pau-brasil. Em suas incursões à costa que hoje corresponde ao Estado da Paraíba, esses aventureiros firmaram amizade com os índios potiguares.

            Um episódio que veio a ter crucial importância para a criação do Estado da Paraíba foi a “Tragédia de Tracunhaém”, quando, em represália ao desaparecimento, aqui já citado pelo Senador Wilson Santiago, de uma índia no engenho com esse nome, todos os chefes potiguares reuniram seus guerreiros e atacaram a propriedade pertencente a Diogo Dias, matando todos os seus moradores: o senhor de engenho e seus familiares; colonos; escravos. Para sua expedição punitiva, os potiguares contaram com o estímulo e apoio de seus aliados franceses.

            Após a carnificina, o rei D. João III decidiu-se pelo desmembramento da então Capitania de Itamaracá, com a criação da Capitania do Rio Paraíba. Na ótica da Coroa lusitana, a afirmação de sua soberania sobre a capitania que hoje corresponde ao Estado da Paraíba era condição necessária para assegurar o progresso da Capitania de Pernambuco e para romper a aliança entre os índios potiguares e os franceses. O efetivo domínio sobre aquele território significava, ademais, estender sua colonização ao norte.

            Até conseguir seu objetivo, contudo, tiveram os portugueses que organizar cinco expedições, somente na última obtendo sucesso. As quatro primeiras incursões fracassaram em face das intempéries ou, principalmente, no enfrentamento da brava resistência dos índios potiguares, sempre apoiados por seus aliados franceses, interessados em que os portugueses não firmassem seu domínio sobre o território para que pudessem continuar o tráfico do pau-brasil.

            O sucesso da quinta expedição, sob o comando do ouvidor-geral Martim Leitão, só foi possível, aliás, graças ao recebimento de reforços. Da Bahia, veio uma esquadra comandada por Diogo Flores de Valdés. De Pernambuco, chegaram tropas sob o comando de D. Filipe de Moura. Tão importante quanto esses esforços, contudo, foi a aliança que os portugueses, com muito esforço, conseguiram firmar com os índios tabajaras. A conquista da Paraíba somente foi viabilizada, ao final, graças à união de um comandante português e de um chefe indígena, o cacique Pirajibe, cujo nome significa braço de peixe. 

            Entre as primeiras providências portuguesas após a conquista, além da fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves, que já mencionei, foram construídos os fortes de São Tiago e São Filipe.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a partir desse início turbulento, a Capitania do Rio Paraíba, depois Estado da Paraíba, iniciou sua longa trajetória histórica até os dias de hoje, quando vive situação de franco desenvolvimento econômico, emprestando significativa contribuição ao progresso da Nação.

            Naquele pedaço do território brasileiro vive um povo alegre, hospitaleiro e solidário, que tem muito orgulho de sua história, da sua cultura e também do seu próprio povo.

            Estado onde se encontra o ponto mais oriental das Américas - a ponta do Seixas, em João Pessoa -, a Paraíba progride graças ao esforço de seu povo trabalhador, seja na agricultura, seja na indústria, seja nos serviços, em particular no turismo, o trabalho cotidiano de cada paraibano vem construindo, com muita confiança, um futuro melhor para todos os filhos dessa terra bela e pujante.

            Euclides da Cunha escreveu que, “antes de tudo, o nordestino é um forte”. Parafraseando-o, eu digo que antes de tudo, o paraibano é um gigante. 

            Esta homenagem, Sr. Presidente, que desejei prestar a minha querida Paraíba, na oportunidade, e a João Pessoa, em que o Senado celebra os 426 anos da sua fundação

            Eu peço apenas - porque não seria oportuno divulgar aqui na tela da TV Senado - que, antes de concluir, possa recomendar três canções, além de “Meu Sublime Torrão”, a que o Senador Wilson Santiago aqui fez referência, que exaltam nosso amor à Paraíba e a João Pessoa. 

            Está na minha página pessoal do Twitter: @cicerolucena. Primeiro, “Porta do Sol”, do nosso querido Fuba, que, na voz de Renato Arruda, tornou-se um dos mais executados tributos à Paraíba; “Paraíba Joia Rara”, de autoria de Tom Oliveira, que se tornou um dos maiores sucessos do São João deste ano de 2011; e “João Pessoa - Onde o Sol Brilha Mais Cedo”, que foi o samba-enredo da escola Vila Isabel no seu desfile de 1999, quando a nossa capital foi homenageada no Carnaval do Rio de Janeiro.

            Era o que tinha a dizer.

            E que Deus proteja a Paraíba e os paraibanos!

            Muito obrigado. (Palmas.)