Discurso durante a 145ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato do encontro, hoje, de S.Exa. com os índios Pataxós Hã Hã Hãe; e outros assuntos. (como Líder)

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESEMPREGO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Relato do encontro, hoje, de S.Exa. com os índios Pataxós Hã Hã Hãe; e outros assuntos. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2011 - Página 34737
Assunto
Outros > DESEMPREGO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • REGISTRO, ENCONTRO, ORADOR, COMUNIDADE INDIGENA, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), ASSUNTO, REDUÇÃO, DESEMPREGO, AUMENTO, RENDA, TRABALHADOR, RELAÇÃO, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, IMPORTANCIA, MERCADO INTERNO.
  • DEFESA, REDUÇÃO, JUROS, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), OBJETIVO, COMBATE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, APOIO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco/PT - BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta tarde, trago um registro importante e positivo. É natural que façamos um pout-pourri daquilo que queremos falar, principalmente, Senador Paulo Paim, quando temos contatos como esse que tivemos hoje, à tarde, com os índios Pataxós Hã Hã Hãe, que enfrentam uma luta histórica e muito conhecida nacionalmente, especialmente pela morte do índio Galdino. Esses índios, ao longo desses anos, têm enfrentado invasores naquela região. Refiro-me à região de Pau Brasil e de Coroa, a todo aquele espaço, que é muito rico, com solo fértil na produção de cacau.

            Poderíamos falar, Senador Paim, das ações que desenvolvemos como Senadores, das atividades de que participamos, do que vamos fazer amanhã. Inclusive, lembro a ida do Ministro Padilha à Bahia, para o lançamento de programas importantes, como o preventivo do câncer de mama. Amanhã à tarde, estaremos na cidade de Castro Alves, com o Governador, entregando obras, fazendo inaugurações. No sábado, estaremos em Andaraí.

            Portanto, é natural que os Senadores tratem, como na boa brincadeira de Getúlio Vargas, de seu São Borja. Os que, à época, estavam com Getúlio contam que Getúlio largou uma reunião em que discutia a crise para atender uma pessoa que chegara, naquele momento, ao Palácio. Aos risos, com alegria, ele conversava com um matuto - assim foi classificada a pessoa pelos seus auxiliares. Quando Getúlio volta para a reunião, alguém lhe pergunta: “Presidente, a gente estava discutindo a crise, e o senhor estava ali no canto, atendendo àquela pessoa. O senhor suspendeu a reunião. Que coisa tão boa era aquela? O senhor estava dando risada! Nem se lembrava mais da crise!”. Responde o Presidente Getúlio Vargas: “O Brasil é muito importante, o Rio de Janeiro também, o Rio Grande do Sul mais ainda, mas o meu São Borja está em primeiro lugar”.

            Então, na realidade, é importante que a gente trate disso. Tratando do meu São Borja, ou seja, da minha terra, dos locais onde milito, meu caro Paulo Paim, não posso deixar de tratar das coisas que se somam a essas iniciativas, porque, depois, a gente faz a leitura do resultado.

            Senador Paulo Paim, em meio a esse turbilhão econômico no mundo - não somos uma ilha - o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, divulga os números sobre o nosso mercado de trabalho. Meu caro Senador Romero Jucá e Senador Renan Calheiros, há um dado importante. A pesquisa, feita nas principais capitais - entre elas, está a minha gloriosa terra, Salvador -, aponta que, no mês de julho, a taxa de desemprego foi de 6%, a mais baixa desde o início da série histórica elaborada pelo IBGE, em 2002. Portanto, o desemprego recua em relação ao mês de junho, quando a marca foi de 6,2%. E é importante lembrar que, no mesmo período, se avaliarmos o que foi registrado em julho de 2010, ano de grande crescimento econômico, a taxa de 6,9% da população economicamente ativa trazia esse registro da questão do desemprego. Portanto, é uma grande marca para este momento, em que estamos falando aqui e agora.

            É importante salientar também, meu caro Paulo Paim, que, em julho deste ano, havia mais ou menos 1,4 milhão de pessoas procurando emprego, contra o montante de 1,6 milhão de pessoas, verificado um ano atrás. Isso significa um déficit do ponto de vista dessa procura. Mas, quando vemos do outro lado, podemos chamar isso de um superávit de duzentos milhões, porque, na realidade, essas pessoas não mais procuraram emprego, o que nos leva efetivamente a crer em uma queda de 12,1% da população desocupada nos últimos doze meses, meu caro Paulo Paim.

            Essa boa notícia da queda do desemprego vem acompanhada da informação sobre o aumento da renda média do trabalhador brasileiro. Ainda segundo o IBGE, a renda de R$1.612,90, em julho, é 2% superior à renda verificada no mês de junho de 2011 e representa 4% a mais que a renda de julho 2010, quando essa renda chegava exatamente ao patamar de R$1.550,26. É importante salientar isso e trazer outro dado fundamental, meu caro Paulo Paim: a massa de rendimento real, o habitual, de R$36,6 bilhões, ficou 2,7% acima da registrada no mês de junho. Estou me referindo à massa de julho de 2011. Portanto, cresceu 6% em relação ao ano de 2010. Comparando os valores de julho de 2011 com os de julho de 2010, o crescimento é acentuado, é de 6%. A massa de rendimento real efetivo dos ocupados, algo em torno de R$36,2 bilhões, estimada em junho de 2011, subiu 2,5% no mês, e, se compararmos esse valor ao do ano anterior, vamos encontrar, nesse processo, um crescimento na faixa de 6%.

            Portanto, esses números explicam o desempenho da economia brasileira, com base em um sólido mercado interno. Aqui vai uma provocação para o meu amigo Lindbergh Farias, que, quando veio fazer o seu pronunciamento, disse: “Pinheiro, temos de bater nessa questão da economia, cobrar do Banco Central que tenha um olhar mais criterioso para esse movimento da economia. É preciso baixar os juros”. É isso mesmo Senador Lindbergh Farias!

            Esse dado do IBGE, Senador Renan, traz-nos a certeza de que a macroprudência adotada no inicio do ano de elevar a taxa de juros precisa se transformar, agora, na macroatitude de baixar a taxa de juros, porque a economia responde desse jeito. Está aqui a resposta. Esses são os fatores que devem ser utilizados para mensurar esse movimento econômico. É obvio que não quero aqui dar lição a nenhum membro do Copom, pelo amor de Deus! Não sou professor de Deus nem professor dos membros do Copom. Mas quero chamar a atenção dos membros do Copom, porque esses dados são os dados que orientam essa mensuração. Estes dados, eu diria, são mais do que expressivos, porque estão na vida das pessoas: a geração de postos de trabalho, o aumento da renda.

            Esses números explicam, de forma peremptória, o desempenho da economia brasileira e, portanto, o mercado interno, a produção, a geração de empregos, o aumento da renda. E evidenciam também, meu caro Paulo Paim, que, diante das incertezas da economia mundial e, particularmente, da economia dos países mais ricos, do chamado primeiro mundo, o Brasil continua sendo um porto seguro na atração de investimentos. Mas o Brasil não pode ser, Paulo Paim, um porto seguro na atração da especulação. Por isso, quero insistir que a redução da taxa de juros e o estimulo à produção neste País servirão de atrativo. Com isso, poderemos dizer: “Venham para cá, para investir na produção, não na especulação!”. Há exemplos disso, Senador Romero. Houve um leilão na semana passada. No leilão, só na Bahia, houve dezoito novos parques eólicos. Quem vem para cá, para produzir aerogeradores? Países ricos da Europa que enfrentam problemas nos seus mercados. Eles não têm capacidade de investimento lá por conta exatamente da crise, mas têm capacidade de investimento em qualquer lugar do mundo. Portanto, deslocam-se esses capitais, buscando esse mercado.

            Então, é muito melhor que a gente oferte, ofereça e chame esse capital, para dizer: “Montem a fábrica de aerogeradores”. Vão montar duas na Bahia, das quatro que existirão no Brasil. “Venham para cá, para produzir!” Estamos trazendo para cá a alemã B. Braun. “Venham produzir aqui, por meio do desenvolvimento de pesquisa, com terapia celular, com unidade de fabricação de produtos de higienização!” É esse estimulo que a gente dá aos países ricos, que a gente aponta para o capital lá fora, dizendo: “Podem vir, que este é um porto seguro para o investimento, não um verdadeiro oásis da especulação”. Digo isso aqui sem nenhum ataque à nossa equipe do Banco Central. Esse é um apelo, para que, de uma vez por todas, essas questões possam ser visualizadas com esse horizonte.

            Então, Senador Paulo Paim, quero deixar aqui este nosso pronunciamento, em que festejo, digamos assim, esse ótimo resultado medido pelo IBGE, do ponto de vista da queda do desemprego, do ponto de vista do aumento da renda média e da oferta de postos de trabalho. Mas faço também um chamamento para essa questão central da macroeconomia, usando uma das máximas utilizadas pela nossa Presidenta Dilma em diversos momentos, quando lançou o Brasil Maior, quando lançou o programa Brasil sem Miséria, quando lançou o Programa de Microcrédito, quando lançou a redução de juros do Supersimples e o aumento da faixa, quando incentivou o microempreendedor individual, quando tratou da desoneração da folha, para permitir que setores da indústria continuassem produzindo.

            V. Exª tem uma experiência muito próxima, na região onde está o nosso companheiro de Casa, o nosso Tarcísio Zimmermann, Prefeito de Novo Hamburgo, que trata da questão dos calçados, segmento este que enfrenta um dos maiores problemas na relação cambial, na sua produção, na sua capacidade de exportação.

            Então, estou me referindo a esse episódio, a esse momento, a esse bom momento da economia. Não podemos perder esta máxima que a Presidenta vinha empregando permanentemente: controlar a inflação, mas não sacrificar o desenvolvimento econômico do País. Essas duas iniciativas têm aqui encontrado, mais do que respaldo, dados concretos e contundentes.

            Atenção, Banco Central e Copom! Deem uma macro-olhada nesse cenário, para exatamente atender a essa demanda, para que continuemos enfrentando o processo de crise que se apresenta no mundo inteiro com altivez, principalmente garantindo que nosso consumo interno não seja, de forma alguma, desprezado. A nossa bandeira é consolidar um Brasil sem miséria. E um Brasil sem miséria é aquele que oportuniza trabalho e renda para o nosso povo, nos locais onde o povo tem vivido os seus dias.

            Era isso que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2011 - Página 34737