Pronunciamento de Casildo Maldaner em 17/08/2011
Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa da atuação dos órgãos federais de fiscalização, como a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal, na investigação de denúncias de corrupção e malversação de recursos públicos.
- Autor
- Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
- Nome completo: Casildo João Maldaner
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.:
- Defesa da atuação dos órgãos federais de fiscalização, como a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal, na investigação de denúncias de corrupção e malversação de recursos públicos.
- Aparteantes
- José Agripino, Luiz Henrique.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/08/2011 - Página 34005
- Assunto
- Outros > ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
- Indexação
-
- DEFESA, ATUAÇÃO, CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU), TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, DESVIO, FUNDOS PUBLICOS, CRITICA, PARALISAÇÃO, LEGISLATIVO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), DESNECESSIDADE, APURAÇÃO, IRREGULARIDADE.
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres colegas, em primeiro lugar, agradeço ao Senador Eduardo Suplicy pela permuta e colaboração com a Senadora Marta.
Sr. Presidente, caros colegas, não podemos e não queremos mais conviver sob o vulto maléfico da impunidade. No entanto, as atitudes não podem ficar restritas às ações do Executivo ou ainda às CPIs - recurso legítimo, sem dúvida, mas extremo, que paralisa muitas vezes o Poder Legislativo, transformando esta Casa de leis em um verdadeiro tribunal, afastando-se da razão primeira do Parlamento. Além disso, é preciso que os órgãos de fiscalização, e aí repito, é preciso que os órgãos de fiscalização controlem. E controlem bem.
A Constituição da República de 1988 dotou o País de organismos, com a devida autonomia, para garantir a boa aplicação de recursos públicos e, acima de tudo, atuar na defesa dos interesses comuns. Portanto, temos a CGU, que é a Controladoria-Geral da União, temos o Tribunal de Contas da União e, além do TCU, nós temos também o Ministério Público Federal. Essas três instituições, principalmente, a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal, somam as três a tripartite, eu diria, que são instituições aí eleitas, aí instituídas, estão aí postas com a missão extraordinária de bem acompanhar a questão pública, principalmente as aplicações, os recursos, possíveis desvios de conduta, e assim por diante. Entre outras, essas três são as que mais se destacam.
A Controladoria-Geral da União, órgão ligado diretamente à Presidência da República, tem como propósito declarado combater, no âmbito do Poder Executivo Federal, a fraude e a corrupção, bem como promover a defesa do patrimônio público. Por sua atuação dentro dos órgãos públicos com acesso direto às informações, como contratos e convênios, a CGU deve ter uma ação mais preventiva, e não somente reativa, quando surgem denúncias na imprensa ou coisa que o valha. Se a atual estrutura operacional do órgão não é adequada, que seja analisada a necessidade de ampliá-la ou de modificá-la.
Portanto, a CGU é um órgão que tem que estar aí para atuar no sentido mais preventivo do que reativo. Precisa estar de atalaia; precisa estar de alerta. Acho que essa é a grande função. É instituída para isso.
O Tribunal de Contas da União exerce o papel de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo, responde pela fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta. Por isso, deve estar ainda mais atento e alertar o Congresso quando detectar indícios de irregularidades. Cobrar providências e de imediato; estancar eventuais repasses públicos em operações duvidosas.
Portanto, a primeira, que é a CGU, precisa estar alerta no campo preventivo, e não tanto no campo reativo. Tem que alertar. O Tribunal de Contas da União tem a missão precípua de detectar, fiscalizar, trancar as transferências, se for possível, e comunicar imediatamente.
Ademais, citando o art. 127 da Carta Magna, o Ministério Público é a instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Não restam dúvidas, nobres colegas, de que são instituições da maior relevância para o País. Juntas têm a missão de zelar pelos interesses do cidadão, pelo bom uso do dinheiro público. São as três principais: a CGU, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal, nas questões federais da Administração Pública.
Quero destacar que não vai aqui uma crítica particular a esses órgãos ou a seus componentes profissionais. Muito pelo contrário, ao longo dos anos, tem demonstrado capacidade e relevância.
Quero tão somente que o fruto de seu trabalho, das investigações, diligências e apurações seja revelado à sociedade com mais celeridade. Acho que essa é a clemência que sentimos na sociedade, que as apurações aconteçam e que se informe à sociedade. Uma certa celeridade é necessária para isso, porque a sociedade está aí a cobrar. A demanda e grande. É nessa demora, nesse vácuo que se cria entre uma denúncia feita pela imprensa ou por qualquer outro órgão e apresentação dos resultados, apuração dos fatos e seus responsáveis, que germina a descrença da sociedade nessa demora. Aí temos que ser mais céleres através dessas instituições.
Não basta apenas apurar...
O Sr. Luiz Henrique (Bloco/PMDB -SC) - Permita-me um aparte?
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - Em seguida Senador Luiz Henrique.
Não basta apurar as suspeitas apenas. É fundamental julgar e, por fim, punir. Para o bem da sociedade, o Judiciário deve dar mais agilidade ao andamento das ações que envolvam desvios de recursos ou de conduta do exercício das funções públicas.
A título de desafio, conclamo o Senado Federal avaliar o estudo de medidas que aprimorem a legislação relativa aos desvios éticos e profissionais no exercício de funções públicas, tornando-a mais célere, dura e eficaz.
Com muita honra, Senador Luiz Henrique.
O Sr. Luiz Henrique (Bloco/PMDB - SC) - Nobre Senador Casildo Maldaner, ontem, esteve comigo o Presidente da OAB, da Ordem dos Advogados do Brasil. O Presidente Ophir Cavalcante está numa cruzada para o combate à corrupção e à impunidade e me convidou - espero que V. Exª também esteja lá e também os nobres Srs. Senadores - para, na próxima quarta-feira, na sede da OAB, apresentar o novo projeto da Ordem dos Advogados do Brasil, que é o Observatório da Corrupção e da Impunidade. A Ordem elaborou um programa em que vai elencar, via Internet, todos os casos em andamento no País para exigir a rapidez no processamento desses casos. A OAB de Brasília é histórica. Tive orgulho de participar, quando Brasília sofreu intervenção, naquele célebre episódio do General Newton Cruz, quando as pessoas aqui, em Brasília, tinham limitação no seu direito de ir e vir, naquele ato presidido pelo então Presidente e ex-Ministro Maurício Corrêa, quando saímos de braços dados pelas ruas de Brasília a protestar contra a opressão. Na quarta-feira, o ato é por aquilo que é fundamental para completar a obra democrática no Brasil, que é o combate à impunidade. A OAB V. Exª pode elencar junto com a Controladoria, junto com o Tribunal de Contas, junto com o Ministério Público nessa tarefa.
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - Recolho o aparte de V. Exª, Senador Luiz Henrique, e eu até diria... Segundo, ouço com muita alegria, se a Mesa permitir, o aparte do Líder dos Democratas, o ilustre Senador Agripino Maia.
Mas eu até diria, Senador Luiz Henrique, que, se os órgãos aí citados - principalmente os três que aqui declinei, que são instituições, são órgãos que a Nação instituiu e que estão aí...
(Interrupção do som.)
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - ... para prestar essas informações e acompanhar para informar à sociedade -, por acaso necessitarem de mais alguns dados ou se precisarem de algum regime especial para algumas questões que exija outra legislação, que a façamos. Estamos aqui encarregados disso. Acho que essa é a nossa missão.
Com muita honra, ouço o eminente Senador Agripino Maia.
O Sr. José Agripino (Bloco/DEM - RN) - Senador Casildo, V. Exª faz um discurso apropriado na forma, no conteúdo e no tempo, porque este País está hoje na expectativa permanente das edições dos jornais e das revistas de fim de semana. Qual será a denúncia que a revista “a” ou “b” vai trazer sobre o ministério “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f”, “g” “h” no final de semana? A Nação está, inclusive, atônita, para não dizer perplexa, com esse festival de denúncias de corrupção. Ainda hoje, quatro partidos políticos se reuniram no Salão Verde da Câmara para lançar o plano de levantamento da opinião pública para pressionar os Parlamentares que desejam passar a limpo este País. Eu estou aqui com o bottom do movimento. V. Exª faz um discurso patriótico que fala da necessidade da punição aos culpados como forma de remover o pior dos males, que é a impunidade. Acho que temos que fazer um mutirão. Na segunda-feira, este Plenário se manifestou em relação à Presidente Dilma, apoiando as iniciativas de Sua Excelência no combate à corrupção. Acho que tudo vale, mas o que vale mesmo, Senador Casildo...
(Interrupção do som.)
O Sr. José Agripino (Bloco/DEM - RN) - ... é que as iniciativas se concretizem, que se passe da palavra à ação, que a gente faça um mutirão para passar o País a limpo. V. Exª deve se lembrar da CPI dos Bingos, CPI dos Correios. Todas elas, que foram ruidosas, produziram resultados e entregaram indiciados à Justiça para a aplicação de punições. Toda CPI produz resultado e exemplos. São elementos de contundência claríssima que têm que acontecer. O discurso de V. Exª aponta para a necessidade da modernização da legislação, com vistas à punição de culpados, para evitar a impunidade. Quero me associar a V. Exª fazendo o registro de que, hoje, lançamos um plano, um programa, já assinei a CPI, para que aqueles que não a assinaram se movam no sentido de representar indignação que se localiza no seu Estado, Santa Catarina, no meu, o Rio Grande do Norte, com relação a esse festival de denúncias que tem que ser passado a limpo através de elemento de investigação, a começar, a se fundamentar principalmente pelas comissões parlamentares de inquérito. Quero louvar o discurso de V. Exª, fazendo o registro da iniciativa que quatro partidos tomaram nesta tarde. Quero dizer que é hora de a Nação se levantar para dizer: basta à corrupção.
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - Agradeço o aparte de V. Exª, Senador Agripino Maia.
Para concluir, entendo a ideia de V. Exª, entendo a ideia de vários colegas de partir logo para essa caminhada da CPI. Por outro lado, fico naquela expectativa, fico naquela posição: e essas instituições que aí existem...
(Interrupção do som.)
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - ...Será que não era interessante? Eu fico me martirizando, às vezes, cá comigo, porque essas instituições... Darmos um prazo para que falem. Falem. Estão aí com essa missão. Nós temos a missão, se for o caso, de oferecer até uma legislação mais apropriada, mais célere. Não comparando com o que votamos há pouco, no Congresso Nacional, oferecer para que o negócio da Copa do Mundo, em 2014, tenha os caminhos mais encurtados, mais céleres, mas preservadas as grandiosidades desses temas, se for necessário, oferecermos ou à CGU, ou ao Tribunal de Contas da União, ou ao próprio Ministério Público Federal, ao próprio Ministério condições melhores para que possam agir, ou o próprio Judiciário, para que as coisas não dormitem, para que não fiquem num berço esplêndido, para que não se aguarde tanto, porque a sociedade espera...
(Interrupção do som.)
O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - Para encerrar.
Se isso não avançar, aí, sim, em última instância, temos que até deixar de lado outras questões e partirmos para essa questão da própria CPI.
Mas eu daria um prazo para essas instituições falarem. Estão com a palavra. Estão com essa missão. Aliás, são instituições pagas pela Nação. A nossa instituição é de legislar, de oferecer os meios. Essas instituições, em tese, pela própria Constituição, tem a missão de oferecer, de trabalhar, de dizer à Nação: é isso aí. Se isso não satisfizer, a sociedade cobrando, nós temos de entrar em campo.
Acho que esse prazo é razoável para que todos ajam, entrem em campo para podermos clarear e informar a sociedade brasileira.
Muito obrigado, Sr. Presidente.