Discurso durante a 143ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca do artigo publicado na revista ISTOÉ, desta semana, do articulista Leonardo Attuch, intitulado "A arapuca da 'faxina' ".

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA POLITICA.:
  • Comentários acerca do artigo publicado na revista ISTOÉ, desta semana, do articulista Leonardo Attuch, intitulado "A arapuca da 'faxina' ".
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2011 - Página 34107
Assunto
Outros > REFORMA POLITICA.
Indexação
  • ELOGIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEFESA, REFORMA POLITICA, COMBATE, CORRUPÇÃO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Mozarildo Cavalcanti.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, companheiros e companheiras, há alguns dias, têm sido tema de maior destaque na imprensa nacional denúncias veiculadas pela imprensa e a saída - alguns por solicitação, por pedido de demissão - de quatro Ministros do Governo da Presidenta Dilma.

            Esses fatos fizeram com que tomasse corpo no seio da sociedade o debate relativo à faxina. “Faxina” tem sido a palavra mais pronunciada, mais escrita, nessas últimas semanas, em todo o nosso querido Brasil.

            Quero dizer, Sr. Presidente, que não apenas eu, mas o meu partido, o PCdoB, que contribui com o Governo da Presidente Dilma, assim como contribuiu com o governo do Presidente Lula, temos analisado com muito critério, com muito cuidado, com muita atenção os fatos ocorridos nos últimos tempos.

            Nunca é demais lembrar que, na minha concepção particular, o combate à corrupção não deve ser uma bandeira, mas a defesa de postura ética por parte dos agentes públicos, de postura ilibada, correta. O próprio combate à corrupção por meio da fiscalização de ações representa uma questão de princípios. Essa conduta ilibada deve ser um princípio de cada agente público; não apenas daqueles que administram recursos públicos, mas também nosso, os representantes do povo brasileiro, os Parlamentares do Brasil, sejamos Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Vereadores.

            Quando iniciei na política - e não iniciei como Parlamentar, mas como militante do movimento estudantil -, esta foi uma das primeiras questões que aprendi, Sr. Presidente, que a postura correta, ilibada, deve ser sempre algo presente no cotidiano, no dia a dia de cada um de nós. Então nós encaramos a questão ética, o combate à corrupção como algo do cotidiano e não como bandeira política, como alguns pretendem transformar todas essas questões no dia de hoje.

            Na medida do possível, procuro ler com muita atenção tudo o que é publicado na imprensa brasileira; tanto no meu Estado, nos meios de comunicação regionais da minha região, do meu Estado Amazonas, quanto o que se publica na imprensa nacional, nas revistas de circulação semanal, nos periódicos, nos jornais. E eu me deparei com um artigo publicado na revista Istoé desta semana que achei extremamente interessante. O artigo é assinado pelo articulista Leonardo Attuch. Achei muito interessante porque o título da matéria é exatamente “A arapuca da ‘faxina’”, sendo que faxina está entre aspas. Eu não vou ler o artigo inteiro, mas quero recomendar a leitura dele porque o considero muito apropriado para o momento que nós vivemos.

            Ele, Senador Humberto Costa, conclui o artigo lembrando fatos históricos, relembrando o que precedeu, por exemplo, o golpe militar, o longo período de ditadura de 21 anos. Relembra fatos históricos importantes, mas conclui seu artigo dizendo o seguinte, Senadora Ana Amélia:

Se o Brasil quer limpar o setor público, que comece então a discutir uma reforma política profunda, com temas como o próprio financiamento público de campanha. “Faxinas” pautadas pela hipocrisia não levarão a lugar algum.

            Tenho certeza absoluta de que esse não é só o meu pensamento, o pensamento do Senador Humberto, do Senador Mozarildo, o pensamento de V. Exª, Senadora Ana Amélia, porque, quando falamos em investigar, queremos não apenas corrigir condutas passadas, mas fazer com que aquela correção, com que a punição que deva existir para aqueles que promovem qualquer ato que não é um ato correto, não é um ato justo, que essa punição, essa fiscalização sirva de exemplo para todos aqueles que ocupam cargos públicos.

            Entretanto, o que percebo é que estão tentando transformar toda essa questão ética em um grande movimento, tentando colocar, inclusive, a Presidenta Dilma contra o ex-Presidente Lula, como se fosse herança do Presidente Lula tudo isso que está acontecendo. Tenha santa paciência! Assim como a Presidenta Dilma está sendo ciosa com a questão pública - ela está sendo ciosa! -, penso que assim agiu também o Presidente Lula. Não lembro, em nenhum momento, que o Presidente Lula tenha sido condescendente com qualquer ato de corrupção em seu Governo. Em nenhum momento!

            Então, acho que precisamos trabalhar no dia a dia e não permitir, em primeiro lugar, que esse debate atrapalhe o Governo. Não podemos, de forma nenhuma, mesmo porque não é esse o objetivo. Talvez seja o objetivo de alguns - e o Sr. Leonardo Attuch coloca isso de forma muito clara -, mas não podemos permitir que ações tão importantes, em um momento tão delicado para a economia, para a política mundial, atrapalhem ou prejudiquem o desenvolvimento de políticas públicas importantes, de combate à miséria, de fortalecimento da indústria nacional e vários segmentos. Hoje mesmo participei de uma reunião importante em São Paulo com o setor de medicamentos, porque precisamos garantir a esse segmento o que outros segmentos, como o da tecnologia da informação, já vêm garantindo e já vêm recebendo.

            Quero aqui cumprimentar pela clareza o conteúdo do artigo do Sr. Leonardo Attuch publicado na revista IstoÉ desta semana. Concordo, acho que não podemos permitir que algo que não é uma bandeira, e sim um princípio, seja utilizado politicamente, inclusive com a tentativa de atrapalhar, de paralisar um governo em um momento tão importante, mas, sobretudo, tão delicado da economia e da política internacional.

            Muito obrigada, Presidente Mozarildo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2011 - Página 34107