O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco/PMDB - SC. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Marta Suplicy, Srªs e Srs. Senadores, já no fim do regime autoritário, penso que durante o Governo do General João Figueiredo, fomos convidados - eu era vice-líder do PMDB - para uma reunião no chamado Forte Apache, onde se situa o Estado-Maior das Forças Armadas. O líder era o grande e extraordinário Deputado Federal Freitas Nobre. E nós, que éramos oriundos do Grupo Autêntico do MDB, vivíamos um período de idiossincrasia em relação aos militares, já que combatíamos um regime que, erroneamente, denominávamos de regime militar. Na verdade, era um regime autoritário em que militares se sucederam na Presidência da República.

            Muito a contragosto, integrei a comitiva do MDB que esteve naquela reunião no Forte Apache. E lá, Srª Presidente, Srs. Senadores, obtivemos a maior surpresa. Ficamos estarrecidos, ficamos estupefatos com as transparências que nos eram apresentadas pelo General Chefe do Estado-Maior. Durante o chamado regime militar, a participação orçamentária das Forças Armadas havia sido reduzida drasticamente.

            Por que cito esse fato, Srª Presidente e Srs. Senadores? Eu cito esse fato para expor a razão psicológica dos militares. Eles reduziram a participação das Forças Armadas no Orçamento para dar exemplo, para, em sendo detentores do poder, não se beneficiarem ou se locupletarem com o poder, estabelecendo primazia das Forças Armadas na destinação dos recursos orçamentários.

            Por que faço essa observação? Por que faço essa rememoração histórica?

            Porque o jornal Folha de S.Paulo, no exercício da sua função democrática de informar, função que tem sido exercida com grande patriotismo e com grande ganho para o País, alertando para os desvios, condenando a corrupção, ressaltando a necessidade de que os governos sejam absolutamente transparentes, editou uma matéria, no dia 31 de julho, estampando, com destaque, em sua capa uma manchete: “Comandante do Exército vira alvo de investigação”.

            Refiro-me a esse fato não que o comandante do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, V. Exª ou qualquer um de nós não esteja sujeito a qualquer investigação. Aliás, o regime democrático é o regime da transparência, e a transparência é exigível de todos nós.

            Ocupo esta Tribuna, no entanto, Srª Presidente e Srs. Senadores, para ressaltar a figura do General Enzo.

            O General Enzo Martins Peri, eu o conheço há muito anos.

            Quando era oficial, o General Enzo era chamado por uma expressão que caracterizava o oficial que morava na caserna. O General Enzo é um homem espartano. O General Enzo é um comandante exemplar, é um homem de total idoneidade.

            Eu o conheci e com ele convivi quando eu era Governador de Estado, e posso atestar aqui sua total lisura. Se alguém na tropa cometeu erros, não foi nem com a conivência e nem com a complacência, estou seguro disso, do General Enzo.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco/PMDB - SC) - Atendendo ao aviso de V. Exª, Srª Presidente, vou terminar fazendo esse exercício de justiça a um brasileiro que é exemplo para todos nós, a um militar que honra a farda que veste, a um homem que eu considero acima de qualquer suspeita.

            Muito obrigado.