Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica à maneira como os trabalhos da Mesa do Senado foram conduzidas na sessão de ontem e contestação do PL 122 e da proposta de legalização de drogas no país.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Crítica à maneira como os trabalhos da Mesa do Senado foram conduzidas na sessão de ontem e contestação do PL 122 e da proposta de legalização de drogas no país.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2011 - Página 20920
Assunto
Outros > SENADO. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, MESA DIRETORA, SENADO, DURAÇÃO, REUNIÃO, PLENARIO.
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, FAMILIA, PAIS, LOCAL, DISTRITO FEDERAL (DF), OBJETIVO, CONTESTAÇÃO, PROJETO DE LEI, ASSUNTO, DISCRIMINAÇÃO, HOMOSSEXUAL, OPOSIÇÃO, LEGALIDADE, DROGA.
  • CRITICA, DISCURSO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, LEGALIDADE, DROGA.
  • QUALIDADE, PRESIDENTE, GRUPO PARLAMENTAR, FAMILIA, MANIFESTAÇÃO, COMPROMISSO, COMBATE, PROJETO DE LEI, ASSUNTO, DISCRIMINAÇÃO, HOMOSSEXUAL.

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, muito obrigado pela educação de V. Exª conduzindo os trabalhos da Mesa. Aqui, não tem escoteiro, todo mundo é Senador e há que se respeitar um Senador que extrapole dois, três ou quatro minutos, discutindo temas importantes. Não há que se evocar Regimento Interno para dar esporro em Senador, porque aqui não tem menino. V. Exª está dando um exemplo dessa compreensão. Chegou aqui pelo voto. Aqui, ninguém é CC2 do Governo e nem é CC3 de gabinete de Senador nenhum, para Senador sentar-se nessa cadeira e achar que pode dar esporro em quem está aqui embaixo.

            Agradeço muito a Deus por não ter estado na sessão de ontem, pois, com o sangue que Deus me deu, ninguém morde a minha veia, porque fica muito difícil. Mas agradeço a V. Exª a compreensão de me deixar fazer o registro.

            Aliás, quero alertar os Senadores que se sentam nessa cadeira de que Salomão escreveu alguma coisa e deixou para eles: “A arrogância precede a ruína”. É de Salomão essa frase, por isso é tão forte e tão bonita.

            Eu gostaria de registrar, mais uma vez, a movimentação da família brasileira, ontem, nessa Esplanada. Foram líderes do País inteiro, numa movimentação de pessoas que se levantam não somente contra o PL nº 122, que é famigerado. Esse PL nº 122 é um defunto que só precisamos sepultar. Aliás, é o recado que dou para o Brasil como Presidente da Frente da Família: não tem futuro, até porque não tem acordo. Não faremos acordo. E qualquer tentativa... Falo em nome de mais de 70 Senadores que fazem parte da Frente da Família, que amam a família e que acreditam em família nos moldes de Deus.

            O povo veio às ruas para dizer, também, que está assustado com esse discurso de legalização de drogas. Antes, Fernando Henrique estava falando em legalização da maconha; agora, ele quer todas: ele quer o oxi, ele quer o crack, ele quer que se legalize cocaína. Vai ser lindo! Haverá uma lei estabelecendo que o cara que não contratar, para a sua empresa, um viciado em crack será preso; o cara que não contratar um viciado em cocaína para dirigir ônibus não terá condições de obter licença para ser empresário; o cara que não contratar um maconheiro para ser o ascensorista de seu prédio será banido da vida. Então, nós teremos um País de drogados.

            É triste ouvir isso de quem governou este País durante oito anos. Eu, até agora, quero respeitá-lo.

            Ontem, o Aécio falou para mim: “Vai devagar, porque o homem tem mais de 80 anos de idade.” Eu fiquei feliz, porque o Aécio me disse que esse não é um discurso do PSDB e nem dele. Eu fiquei preocupado, porque Aécio será candidato à Presidência da República em 2014. Preocupa-me pensar que ele também possa levar isso para frente. Até perguntei a Aécio o que ele achava da legalização das drogas e o que ele achava do uso de drogas. Ele me falou que é contra isso tudo e até me tranquilizou, porque se esse fosse um discurso do partido, seria dolorido a gente entender que estão semeando uma coisa para fazer acontecer.

            Ele teve oito anos para fazer isso e não teve coragem de fazer esse discurso. Ele estava querendo eleger o Serra e, se fizesse esse discurso, como já estava baixo demais, ficaria pior. Faltou coragem. Agora, ele dá entrevista em todo lugar querendo a legalização das drogas. Eu vi uma entrevista dele que está nos jornais. Ele não quer só maconha, não; ele quer que se legalizem o oxi, a cocaína, o crack. Olha só! Mamãe, me acode! Só está faltando eu ver chover para cima.

            Então, quero registrar que, como Presidente da Frente da Família, de que V. Exª faz parte - eu digo isso ao povo da Paraíba e ao povo de Alagoas -, de que nós fazemos parte, nós haveremos de fazer esse enfrentamento aqui, como fizemos ao PL nº 122, esse famigerado, desgraçado, que não vai ter vida aqui, porque o Senado jamais criará uma lei para enfrentar valores de família.

            O enfrentamento que fizemos foi para a morte desse kit gay, em relação ao qual a Presidente Dilma tão sabiamente, de maneira tão decisiva, em favor de valores de família, tomou uma decisão tão importante.

            Por isso, eu faço este registro hoje, e o registro da tristeza, da arrogância da Mesa no dia de ontem, embora fazendo parte da base do Governo.

            Governo que quer prosperar não pode colocar nessa mesa pessoas que fazem o enfrentamento e que trazem prejuízos ao Governo, sob o ponto de vista do relacionamento.

            Aqui estou há oito anos e quatro meses e nunca vi o que vi ontem: Senador sendo desrespeitado, tendo a palavra cortada. Aqui, não tem nenhum escoteiro e, se houvesse um escoteiro, tinha de respeitar. Tinha de respeitar! Aqui, não tem nenhum CC4, nenhum CC2 de gabinete de Senador. Todo mundo veio aqui pelo voto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2011 - Página 20920