Pronunciamento de Vanessa Grazziotin em 10/08/2011
Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Destaque às ações do Governo Federal de incentivo à produção na Zona Franca de Manaus; e outros assuntos.
- Autor
- Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
- Nome completo: Vanessa Grazziotin
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PROGRAMA DE GOVERNO, POLITICA INDUSTRIAL.
FEMINISMO.:
- Destaque às ações do Governo Federal de incentivo à produção na Zona Franca de Manaus; e outros assuntos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/08/2011 - Página 32392
- Assunto
- Outros > PROGRAMA DE GOVERNO, POLITICA INDUSTRIAL. FEMINISMO.
- Indexação
-
- ELOGIO, PROGRAMA DE GOVERNO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, IMPORTANCIA, COMBATE, DESIGUALDADE REGIONAL, REGISTRO, REUNIÃO, ORADOR, MEMBROS, GOVERNO FEDERAL, GARANTIA, APOIO, PRODUÇÃO, ZONA FRANCA, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
- REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, CONFERENCIA, FEMINISMO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFORÇO, NECESSIDADE, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, MULHER.
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senadora Marta Suplicy.
Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, companheiras e companheiros, em outro momento, quando tivermos direito a um tempo maior que os dez minutos, quero voltar a esta tribuna para falar a respeito da política industrial lançada pela Presidenta Dilma na última semana. É a política industrial denominada Brasil Maior, que envolve algumas medidas provisórias, entre elas, a Medida Provisória nº 540 e a Medida Provisória nº 541, e vários outros decretos. Quero tratar do assunto fazendo uma abordagem nacional, mostrando como essas medidas podem ser importantes para o desenvolvimento nacional, buscando sempre a inclusão social. Isso é muito importante, porque, afinal de contas, o desenvolvimento tecnológico, o avanço da tecnologia não deve servir apenas a alguns, mas deve propiciar a melhoria da qualidade de vida da grande maioria, senão da totalidade das pessoas. Do contrário, para que tanto esforço? Para que alguns poucos e somente poucos vivam cada vez melhor?
Enfim, analisarei aspectos gerais dessa medida, mas vou me deter muito, Senadora Angela Portela, na análise em relação à Zona Franca de Manaus. Porque a Presidenta Dilma, preocupada - assim como era o Presidente Lula -, já na Medida Provisória nº 540, estabelece dois artigos, salvo engano arts. 11 e 12, que trazem garantias à manutenção da competitividade da Zona Franca de Manaus. Não trata somente da competitividade da Zona Franca de Manaus, mas dá um ganho também importante para os Estados das regiões menos desenvolvidas, ou seja, vinculados à Sudam e vinculados à Sudene.
Isso, para nós, brasileiros e brasileiras, é muito importante, porque nós temos a convicção plena de que, além de buscarmos, de o Governo Federal buscar o combate às desigualdades sociais, busca-se também o combate às desigualdades regionais.
Então, a Presidente teve essa deferência não digo com a bancada, mas com toda uma região, com todo um Estado no sentido de já antecipar algumas medidas que seriam incluídas, pelo Parlamento, na Medida Provisória nº 534, na Medida nº 540.
Mas virei à tribuna para falar especificamente sobre isso. Assim o farei, Senadora Marta, porque, infelizmente, acho que, por outro lado, a oposição conservadora deste País não se conforma com o fato de a Presidente Dilma continuar mantendo elevado índice de aprovação no Brasil inteiro - na nossa região e no meu Estado - e faz uma grande campanha, uma campanha vazia, uma campanha sem qualquer lastro, dizendo que o Governo Federal estaria colocando a Zona Franca de Manaus em risco. E não é nada disso.
A Zona Franca de Manaus tem tido grandes avanços, seja na geração de emprego, seja na produção, seja no faturamento.
Nesse sentido, semana passada, estivemos numa reunião com a Presidente, com o Governador Omar, com o Senador Eduardo Braga, comigo, com o Ministro Guido Mantega, com o seu secretário executivo Nelson Barbosa. Tratou-se de reunião extremamente positiva em relação ao Polo Industrial de Manaus, que, como todos sabem, não é um modelo que ajuda o Amazonas, mas ajuda a região como um todo, sobretudo na manutenção, na preservação da Floresta Amazônica, que é o seio da maior biodiversidade do Planeta.
Mas, Srª Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, eu gostaria de relatar um pouco a respeito do evento importante de que participei no dia de ontem - e por conta desse evento, quando aqui cheguei, as votações todas já tinham sido concluídas. Participei ontem de um evento que ocorreu na cidade de São Paulo chamado Tempo de Mulher, organizado pela jornalista Ana Paula Padrão, cujo debate central - o tema já diz - era exatamente a situação da mulher na sociedade de hoje, com palestrantes do mais alto nível.
Lá estiveram falando, para um público de mulheres importantes, parlamentares, empresárias, trabalhadoras, profissionais liberais, palestrantes com o cacife, por exemplo, do Dr. Luis Alberto Moreno, Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Lá esteve dando palestra a Srª Luiza Helena Trajano, que é a Presidenta do grupo Magazine Luiza, que fez uma palestra fantástica, uma palestra descontraída, mas de um conteúdo muito importante, assim como esteve o publicitário Renato Meirelles, do instituto Data Popular, que expôs uma pesquisa, um estudo que realizou, juntamente com Ana Paula Padrão, relativo ao comportamento e à presença da mulher na sociedade nos dias de hoje, além de Maria Carmem Barbosa, dramaturga, roteirista, que também deu uma opinião muito importante em relação ao combate às desigualdades, às diferenças que infelizmente marcam a presença da mulher na sociedade hoje.
Estiveram também o escritor, jornalista e advogado americano Dan Abrams e a atriz norte-americana Geena Davis, que participa do grupo Mensa, que é um grupo reunido através de Harvard, de pessoas que têm elevado índice em nível intelectual.
Quero dizer que todas essas palestras mostraram, apontavam para um caminho. Ana Paula Padrão, coordenadora do evento, jornalista, fez muita questão de repetir: a mulher hoje, Senadora Marta - V. Exª que é uma militante histórica dos direitos das mulheres - e Senadora Angela, que aqui está, detém alguns poderes. Um deles é no mando do consumo. Aproximadamente 55% dos cartões de crédito no Brasil estão em mãos femininas. Ou seja, em alguns aspectos, a mulher tem muito poder. Agora, em outros aspectos, e isso foi muito bem debatido... Lá estavam duas Ministras, a Ministra da Mulher, Deputada Iriny Lopes, a Ministra do Meio Ambiente, Ministra Izabella, e foi muito bem enfatizado o fato de que a mulher, se, por um lado, tem um poder importante, no caso do mercado, no caso da orientação do consumo, por outro lado, ela ainda é pouco valorizada, pouco reconhecida e está sub-representada ainda, no que diz respeito à direção das grandes empresas, das médias empresas, no que diz respeito à política brasileira. Então, penso que todas as iniciativas relativas à mulher, ao debate sobre a mulher, são importantes e, mais do que isso, são necessárias, são fundamentais para que a gente possa mudar um paradigma. Aqui mesmo, no Congresso Nacional, estamos diante de uma batalha importante, mas confesso a V. Exªs, Senadora Marta, Senador Angela, a mesma coisa, às vezes, sinto que nós não temos a força que deveríamos ter diante dos parlamentares homens, nem tanto no Senado, mas, principalmente, na Câmara dos Deputados. Uma força que deveria mudar, aprovar mudanças para inverter a representatividade hoje. É uma representação eminentemente masculina, numa sociedade que tem metade homens, metade mulheres. Obviamente, há algo de errado na legislação, que não permite o avanço da mulher na sua representação no Parlamento brasileiro.
Então, tenho certeza absoluta de que são eventos como esse organizado pela jornalista Ana Paula Padrão e outros organizados pelas entidades feministas, pelas empresas que debatem a questão da mulher, que vão nos ajudar a conseguir, Senadora Marta, a grande mobilização popular e o convencimento de que a mulher é importante não só porque ela domina o consumo, não só porque ela detém a maioria dos cartões de crédito, mas também porque ela dá à luz, porque ela é capaz, porque ela é profissional. E, infelizmente, nesse aspecto, esse mesmo mercado que quer valorizar a mulher porque ela é a que mais consome, por outro lado a penaliza, porque é ela que dá à luz, porque é ela que gesta uma criança durante nove meses. Essa é uma das razões que fazem com que a mulher não ascenda no mercado de trabalho, que fazem com que a mulher seja preterida na hora da escolha de uma vaga em relação ao homem, porque é ela quem tem que dar à luz, ela que tem que cuidar da criança...
(Interrupção do som.)
A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Para finalizar, Senadora.
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Em apenas um minuto, não preciso de onze minutos, Senadora Marta. Concluo.
Esses eventos, então, são muito significativos porque nós estamos mostrando a nossa importância à sociedade, mas ainda precisamos ser mais contundentes, porque o mercado não pode valorizar de um lado e valorizar de outro; o mercado tem que olhar a mulher como ser humano.
O mercado tem que entender que a função mais nobre do ser humano é exatamente reprodução, que mantém a nossa espécie. Não podemos continuar a ser penalizadas, como somos, por conta disso. Então, valorizo esse encontro do qual participei no dia de ontem.
Nós mesmas, V. Exª tem sido protagonista da organização de muitos encontros como esse e não tenho dúvida de que em breve, daqui há poucos anos, poderemos comemorar uma representação nossa muito maior no Parlamento brasileiro, que é uma das menores do mundo inclusive o nosso continente.
Muito obrigada.