Pronunciamento de Vanessa Grazziotin em 23/08/2011
Discurso durante a 143ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários acerca do artigo publicado na revista ISTOÉ, desta semana, do articulista Leonardo Attuch, intitulado "A arapuca da 'faxina' ".
- Autor
- Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
- Nome completo: Vanessa Grazziotin
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
REFORMA POLITICA.:
- Comentários acerca do artigo publicado na revista ISTOÉ, desta semana, do articulista Leonardo Attuch, intitulado "A arapuca da 'faxina' ".
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/08/2011 - Página 34107
- Assunto
- Outros > REFORMA POLITICA.
- Indexação
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- ELOGIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEFESA, REFORMA POLITICA, COMBATE, CORRUPÇÃO.
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Mozarildo Cavalcanti.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, companheiros e companheiras, há alguns dias, têm sido tema de maior destaque na imprensa nacional denúncias veiculadas pela imprensa e a saída - alguns por solicitação, por pedido de demissão - de quatro Ministros do Governo da Presidenta Dilma.
Esses fatos fizeram com que tomasse corpo no seio da sociedade o debate relativo à faxina. “Faxina” tem sido a palavra mais pronunciada, mais escrita, nessas últimas semanas, em todo o nosso querido Brasil.
Quero dizer, Sr. Presidente, que não apenas eu, mas o meu partido, o PCdoB, que contribui com o Governo da Presidente Dilma, assim como contribuiu com o governo do Presidente Lula, temos analisado com muito critério, com muito cuidado, com muita atenção os fatos ocorridos nos últimos tempos.
Nunca é demais lembrar que, na minha concepção particular, o combate à corrupção não deve ser uma bandeira, mas a defesa de postura ética por parte dos agentes públicos, de postura ilibada, correta. O próprio combate à corrupção por meio da fiscalização de ações representa uma questão de princípios. Essa conduta ilibada deve ser um princípio de cada agente público; não apenas daqueles que administram recursos públicos, mas também nosso, os representantes do povo brasileiro, os Parlamentares do Brasil, sejamos Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Vereadores.
Quando iniciei na política - e não iniciei como Parlamentar, mas como militante do movimento estudantil -, esta foi uma das primeiras questões que aprendi, Sr. Presidente, que a postura correta, ilibada, deve ser sempre algo presente no cotidiano, no dia a dia de cada um de nós. Então nós encaramos a questão ética, o combate à corrupção como algo do cotidiano e não como bandeira política, como alguns pretendem transformar todas essas questões no dia de hoje.
Na medida do possível, procuro ler com muita atenção tudo o que é publicado na imprensa brasileira; tanto no meu Estado, nos meios de comunicação regionais da minha região, do meu Estado Amazonas, quanto o que se publica na imprensa nacional, nas revistas de circulação semanal, nos periódicos, nos jornais. E eu me deparei com um artigo publicado na revista Istoé desta semana que achei extremamente interessante. O artigo é assinado pelo articulista Leonardo Attuch. Achei muito interessante porque o título da matéria é exatamente “A arapuca da ‘faxina’”, sendo que faxina está entre aspas. Eu não vou ler o artigo inteiro, mas quero recomendar a leitura dele porque o considero muito apropriado para o momento que nós vivemos.
Ele, Senador Humberto Costa, conclui o artigo lembrando fatos históricos, relembrando o que precedeu, por exemplo, o golpe militar, o longo período de ditadura de 21 anos. Relembra fatos históricos importantes, mas conclui seu artigo dizendo o seguinte, Senadora Ana Amélia:
Se o Brasil quer limpar o setor público, que comece então a discutir uma reforma política profunda, com temas como o próprio financiamento público de campanha. “Faxinas” pautadas pela hipocrisia não levarão a lugar algum.
Tenho certeza absoluta de que esse não é só o meu pensamento, o pensamento do Senador Humberto, do Senador Mozarildo, o pensamento de V. Exª, Senadora Ana Amélia, porque, quando falamos em investigar, queremos não apenas corrigir condutas passadas, mas fazer com que aquela correção, com que a punição que deva existir para aqueles que promovem qualquer ato que não é um ato correto, não é um ato justo, que essa punição, essa fiscalização sirva de exemplo para todos aqueles que ocupam cargos públicos.
Entretanto, o que percebo é que estão tentando transformar toda essa questão ética em um grande movimento, tentando colocar, inclusive, a Presidenta Dilma contra o ex-Presidente Lula, como se fosse herança do Presidente Lula tudo isso que está acontecendo. Tenha santa paciência! Assim como a Presidenta Dilma está sendo ciosa com a questão pública - ela está sendo ciosa! -, penso que assim agiu também o Presidente Lula. Não lembro, em nenhum momento, que o Presidente Lula tenha sido condescendente com qualquer ato de corrupção em seu Governo. Em nenhum momento!
Então, acho que precisamos trabalhar no dia a dia e não permitir, em primeiro lugar, que esse debate atrapalhe o Governo. Não podemos, de forma nenhuma, mesmo porque não é esse o objetivo. Talvez seja o objetivo de alguns - e o Sr. Leonardo Attuch coloca isso de forma muito clara -, mas não podemos permitir que ações tão importantes, em um momento tão delicado para a economia, para a política mundial, atrapalhem ou prejudiquem o desenvolvimento de políticas públicas importantes, de combate à miséria, de fortalecimento da indústria nacional e vários segmentos. Hoje mesmo participei de uma reunião importante em São Paulo com o setor de medicamentos, porque precisamos garantir a esse segmento o que outros segmentos, como o da tecnologia da informação, já vêm garantindo e já vêm recebendo.
Quero aqui cumprimentar pela clareza o conteúdo do artigo do Sr. Leonardo Attuch publicado na revista IstoÉ desta semana. Concordo, acho que não podemos permitir que algo que não é uma bandeira, e sim um princípio, seja utilizado politicamente, inclusive com a tentativa de atrapalhar, de paralisar um governo em um momento tão importante, mas, sobretudo, tão delicado da economia e da política internacional.
Muito obrigada, Presidente Mozarildo.