Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de aplauso e congratulações à atleta brasileira Fabiana Murer pela conquista da primeira medalha de ouro, na modalidade salto com vara, em competição na Coréia do Sul; e outros assuntos.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. POLITICA CULTURAL.:
  • Voto de aplauso e congratulações à atleta brasileira Fabiana Murer pela conquista da primeira medalha de ouro, na modalidade salto com vara, em competição na Coréia do Sul; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 01/09/2011 - Página 35880
Assunto
Outros > ESPORTE. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, SOLICITAÇÃO, HOMENAGEM, ATLETA PROFISSIONAL, VITORIA, CAMPEONATO MUNDIAL, ESPORTE.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, FESTIVAL, POETA, MUNICIPIO, TAUBATE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, INICIATIVA, PROMOÇÃO, CULTURA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, em primeiro lugar, gostaria de apresentar um requerimento com voto de aplauso e congratulações para a atleta Fabiana Murer pela conquista da primeira medalha de ouro em competições de atletismo mundial na Coreia do Sul, na modalidade salto com vara.

            Fabiana Murer, ontem, colocou seu nome entre as lendas do atletismo brasileiro, como Adhemar Ferreira da Silva e tantos outros. Ela venceu a final do salto com varas no Mundial de Atletismo em Daegu, ganhando a primeira medalha de ouro do País na história da competição.

            Logo após o salto que atingiu os 4,85m, Fabiana Murer afirmou que encarou a competição de forma prazerosa e divertida. Segundo a campeã, a disputa com rivais de peso, como a russa Yelena Isinbayeva, sexta colocada, a polonesa Anna Rogowska, campeã em 2009, e a alemã Martina Strutz, prata, com 4,80, deu um gosto melhor à medalha. Ela admite que está ansiosa para receber a medalha de ouro conquistada, o que está previsto para esta quinta-feira, às 7h45, em Brasília, se bem que, ainda hoje de manhã, ouvi a entrevista de que ela só viria para cá depois de mais uma competição no dia 8.

Estou ansiosa para a cerimônia de premiação. É emocionante só de pensar, é a primeira vez que vamos ouvir o Hino Nacional numa cerimônia de premiação num Mundial de Atletismo.

            Com a conquista em Daegu, a brasileira unificou dois títulos mundiais, já que foi campeã indoor em 2010, em Doha. A ela nossos cumprimentos por essa vitória para o Brasil.

            Gostaria também, Sr. Presidente, de aqui assinalar a Maratona Poética de Taubaté, pois, no último final de semana, foi realizada a I Maratona Poética do Vale, na Cidade de Taubaté, São Paulo, promovida pela Subsede de Taubaté da Apeosp, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, pela Confraria do Coreto e pelo Grupo Ambiental Jeca. Participaram cerca de 60 poetas de toda a região, que engloba os Municípios de Pindamonhangaba, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, São Paulo, Jacareí e Campos do Jordão.

            Entre os poetas e organizadores destacam-se André Bianc, economista aposentado e poeta; Fernando Borges, professor da rede estadual de ensino; Silvio Prado, poeta, funcionário da Apeosp, que faz literatura de cordel; Luiz Antonio Cardoso, Presidente do Clube dos 21 Irmãos-amigos de Taubaté e Presidente da Seção de Tremembé da União Brasileira de Trovadores; Alexandre Malosti, Alessandro Bertholli, Wagner Souza, Carmem Silvia Baptista, Paola Martins, Luiz Márcio, Rafael Martins, Leandro Monteiro, Tereza Bendini, Karina Aldrighis, Benilson Toniolo.

            Às 5h30 da manhã de sábado, 27 de agosto, iniciou-se a I Maratona Poética do Vale. Foram 42 horas ininterruptas de declamação de poesias, e catorze mediadores revezaram-se na condução do evento, ao lado de dezenas de convidados, não deixando um minuto sequer a poesia parar, nem mesmo nas sonolentas horas da madrugada ou ao alvorecer do dia. As pessoas só pararam de declamar às 23h30 de domingo, 28 de agosto.

            Foram lidos poemas dos mais consagrados poetas brasileiros e internacionais de todos os tempos, como Vinicius de Moraes, Drumond, Augusto dos Anjos, Paulo Paes, Mário Quintana, Araujo Jorge, Casemiro de Abreu, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Affonso Romano, Olavo Bilac, Manoel de Barros, Adélia Prado, Jorge de Lima, Castro Alves, Leminsk, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, Paul Verlaine, Baudelaire, Jorge Luis Borges, Lorca, Florbela Espanca, Gil Vicente, enfim, inúmeros outros nomes e obras que foram declamadas por poetas, estudantes, donas de casa, professores e trabalhadores em geral. Muitos adolescentes estiveram presentes, alguns, inclusive, lendo poemas criados por eles próprios.

            Da cidade de Taubaté e da região do Vale da Paraíba estiveram presentes e participando das atividades pelo menos sessenta poetas. Todos eles lendo e declamando suas obras.

            Poetas locais e regionais como André Bianc, Leandro Monteiro, Mauro Valle, Luiz Antonio Cardoso, Maloste, Teresa Bendini e dezenas de outros. Todos os gêneros de poesia foram lidos e declamados, inclusive letras de canções populares e literatura de cordel.

            O evento também contou com a transmissão ao vivo, via Internet, para todo o mundo, e inúmeras pessoas de várias partes do País entraram em contato, apoiando a Maratona e dizendo que a estavam acompanhando em tempo real.

            Além de registrar a realização da I Maratona Poética do Vale, ocorrida neste final de semana em Taubaté, São Paulo, aproveito para parabenizar os responsáveis pela organização do evento, que por essa atividade recriaram o sentido de que a poesia não morreu. Se ela estava no íntimo de cada um, se estava no interior de suas casas, por essa Maratona ganhou outra vez as ruas, a praça, o público.

            A poesia vive e sobrevive com o bom de cada um de nós.

            Assim, em homenagem a essa Maratona Poética do Vale, leio aqui, de Mauro Valle, as Graças de Tremembé:

Garças de Tremembé

Clareai a minha hora

Ó arrozais erguidos

Na solidão da planície

Tecei para mim

Portas de vento e verdes

Um riso que seja o rio

Da serrania de meu coração.

Vinde, meus irmãos

Ouvir as alvoradas

Que os homens não quiseram entender

Eles enganam, matam, corrupiam

À luz da salmodia

Cifrão.

Garças de Tremembé

Irmãs da inocência

Que às vezes perdi

Quem sou senão esquecimento?

Que sois senão as asas que me restam?

Vosso voo em branco

Antigo chamamento

Agora é meu ser amanhecendo.

E definição da poetisa Teresa Bendini:

O poeta tem um pouco de filósofo

Tem um pouco de astrônomo

Um pouco de botânico

Um pouco de ridículo

Um pouco de bucólico

Um pouco de não dito.

            E do poeta Leandro Monteiro, “Lençol”:

És mais sutil e suave

Que o canto do pássaro...

És o mais fino tecido

Vindo da pele mais áspera...

És, também, mais claro

Que qualquer luz acesa...

És o que encobre teu corpo

Na hora mais negra...

Feliz sou eu de ver a lua...

Estar em lua diante de ti,

Envolta ao lençol

A suspirar-me.

            E, ainda, a “Licitação Modelo”, do poeta Silvio Prado:

O prefeito da cidade

Abriu uma licitação

Para comprar livro e caderno

E ajudar a educação

E contratou uma empresa

Que faz refrigeração

Para concorrer com outra

Especialista em pão

Conhecida padaria

De rolo e esculhambação.

O gerente do ensino

Se disse muito satisfeito

Com tão boa e bela compra

E agradeceu pelo feito

Mesmo que livre caderno

Tenham vindo com defeito

Uns sem capa e nem folhas

E nada escrito direito

Todos porém ostentando

O retrato do prefeito.

            E, assim, estão aí exemplos da contribuição dos poetas do Vale do Paraíba.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/09/2011 - Página 35880