O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, na belíssima cidade histórica de Paraty, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, acontece, desde 2003, a Festa Literária Internacional de Paraty, ou FLIP, como é mais conhecido este evento anual que já figura entre os principais festivais literários do mundo.

            A edição de 2011, que aconteceu de 6 a 10 de julho, foi realizada, uma vez mais, pela Associação Casa Azul, entidade que se dedica a contribuir na solução dos problemas de infraestrutura urbana de Paraty - uma cidade que está sempre às voltas com os desafios impostos pelo pesado fluxo turístico, combinados com a necessidade de preservar o riquíssimo e delicado patrimônio histórico, natural e cultural do lugar.

            Em sua nona edição, a FLIP voltou a contar com alguns dos principais nomes nacionais e internacionais da literatura, do jornalismo, do cinema, das artes plásticas, dos estudos sociais, da crítica literária, das histórias em quadrinhos - enfim, a FLIP extrapola as fronteiras rígidas da literatura e recebe, durante os cinco dias de duração da festa, representantes de todas as artes, de todo o mundo.

            A conferência de abertura contou com a brilhante participação de um de nossos maiores intelectuais vivos: o professor, crítico literário e ensaísta Antonio Candido.

            Aos 93 anos, Antonio Candido é um verdadeiro monumento da inteligência brasileira. Sua erudição, sua sensibilidade, seu poder de análise e sua facilidade em comunicar de forma simples os pensamentos mais sofisticados são algumas das características que o destacam em nosso meio acadêmico.

            Ao lado do escritor e compositor José Miguel Wisnik, o professor Antonio Candido compartilhou com a audiência as memórias, as reflexões e os diálogos que resultaram de sua relação pessoal e literária com o escritor Oswald de Andrade, ícone do nosso modernismo e um dos principais autores da literatura brasileira.

            Idealizador da antropofagia, um dos conceitos-chave da estética modernista no Brasil, Oswald de Andrade foi o principal homenageado da FLIP 2011. Sua vida e suas obras foram discutidas e celebradas em vários encontros - como, por exemplo, o que reuniu, no dia 10, Eduardo Sterzi e João César de Castro Rocha, dois estudiosos da obra de Oswald, que discutiram o papel da antropofagia na formação de nossa identidade nacional.

            Também em torno da obra de Oswald de Andrade foi concebido o show de abertura, que reuniu Elza Soares, José Miguel Wisnik e Celso Sim numa apresentação concebida com base nos poemas de Mistérios gozosos, de Oswald.

            Outros destaques da feira foram o escritor norte-americano James Ellroy, autor de romances policiais; o jornalista e quadrinista Joe Sacco, autor de premiados documentários em forma de quadrinhos, nos quais denuncia a opressão e as injustiças em regiões conflituosas como os Bálcãs e a Palestina; a poeta inglesa Carol Ann Duffy; o músico e ativista britânico David Byrne, defensor da bicicleta como parte fundamental da solução dos problemas urbanísticos das grandes cidades; e os escritores brasileiros Paulo Henriques Britto, Ignácio de Loyola Brandão, Contardo Calligaris e João Ubaldo Ribeiro, além de muitos outros.

            Meus cumprimentos, portanto, aos organizadores e participantes da Festa Literária Internacional de Paraty de 2011, por esse belíssimo evento que confirma a FLIP como um dos mais conceituados encontros literários realizados atualmente no mundo.

            Muito obrigado.