Discurso durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 42 anos da Empresa Brasileira de Aeronáutica - Embraer e homenagear o Doutor Ozires Silva, ex-Presidente da empresa, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DCTA e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 42 anos da Empresa Brasileira de Aeronáutica - Embraer e homenagear o Doutor Ozires Silva, ex-Presidente da empresa, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DCTA e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2011 - Página 34365
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA (EMBRAER), INSTITUTO TECNOLOGICO DE AERONAUTICA (ITA), HOMENAGEM, OZIRES SILVA, EX PRESIDENTE, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa-tarde a cada uma e a cada um.

            Eu quero cumprimentar o Senador Luiz Henrique, que me deu a honra de estar junto com ele na convocação desta solenidade; obviamente, a Senadora Ana Amélia, que preside esta sessão; o conterrâneo pernambucano, Brigadeiro Reginaldo dos Santos, que me recebeu tão bem na visita ao ITA. Quero dizer que esta solenidade, em grande parte, é para o senhor também, até porque está terminando o seu período como reitor e deixou sua marca.

            Quero cumprimentar o Brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann, representante do Comando da Aeronáutica; o Prefeito da cidade de São José dos Campos, também itiano, Sr. Eduardo Cury; o Vice-Presidente de Relações Institucionais da Empresa Brasileira de Aeronáutica, Sr. Jackson Schneider; e por último, mas com a mesma ou maior importância, essa grande figura da história do Brasil, que é o Dr. Ozires Silva.

            Cumprimento também, permitam-me, em caráter pessoal, quatro itianos que estão aqui, que são meus amigos: o Professor Heitor Gurgulino, que foi professor da primeira turma e que, sabendo desta homenagem, veio aqui; um amigo também itiano que, hoje, trabalha no Japão, na Universidade das Nações Unidas, da qual sou Conselheiro; o Pontes, pernambucano também, meu amigo e itiano; e o que trabalha comigo no meu gabinete, o engenheiro Valderi, que me ajudou a fazer esta reunião.

            Quero dizer que, há meia hora, eu estava numa sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, ouvindo representantes da Boeing, que aqui vieram para tentar envolver os Senadores e Deputados, o que é positivo, na escolha dos caças que o Brasil vai comprar. Recebemos, antes, os representantes suecos, agora eles e, depois, virão os franceses.

            Quero dizer que foi com o maior orgulho que disse a eles que era contra a compra de caças estrangeiros se podemos fabricar os nossos aqui, mesmo que demore 10, 15 anos.

            Sei que a posição da Aeronáutica, em geral, é a de que devemos comprar rapidamente esses aviões, mas não vejo cenário de guerra nos próximos 10 anos para o uso dessas armas, e creio que, com algum investimento muito menor que o da compra, poderíamos desenvolver aqui os nossos caças, como faz a China, como faz a Índia, embora não com a mesma qualidade.

            Não iríamos fabricar a quarta ou a quinta geração de caças, mas poderíamos fabricar a primeira ou a segunda e, rapidamente, teríamos não apenas as armas, mas teríamos também a independência de fabricá-las, de conhecê-las nos seus meandros, ainda que eles estejam prometendo, todos os três, nos passar a tecnologia.

            Esse mesmo orgulho que usei há meia hora na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional eu sinto cada vez que, hoje em dia, viajo pela Europa, mas também por outros continentes, e sei que o avião em que estou viajando foi fabricado com tecnologia brasileira. Eu disse “tecnologia”, eu não disse “fabricados no Brasil”, porque não sinto esse orgulho quando ando nas ruas de países estrangeiros em carros fabricados no Brasil, porque eles são fabricados no Brasil, mas não têm tecnologia brasileira. Eu o sinto, sim, quando voo em um avião da Embraer, porque ali não está apenas uma máquina que nos leva de um lugar para outro; ali está a prova da inteligência brasileira, que desenhou e fabricou, mesmo que, obviamente, tendo em vista a realidade do mundo global, seja necessário comprar peças do estrangeiro.

            Esse orgulho, eu o sinto ainda maior como professor, ao dizer que a Embraer - desculpem, a Embraer é uma das homenageadas - é uma extensão do ITA. E o ITA é uma escola.

            O orgulho que eu sinto é por ver a confirmação da razão de ser da minha luta política: uma revolução educacional no Brasil.

            Não fosse o ITA criado lá atrás, não teríamos a Embraer. Poderíamos até ter indústrias de montagem de avião, como temos de carro, de televisão e de todos esses aparelhos que a gente usa por aí, até de tablets, mas não teríamos aviões brasileiros.

            Esse é o orgulho que sinto, por ser professor - ser engenheiro também ajuda - e poder dizer que há uma explicação clara para dar base ao meu discurso de que o futuro está nas escolas: é o ITA, e eu o cito em todos os lugares.

            Obviamente, eu cito, também, esse outro produto de exportação brasileira que é a soja, que não existiria na condição em que nós a temos se não fosse a Embrapa, desenvolvendo ciência brasileira para produzir soja onde não é possível.

            Ao mesmo tempo, esse orgulho, no presente, tem uma conotação no passado e uma conotação no futuro: no passado, por mostrar como foi possível um País, com a vontade do Estado, com a genialidade de algumas pessoas e com a oportunidade histórica - essas três coisas -, fazer o que se pode dizer milagre de o Brasil ser, hoje, um dos quatro, cinco, seis grandes produtores de aviões do mundo.

            Nós devemos isso, e esse é um orgulho também com o passado, não só com o presente de quem voa num avião da Embraer ou de quem, Senador, pode confrontar representantes da Boeing e dizer: “Eu preferia ter a nossa fabricação aqui.”

            Eu disse, uma vez, ao Ministro da Defesa, na época em que o Presidente Lula estava comprando um avião: “Por que não comprar um avião brasileiro?” E o Ministro da época, o Viegas, disse: “Mas imagine o senhor Presidente da República e tendo de viajar daqui para a Europa, parando em uma, duas escalas em vez de ir diretamente.” E eu disse para ele: “Ministro, eu prefiro parar 10 vezes no caminho daqui para Londres como Presidente da República a ir num voo direto, se lá eu descer num avião brasileiro.” Eu não faria nenhuma questão de ter de fazer escalas para poder chegar lá num avião fabricado, desenhado e construído no Brasil.

            O passado nos passa a lição de que é possível quando é preciso. Era preciso dar esse salto na indústria brasileira, sair dessa visão simplista, embora fosse um avanço da indústria mecânica, da indústria automobilística, da indústria de eletrodomésticos, da indústria de alimentos, de roupas, que nós começamos a dar em 1930, para algo de maior envergadura. Era preciso e foi possível. Como eu disse, foi possível porque se juntaram a vontade do Estado, na figura do Presidente Dutra e de Ministros seus, e a genialidade do Brigadeiro Montenegro e de algumas pessoas ao seu redor, que foram capazes de fazer aquilo que a gente vê quando a gente lê o livro do Fernando Pessoa e percebe como a vontade é capaz de atravessar por cima dos obstáculos, levando adiante aquilo que é necessário.

            Então, juntou-se a oportunidade histórica, juntou-se a vontade de um político, juntou-se a genialidade de um Brigadeiro e nós temos, hoje, o ITA, o DCTA, como se diz hoje, e temos a Embraer.

            Essa é uma lição do passado, mas eu tiro também, Dr. Ozires, algumas lições para o futuro, que, a meu ver, são mais importantes ainda.

            A primeira, de que eu já falei de alguma maneira, é como a economia do futuro está nas escolas, não está no chão das fábricas. Quem vai fazer a economia funcionar com capacidade de concorrer, daqui para frente, é o conhecimento.

            Há pouco, discutíamos aqui, na segunda-feira, com um grupo de pessoas que diziam como o Brasil perdeu concorrência por causa dos preços e de indústrias de bens industriais no passado. Eu dizia que, no passado, a concorrência se ganhava baixando preço, mas, daqui para frente, concorrência se ganha produzindo novos produtos.

            Eu lembro até, desculpem a brincadeira, mas aconteceu na sessão, que esse senhor, um professor, disse: “O Brasil fabricava pentes até o Japão começar a fabricar pentes, depois da guerra, mais baratos que os nossos, e todo mundo passou a comprar pente japonês, porque era mais barato.”

            Eu disse para ele: “Se fosse nos dias de hoje, os japoneses iam ganhar a concorrência não por fabricar pentes mais baratos, mas por fazer um pente que fizesse nascer cabelo nos carecas.” E muitos de nós, aqui, iríamos comprar esse pente contentes.

            Daqui para frente, o que fará uma economia ser dinâmica e ter capacidade de concorrer será inventar produtos a cada dia, inventar produtos ao longo do tempo. É isso que vai dar a concorrência. Nós não temos futuro produzindo soja e produzindo ferro, dois grandes produtos da nossa balança comercial ao longo do tempo.

            Ontem à noite, já tarde, apareceu no noticiário que o governo de Moçambique está doando terras para brasileiros, equivalentes a três Sergipes, grátis, desde que produzam soja. Não vai demorar e vai haver soja em quantidade em Moçambique. Metade da distância para a China, nós temos. Nós não vamos ter condições de concorrer com soja produzida em Moçambique.

            O minério de ferro - podem-se descobrir minas a qualquer momento.

            Essa é uma economia, eu não diria suicida, mas com um prazo curto de vida. A verdadeira economia é a economia que permite inventar e não fazer. Fazer depois de inventar e não fazer copiado.

            Esta é uma lição que o ITA e a Embraer nos dão: a possibilidade de uma economia de ponta graças ao desenvolvimento do conhecimento.

            A segunda lição é o papel do Estado, casado com o setor privado. Nós passamos décadas, na história do Brasil, entre os que queriam estatal e os que queriam privado.

            A Embraer nos mostra que se não tivesse sido estatal ela não existiria, e se tivesse continuado estatal, ela não sobreviveria, nem cresceria. Foi preciso uma parceria entre o Estado e o privado, parceria em que se pode dar um tempo para a estatal, outro tempo para o privado, ou, ao mesmo tempo, para o estatal e privado.

            Temos de mudar o conceito de que público é sinônimo de estatal. Um hospital do Estado que não funcione não é público, é estatal. E a gente pode ter um hospital administrado pelo setor privado que seja público, se atender ao público gratuitamente, pago pelo Estado.

            Eu tenho dito que, para mim, a definição de hospital público é aquele em que não tem fila para entrar, não tem doença ao sair e ninguém sai mais pobre por causa da cura. Agora, o dono, o gerente é secundário.

            A Embraer nos mostrou isto: é preciso casar o Estado. Não vejo como dar um grande salto sem o Estado. Sagres só surgiu porque foi o Estado que a manteve; e o ITA, porque foi o Estado. Todas as universidades e centros de pesquisa começam pelo Estado, mas algumas instituições não sobreviverão, no mundo de hoje, se ficarem amarradas às regras necessárias do Estado, se não conseguirem concorrer com os setores que podem ter menos capital, mas que têm a liberdade do privado.

            O terceiro é que é possível realizar os sonhos. Era um sonho desvairado construir uma escola com a qualidade do ITA, imitando o MIT, no interior de São Paulo. A gente, hoje, se acostumou a ver o ITA, mas era um sonho desvairado de um grupo pequeno, em torno do Montenegro, ele sozinho, que acreditou que era possível. E foi possível.

            É possível, sim, o Brasil dar o salto para criar, a partir da ideia, não da instituição, do exemplo e não da instituição do ITA, o sistema nacional do conhecimento. Está faltando esse sistema.

            No País inteiro, temos instituições em sistemas capazes de fazer o conhecimento brasileiro ficar no mesmo nível dos países mais desenvolvidos, sob o ponto de vista da ciência e tecnologia, não em um ano, não em cinco anos, não em 10 anos, talvez não em 20 anos, mas tem de começar já, para daqui a alguns anos a gente ter. Afinal de contas, já comemoramos o ITA há mais de 50 anos. E passam rápidos esses anos!

            O sistema nacional do conhecimento, essa lição que o ITA nos dá de que é possível, consiste, em primeiro lugar, de uma série de institutos do tipo ITA em outras áreas. Precisamos de um ITA da nanotecnologia, um ITA da biotecnologia, um ITA dos fármacos. Eu digo ITA casando com CTA. Precisamos de instituições do mais alto nível nos diversos setores da ciência e da tecnologia de hoje.

            Parece impossível, mas é possível. Será possível se a gente fizer coincidir duas coisas, porque a terceira já existe: a vontade de um político e a genialidade de um empreendedor - o momento histórico exigindo isso nós já temos. Todo casamento precisa de três coisas e não de duas: precisa dos dois que querem se casar e da vontade deles, senão não tem casamento.

            A vontade nacional está presente, a vontade está visível em um País que está ficando para trás porque não somos capazes de inventar o novo em cada área do conhecimento, salvo uma ou outra como a Embrapa e como o ITA.

            Precisamos criar essas instituições, mas não basta. Essas instituições fracassarão se não tivermos faculdades, universidades capazes de prover a mão de obra. Vai ser difícil para cada centro de alta tecnologia, para cada área, ter um ITA sob o ponto de vista da formação de profissionais.

            Talvez o ITA dessas áreas já seja a pós-graduação, não precisa ser a graduação, mas o problema é que nós, hoje, não temos essas faculdades. Pouquíssimas das nossas faculdades a gente pode considerar como à altura do momento da história da ciência e da tecnologia de hoje. Basta dizer que nenhuma das nossas está entre as 200 melhores do mundo. A gente tem de chegar até entre as 20 melhores - uma, duas, três, quatro ou cinco -, como a China está chegando, como a Índia está chegando. Precisamos ter uma revolução na universidade. Precisamos fazer, de fato, a verdadeira reforma da universidade, que exige mudanças profundas na sua estrutura, que saia do isolamento em que ela vive, de um pensamento abstrato.

            Eu gostei quando ouvi o Senador Luiz Henrique falar, aqui, do ensino do ITA, que casa a teoria e a prática. É preciso parar esse medo que as universidades do Brasil têm do setor privado. Têm de casar os dois setores, sair das caixinhas dos departamentos para começar a trabalhar por temas, e não só por categorias do conhecimento, por profissão.

            Temos de fazer uma revolução. Temos de fazer uma revolução na exigência dos profissionais das universidades. Agora, não basta a gente querer fazer isso, achar que pode fazer isso, se não tivermos um setor industrial diferente do brasileiro. O setor privado brasileiro tem pavor de tudo que exija pensamento e inovação por dentro dele. Acostumou-se a comprar de fora. Acostumou-se a copiar, se possível pagando algum tipo de royalty.

            É preciso fazer com que o empresariado brasileiro descubra a necessidade de ele ser o inventor, usando parte do sistema nacional de conhecimento, do qual as indústrias devem fazer parte.

            O Estado vai ter de dar incentivos; vai ter de dar cobranças também. Estão surgindo incentivos: reduz-se o imposto de quem inovar. É preciso, também, aumentar o imposto de quem não inovar, para acabar com o acomodamento de um setor empresarial que tem medo de enfrentar a inovação, tanto quanto as universidades têm medo de conviver com o setor empresarial.

            Mas não basta isso. Falta uma coisa a mais, que é aquela à qual dedico mais tempo: isso não vai funcionar se não mudarmos a educação de base no Brasil, enquanto tivermos apenas 37% terminando o segundo grau, ou seja, jogando fora mais de 60% dos cérebros brasileiros para fora da escola, como se o navio fosse, para o futuro, a escola e a gente fosse jogando gente para fora do futuro, como acontecia com os navios negreiros, de onde eram jogados os escravos para fora. Saiam tantos e chegavam muito menos. É assim que estamos caminhando para o futuro.

            Um cérebro desperdiçado pode ser a grande chance de uma grande invenção no futuro. Trinta e sete por cento terminam o ensino médio. Desses, não podemos acreditar, lamentavelmente, mais da metade termina o ensino médio de qualidade. Nós temos, hoje, apenas 18% dos nossos jovens com um ensino médio razoável.

            No começo do ITA, o Brigadeiro Reginaldo falou, era preciso dar curso para os alunos que entravam, porque eles chegavam despreparados ao ITA, que era uma instituição muito exigente.

            Hoje, Brigadeiro, isso acontece em todas as escolas de engenharia do País. Os alunos chegam sem saber cálculo. Os alunos chegam, às vezes, sem saber equação de segundo grau, por isso tantos desistem, antes de terminar, da carreira de engenharia. Em alguns casos, 60% abandonam no meio.

            É no ensino médio que está a chance de se formar a base para que tenhamos boas faculdades, para que tenhamos grandes institutos, e o ensino médio depende do ensino fundamental. Sem um ensino fundamental de qualidade, não há ensino médio de qualidade.

            Um ensino em que todos tenham a chance de terminar o ensino médio e em que todos terminem o ensino médio da maior qualidade, essa é a base do sistema nacional do conhecimento.

            Deu para fazer um ITA. Não dá para fazer 50 ITAs no Brasil. Não tem jeito. A qualidade dos alunos puxaria tão para baixo, que ficariam abaixo das outras escolas de engenharia que não são de primeiro plano.

            Por isso, falando das lições do ITA, da Embrapa e do CTA, quero dizer que precisamos utilizar a maior de todas as lições: a educação constrói o futuro, e a educação começa pela base.

            A minha proposta, pela qual venho lutando, é de que isso só vai acontecer quando a educação de base fizer parte de um sistema nacional; quando a gente puder colocar uma carreira nacional do magistério e não carreiras municipais; quando essa carreira nacional for muito bem remunerada, agora, selecionando com muito rigor e exigindo muito.

            Não vai dar nem mesmo, Senadora, e aí vamos ter um grande entrave contra - no dia em que tiver um presidente que queira -, não vai dar para ter essa grande escola com o atual sistema de estabilidade plena.

            Sou defensor da estabilidade contra o presidente, contra o governador, contra o prefeito. Não se pode demitir professor, mas se não passa num exame a cada ano, se não mostra resultados a cada ano, se a gente gosta de educação, não se pode deixar a dedicação nas mãos dele.

            Então, pagar muito bem, exigir muito bem na hora de selecionar e uma dedicação total em escolas bancadas, financiadas pelo Governo Federal. A minha proposta é que isso seja feito por cidades, não por escolas, individualmente. Na verdade, é espalhar o Colégio Pedro II, os Colégios Militares, os Institutos de Aplicação, as Escolas Técnicas que já existem e formam um bloco de 300 escolas federais e transformá-los em 200 mil, obviamente, em no mínimo 20 anos, nem tanto por falta de dinheiro, mas por falta de pessoas capazes de serem professores e professoras. Se se quiser fazer isso hoje, não tem professor com qualidade para isso.

            Isso é possível e mais fácil do que foi fazer o ITA, e mais necessário, hoje - isso está visível -, do que foi fazer o ITA naquela época.

            Talvez faltem as outras duas coisas. Talvez faltem a vontade política de algum presidente para fazer e a competência e o vigor gerencial, de liderança, de carisma de um Montenegro.

            É uma pena que em um momento tão propício, que exige isso, o que esteja faltando entre nós sejam os recursos humanos para levar adiante, tanto o técnico quanto o político, mas, ao faltar isso, posso dizer, comprova-se o que digo: faltou uma formação boa, nos últimos 50 anos, para nós.

            Está em tempo, é preciso, é possível, e o ITA, a Embraer e o CTA são exemplos que nos dão lições para o futuro.

            É por isso, e concluo dizendo, que aqui estamos liderando uma frente parlamentar para a economia do conhecimento, que será uma frente parlamentar de apoio ao ITA à Embraer, de apoio ao ITA ao CTA, de apoio a esse sistema nacional de conhecimento que o Brasil precisa criar.

            Quero agradecer cada um de vocês que fizeram e fazem o ITA, o CTA e a Embrapa, especialmente o Dr. Ozires e o Brigadeiro Reginaldo. Quero agradecer por vocês terem sido exemplo para muitos de nós - e digo para mim, especialmente. Como exemplos que são, quero agradecer as lições que estão dando, que espero sejamos capazes de aprender e usar para mudar o Brasil, como vocês o mudaram.

            Muito obrigado por vocês existirem, pelo que vocês fizeram e por estarem aqui conosco, homenageando o Senado muito mais do que estamos homenageando vocês.

            Um grande abraço para cada uma e para cada um. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2011 - Página 34365