Discurso durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 42 anos da Empresa Brasileira de Aeronáutica - Embraer e homenagear o Doutor Ozires Silva, ex-Presidente da empresa, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DCTA e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 42 anos da Empresa Brasileira de Aeronáutica - Embraer e homenagear o Doutor Ozires Silva, ex-Presidente da empresa, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DCTA e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2011 - Página 34372
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA (EMBRAER), INSTITUTO TECNOLOGICO DE AERONAUTICA (ITA), HOMENAGEM, OZIRES SILVA, EX PRESIDENTE, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e querido amigo Senador Luiz Henrique, Sr. Senador Cristovam Buarque, ambos signatários desta sessão.

            Sob a presidência do Senador Luiz Henrique, esse grande brasileiro, constituinte, um estudioso dos problemas do Brasil e do mundo, temos a honra, aqui no Senado, de sediar, neste momento, esta sessão solene que visa a valorizar a história de bravos brasileiros que já completa 42 anos de vida. A história da Embraer e a história da engenharia aeronáutica do Brasil se confundem.

            Quero cumprimentar o Sr. Reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que também se confunde com a própria Embraer e com essa revolução tecnológica que nosso País teve o privilégio de viver nesses últimos cinquenta anos; o Sr. Tenente-Brigadeiro-do-Ar Reginaldo dos Santos; o Sr. Diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, que também é parte dessa estrutura de engenharia aeronáutica, o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ailton dos Santos, representando o Comandante da Aeronáutica; o Sr. Prefeito Eduardo Cury; e o Vice-Presidente de Relações Institucionais da Embraer, Sr. Jackson Schneider.

            Quero agradecer o privilégio de poder viver momentos como este, pois este cidadão, a quem reverencio, transformou-se, ainda em vida - isso é que é bom, cheio de sabedoria, ensinando-nos -, em sinônimo da aviação no Brasil, Dr. Ozires Silva.

            O Brasil tem o Patrono da Aeronáutica, o brasileiro que atravessa os tempos, porque aviação é algo cada vez mais contemporâneo, que é Santos Dumont, o Pai da Aviação. Mas o que podemos dizer do Dr. Ozires? Só tem paralelo na história do Brasil o próprio Santos Dumont, que foi o criador, mas o engenheiro da criação de Santos Dumont podemos dizer que foi o Dr. Ozires, como engenheiro, aluno e, depois, como aplicado gestor e alguém que fez algo que é singular no mundo.

            É um segmento da mais alta competitividade. Que eu saiba, expoentes mesmo temos os Estados Unidos; no pós-guerra, a partir de uma decisão do Presidente De Gaulle, a França, além do Canadá e do Brasil, que também no pós-guerra consolidou uma indústria aeronáutica competitiva, que hoje é parte do cenário desse setor tão estratégico para o Brasil e para o mundo. O Brasil é um ator muito importante e só alcançou isso graças ao envolvimento direto de figuras que poderíamos homenagear, sempre usando como um sinônimo desse sucesso o Dr. Ozires Silva.

            Eu venho do Acre, olho para o querido Brigadeiro Nicácio, que conhece tão bem a Amazônia. Na pessoa dele, queria cumprimentar os demais oficiais, senão teria que falar o nome de todos. Devemos muito aos senhores. Queria cumprimentar todas as autoridades aqui presentes, porque quem vive na Amazônia, quem foi criado na Amazônia, quem teve responsabilidade de gestão pública na Amazônia sabe a importância que a FAB, que a engenharia aeronáutica tem neste País.

            Nós conhecemos de perto, Senadora Ana Amélia, porque a senhora vem de um Estado muito singular no Brasil também. A Amazônia, não custa lembrar, quando eu me entendi como gente, uma viagem para a Amazônia estava em transição, estava deixando de demorar um ano, do Rio de Janeiro até o Acre de navio, aproveitando a sazonalidade do tempo, e estava passando para dois dias de DC3. Foi uma mudança extraordinária, exatamente dois dias. Saía do Rio de Janeiro, pernoitava entre Goiás e Mato Grosso e, no segundo dia, chegava a Rio Branco, graças aos bravos componentes da Aeronáutica que compunham o CAN (Correio Aéreo Nacional) e a FAB.

            A minha lembrança vem desse tempo. Fiz viagem de dois dias. A primeira viagem que eu fiz foram exatamente dois dias de Rio Branco para o Rio de Janeiro. Então, para quem vive na Amazônia, os senhores talvez não consigam, mesmo tendo vivido muitos que estão aqui pilotando aviões, DC-3 e outros, Bandeirantes, aí já da nossa safra, da nossa produção e depois aviões que ainda estão presentes, mas para os moradores da Amazônia nós sabemos o quanto foi importante o Brasil ter feito uma opção de apostar na engenharia aeronáutica.

            E com a criação em 69, com a implantação a partir dos anos 70, Dr. Ozires, hoje é fácil entender que é estratégico cuidar desse segmento. Hoje é fácil; no mundo de hoje é fácil. Difícil era naquela época ter essa visão do quanto seria importante para este novo século, este novo milênio.

            Daí a importância do Senado Federal estar fazendo esta sessão solene. E, mais uma vez, parabenizo os meus queridos colegas Senador Luiz Henrique e Senador Cristovam Buarque por essa iniciativa, porque temos, sim, que celebrar cada ano da Embraer.

            Os tempos são outros. Eu mesmo acompanhei um pouco como Governador do Acre as dificuldades. O Dr. Ozires teve que voltar, depois de ter ficado boa parte de sua vida consolidando uma empresa que ganhou respeito no Brasil e no mundo, virou sinônimo de orgulho nacional, e ainda é, que fez a aproximação definitiva da Aeronáutica com a sociedade civil. Das três Forças, a Aeronáutica conseguiu este feito de estabelecer uma relação de interdependência de uma Força tão importante com a sociedade civil, produzindo aviões, desenvolvendo novas tecnologias.

            Eu acho que estamos só no começo desta jornada, porque consigo identificar que estamos vivendo agora uma espécie de uma segunda etapa desse desafio de consolidar no Brasil ou consolidar o Brasil no mundo como um dos mais importantes países do ponto de vista da indústria aeronáutica.

            Quando eu estava no governo no início do Governo do Presidente Lula, e queria aqui também fazer uma referência ao Sr. Frederico Curado, Presidente atual da Embraer, recebi um telefonema do Dr. Maurício Botelho, que também escreveu seu nome na história da Embraer. E, naquela época, havia uma crise profunda, internacional, a Embraer estava correndo um certo risco, estou falando do começo de 2002, uma ação internacional, bombardeei a Embraer, tínhamos um risco, aliás, foram muitos os riscos, e ele pedia, pois alguma maneira ele sabia da relação que eu tinha com o Presidente, e ele falava: “Nós não temos prazo. Ou o Governo estabelece um posicionamento neste momento ou a Embraer corre risco”. E eu entendi, como usuário do Acre, como alguém que, de alguma maneira, tenta reconhecer o que aconteceu no nosso País de importante, e procurei ajudar. O certo é que outras pessoas no Palácio se sensibilizaram, e nós atravessamos mais um momento de extrema dificuldade.

            Hoje, o Brasil vive, talvez, um dos momentos mais importantes, uma espécie de uma clara segunda etapa nesse processo histórico, quando o Brasil resolve consolidar uma política de defesa, de ter, estrategicamente, a capacidade de produzir alguns desses equipamentos de defesa, inclusive como alguns fazem, para que a gente siga tendo paz.

            E, no governo do Presidente Lula e neste Governo da Presidente Dilma, acho que o Brasil está vivendo essa fase muito importante. Tive o privilégio, nesse intervalo entre o governo do Acre e o mandato que muito me honra de Senador, que estou apenas começando, de ter acompanhado um pouco de perto e me aproximado desse tema, transferência de tecnologia, presidir o Conselho de Administração da Helibras. De alguma maneira, tive a sorte também de viver junto com o Governo de Minas, que é sócio da Helibras, com o Governo brasileiro, com o setor privado brasileiro, com o Comandante Saito, que foi um grande parceiro nesse projeto todo; enfim, de ter ajudado de alguma forma para que a gente tivesse a base de uma nova Helibras. Inspirado, e obviamente com a devida modéstia, inspirado na história da Embraer, querendo criar ali um polo de asa rotativa. Obviamente, bem mais modesto, mas não menos estratégico do ponto de vista de um segmento que também é tão importante para o Brasil, um País continental como o nosso.

            De novo, estamos tendo algum sucesso por conta da visão do Governo, porque a Embraer surgiu a partir de uma decisão do nosso País de estabelecer uma relação de prioridade, associando-se com o que temos de mais precioso, que são os nossos recursos humanos. O Brasil hoje ainda é competitivo da maneira que é pela capacidade de seus engenheiros e de suas engenheiras, pela capacidade que o ITA e, obviamente, por todo o encaminhamento que a gente faz, buscando consolidar nessa área um conhecimento de ciência e tecnologia.

            Então, Sr. Ozires, eu queria aqui deixar registrado um agradecimento como amazônida para o senhor, para essa empresa tão importante e, como disse, sinônimo de orgulho. Ao mesmo tempo, fico feliz de saber, como disse a Senadora Ana Amélia, que o senhor segue nos ensinando, agora, priorizando a educação, agora priorizando passar pelo menos parte da experiência tão fantástica de vida que o senhor teve e tem.

            De minha parte, eu quero concluir, Sr. Presidente, dizendo que o Senado Federal, a Câmara dos Deputados, o Congresso, o Governo brasileiro tem a oportunidade agora de viver, neste começo de século, neste começo de milênio, o início de uma nova era e, conduzindo de maneira adequada, de poder valorizar a sua história, a história da Embraer para o Brasil e para o mundo. Eu sei que as condições estão criadas.

            O Presidente Lula muitas vezes foi à Embraer e eu tive o privilégio de acompanhá-lo. O Presidente, de maneira importante e com muita determinação, estabeleceu as bases para que a gente, inspirado na história da Embraer, como ele sempre me disse várias vezes, possa dar outro salto: deixar de ser comprador de equipamentos para ser um País que desenvolve tecnologia, que estabelece parcerias estratégicas, como o Brasil agora está definindo. Algumas já estão definidas, outras estão por sê-lo, mas que possa potencializar essa história bonita que enche os olhos do mundo, porque não é pouca coisa, Senadora Ana Amélia. Nós hoje termos 5 mil aviões produzidos pela Embraer servindo em 92 países deste mundo. É uma coisa extraordinária, fantástica. São quase duas dezenas de milhares de servidores que trabalham nesse complexo especializado de alta tecnologia.

            Então, Sr. Presidente, queria concluir, mais uma vez, lembrando Santos Dumont. O Brasil tem o privilégio de ter um visionário como Santos Dumont, que teve a sorte de termos tido depois dele brasileiros como o Dr. Ozires Silva, que implementou, tenho certeza, boa parte dos sonhos sonhados pelo Pai da Aviação.

            Parabéns ao Dr. Ozires. Que a Embraer siga orgulhando o nosso Brasil e todos os brasileiros, e criando, e voando, e ocupando espaço mundo afora.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2011 - Página 34372