A SRª MARTA SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Estamos aqui, hoje, discutindo, a partir do discurso do Senador Demóstenes Torres, do da Senadora Marinor e do de outros Senadores, sobre um Ministro que foi injuriado, foi caluniado, foi difamado e, depois, foi absolvido. Não só foi absolvido como foi um dos três que coordenaram a campanha à Presidência da República da Presidenta Dilma. Não só foi absolvido e coordenou sua campanha como hoje é o Ministro mais importante do Governo.

            Parece-me completamente extrapolado, apesar de todos terem direito à informação - e esta é a Casa em que cada um tem o direito de pedir informações -, um exagero o que estamos vivendo neste momento.

            Não estamos falando de qualquer pessoa - e isso não quer dizer que ele deve ter privilégios -, mas estou falando de uma pessoa que prestou declaração de renda, de uma pessoa que declarou patrimônio, de uma pessoa que pagou tributos e que, quando era Deputado Federal, também fez consultoria.

Consultoria, empresas, que todos... Todos não, mas os que têm possibilidade fazem consultorias, têm suas empresas particulares, têm isso e aquilo, como os Senadores também.

            Agora, o que me causa espanto é que cabe à acusação apresentar o ônus da prova; cabe à acusação dizer qual é o registro. Uma pessoa aumentou seu patrimônio neste montante, mas não se vê quanto o Fernando Henrique aumentou o patrimônio dele fazendo palestras e quanto o patrimônio do Lula aumentou, fazendo palestras em um ano. As pessoas que fazem palestras, conferências ou que têm negócios aumentam seu patrimônio. Isso não é excepcional.

            A bagagem que uma pessoa como o Ministro Palocci tem é uma bagagem que... No exercício de Deputado - não mais de Ministro, porque isso seria impossível -, você ter uma consultoria financeira e econômica significa que muitos devem ter pago muito caro por ela, não por informações privilegiadas, mas pela bagagem e pelo conhecimento de uma pessoa que é considerada uma grande autoridade na questão.

            Então, Sr. Presidente, acredito que extrapolamos. Às vezes isso me cheira um pouco a oportunismo político, porque não há nenhum motivo para ser considerada irregular aquela declaração ou, mais ainda, a manifestação do Conselho de Ética da Presidência da República na palavra de seu Presidente, Sepúlveda Pertence.