Discurso durante a 129ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos quatrocentos e vinte e seis anos de fundação do Estado da Paraíba.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quatrocentos e vinte e seis anos de fundação do Estado da Paraíba.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2011 - Página 31631
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), ELOGIO, POVO, COMENTARIO, HISTORIA, LITERATURA, REGIÃO.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Wilson Santiago, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, meus senhores e minhas senhoras, eu peço licença às bancadas do Estado da Paraíba, tanto aqui do Senado Federal como da Câmara dos Deputados, como filho de nordestino que sou, mas nascido lá no meu querido Estado do Amapá, o qual tenho a honra de representá-lo aqui no Senado, e, com a permissão, com a vênia de V. Exªs, quero homenagear a Paraíba.

            Quatrocentona, a Paraíba comemora 426 anos de sua fundação, ocorrida com a criação da Cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, em 5 de agosto de 1585.

            É a terceira cidade mais antiga do Brasil; a segunda mais verde do mundo, segundo a ONU, e capital da Paraíba, Estado que registra um dos mais importantes sítios paleológicos do Planeta, que tem um dos litorais mais bonitos do País, povo hospitaleiro - muito bem representado por V. Exªs que compõem a Mesa nesta sessão solene - e terra pródiga em gente talentosa e criativa.

            Sou admirador confesso do talento nordestino em lidar com as adversidades e da extraordinária capacidade que esse povo tem de inventar e de se reinventar.

            Assim, sem precisar recorrer aos livros de História, vêm-me à cabeça paraibanos ilustres que contribuíram para que o mundo fosse um lugar melhor para se viver. É verdade que nenhum deles inventou a roda, mas, quer na política, quer no jornalismo, quer na literatura, quer nas artes, encontramos personagens paraibanas, Senador Cristovam Buarque, que fizeram a diferença.

            Como não se lembrar do paraibano Augusto dos Anjos, considerado o mais original dos poetas brasileiros, o poeta do Eu e Outras Poesias, livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano? E quem de nós não viveu o bastante para confirmar que Augusto tinha razão quando vaticinou que “a mão que afaga é a mesma que apedreja”?

            Para quem busca a visão crítica das relações sociais do homem hostilizado pelo ambiente, pela terra, pela cidade; do homem devorado pelos problemas que o meio lhe impõe; do trabalhador rural e a seca implacável, é obrigatório começar pela leitura de A Bagaceira, do também paraibano José Américo de Almeida, que foi, aliás, o romance que, em 1928, inaugurou o regionalismo como escola literária.

            Na política, como não lembrar a Revolução de 1930, Senador Vital, que pôs fim à Primeira República, uniu Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Sul contra a candidatura de Júlio Prestes e inaugurou a Era Getúlio Vargas? Na ótica dos historiadores, o Golpe de 30 foi o movimento mais importante da História do Brasil da primeira metade do século XX. Foi ele que acabou com a hegemonia da burguesia do café, deu um basta à política do café-com-leite e pôs fim à República Velha.

            Senador Cícero Lucena, voltando à literatura, como não falar em José Lins do Rêgo? Era leitura obrigatória para que se pudesse passar no vestibular à época, lá no Estado do Pará. No Amapá, o meu Estado, não havia universidade naquela época. O paraibano Zé Lins foi o romancista da decadência, da agonia rural, do surgimento da usina, da transição econômica. Marcado por frases curtas, pela espontaneidade, o estilo do autor se faz presente em Menino de Engenho - romance que também tive a honra de ler -, seu primeiro romance, de 1932, que lhe rendeu o prêmio da Fundação Graça Aranha. A este, seguiram-se outros, que integram o chamado ciclo da cana-de-açúcar, completado por Doidinho (lançado em 1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935), Usina (1936) e o próprio Fogo Morto (1943), considerado sua obra-prima. Zé Lins coloca em seus livros a oralidade, a persuasão, a crítica e as utopias que se encontram nas cantigas de cordel, no repente, no desafio dos poetas e cantores populares. Sem a adiposidade verbal de outros companheiros de geração, consagrou-se como o grande contador de histórias do Brasil. E ao escrever romances, ele expressou um tom de saudade de si mesmo, de saudade da infância, que é comum a muitos de nós.

            E o “Grande Capitão”? Como não falar de Chatô, o paraibano que revolucionou a imprensa brasileira? Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, mais conhecido por Assis Chateaubriand ou por Chatô, foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 40 e 50. Dono de um império jornalístico, os Diários Associados, que chegou a reunir dezenas de jornais, revistas e estações de rádio, e foi também pioneiro da televisão no Brasil, criando a TV Tupi, em 1950. Magnata da imprensa, advogado, mecenas das artes, Senador, Embaixador do Brasil na Inglaterra, um dos brasileiros mais poderosos do século XX, foi magistralmente biografado por Fernando Moraes em Chatô - o Rei do Brasil.

            E tudo isso, Sr. Presidente, Senador Wilson Santiago, Srªs e Srs. Senadores, porque optei por lembrar apenas uns poucos paraibanos notáveis que não mais estão entre nós. Porém, para felicidade geral da Nação, a Paraíba continua sendo um celeiro de talentos, do qual muito devem se orgulhar os brasileiros.

            Essas são basicamente as razões pelas quais cumprimento o nobre Senador Wilson Santiago, autor do requerimento, que ensejou esta sessão solene. Eu quero aproveitar a oportunidade, Senador Wilson Santiago, para dizer a V. Exª que sou testemunha, nesta Casa, do seu dia a dia. V. Exª não para. V. Exª está representando a Paraíba com a maior dignidade, procurando prestar serviços ao País. Quero deixar, neste momento, registrado a minha admiração e que V. Exª me conquistou ao longo desta convivência. Estendo também os meus cumprimentos ao Senador Vital do Rêgo, de quem vou falar um pouco mais adiante, e ao Senador Cícero Lucena, Primeiro Secretário desta Casa, que também aniversariou na sexta-feira. Eu estava em trânsito e não consegui contatar V. Exª para parabenizá-lo, o que faço neste momento, da tribuna. O mais interessante é que V. Exª aniversaria junto com a cidade de João Pessoa, capital do seu Estado, da qual foi Prefeito duas vezes e Governador. É muita coincidência. V. Exª é uma pessoa privilegiada. V. Exª teve a honra de administrar a sua cidade, capital do Estado, por duas vezes consecutivas. Eu também fui prefeito de uma cidade do Estado do Amapá. V. Exª compõe, com muita altivez, muita simpatia e muita firmeza, a bancada paraibana nesta Casa.

            Como forma de homenagear a Paraíba e os paraibanos, também aproveito a oportunidade para parabenizar a minha assessora especial, que está ali na tribuna de honra - gostaria que ela se levantasse porque quero descrevê-la rapidamente, por favor,-, Cláudia Gondim, que é sobrinha-neta do ex-Governador Pedro Gondim, avô do nosso Senador Vital do Rêgo, com quem tenho aprendido muito nesta Casa. Eu tenho me mirado muito no seu desempenho também. Cláudia, fique de pé. Eu quero que vocês dêem uma olhada no visual dela. Ela está toda nego, ou seja, de vermelho e preto, bandeira da Paraíba. Ela também é responsável por esse belo texto que ora pronuncio. Pode sentar-se, Cláudia.

            Todo mundo já percebeu que você está de vermelho e preto, toda paraibana e tem ligações muito fortes com a Paraíba, terra também do seu saudoso pai, o jornalista Josélio Gondim que V. Exªs conhecem.

            Para encerrar o meu pronunciamento, quero prestar minhas homenagens aos repentistas Jomacir e Oliveira de Panelas, porque ele é pernambucano - para diferenciar, Panelas deve ser um Município da Paraíba -, que nos proporcionaram um belo espetáculo nesta Casa. Essa foi uma iniciativa do Senador Wilson Santiago que quebrou a rotina.

            Parabéns! Deu um brilho todo especial a esta sessão.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado. Sou filho do Sr. Miguel e D. Cícera, nascido no Rio Grande do Norte, na cidade de Vera Cruz que, se não me engano, é vizinha da Paraíba. São quatro horas de viagem. Bem mais perto, por essa vizinhança, de João Pessoa.

            O Sr. Cícero Lucena (Bloco/PSDB - PB) - Perto de João Pessoa.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP) - Quero, mais uma vez, pedir licença porque me senti motivado a fazer essa homenagem. Eles falavam do nordeste com tanto carinho, apesar de eu ter nascido na cidade de Marzagão, interior do meu Amapá, que tenho a honra de representar no momento aqui desta tribuna, homenageando esse povo maravilhoso, valente, do Estado da Paraíba. Cabra-macho, sim senhor!

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2011 - Página 31631