O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esta Casa comemorará, amanhã, na Hora do Expediente, os 39 anos da Rede Amazônica de Rádio e Televisão. Em nenhuma outra região do Brasil, os meios de comunicação tiveram tanta relevância econômica e social como na Amazônia. Hoje, faço este pronunciamento, Sr. Presidente, porque não estarei aqui amanhã, o dia da comemoração.

            Desde o período colonial, colonos, viajantes e cientistas tentaram descortinar a região. O que impressionava todos era o caráter inexpugnável daquele ambiente. As dificuldades que se impunham à exploração eram muitas. Uma enorme rede hidrográfica repleta de obstáculos de difícil superação; densas florestas; estações climáticas que afetavam o regime de águas; epidemias de consequências trágicas, tudo conspirava para provocar a sensação muito comum de impotência humana perante um habitat natural intransponível, fartamente desconhecido e misterioso.

            A história de criação do meu Estado, Rondônia, constitui um exemplo fiel das dificuldades do viver na Amazônia. Ainda assim, Rondônia beneficiou-se de determinadas condições naturais, particularmente o fato de suas vias fluviais comunicarem os complexos dos rios Paraná/Paraguai e Amazonas. Este foi o caminho que percorreu a famosa bandeira de Antônio Raposo Tavares, no século XVII, que passou pelo vale do rio Guaporé, chegando ao rio Madeira, o principal afluente do Amazonas.

            A experiência histórica da ocupação de Rondônia é feita de inúmeras idas e vindas, de povoamentos e núcleos de exploração econômica que surgiram e desapareceram ao sabor da conjuntura, algo bem diferente da noção de fronteira que conhecemos, tributária da experiência americana, que a compreende como espaço compacto e integrado de funções econômicas, sociais e políticas.

            Esses traços da evolução histórica de Rondônia também se verificaram em vastas áreas da Amazônia. Favoreceram a preservação do patrimônio natural e ecológico e moldaram a dispersão da presença humana na região. Dessa forma, apenas em tempos recentes, a região amazônica passou a ser verdadeiramente conhecida. Cientistas e empreendedores tiveram a sua parte nesse processo, mas os meios de comunicação foram fundamentais.

            Na verdade, a história se repete e se renova, e, hoje, também há os nossos novos “bandeirantes”, igualmente movidos pela ousadia, pela coragem, pelo destemor, evidentemente em novos moldes, nestes novos tempos de avanço da tecnologia e do conhecimento. Foi assim, Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com os Srs. Felipe Daou, Milton Cordeiro e Joaquim Margarido: eles juntaram, numa mesma alquimia, da qual somente os construtores da história são capazes, a ousadia, a coragem e o destemor de muitos outros amazônidas e o que há de mais atual na tecnologia da comunicação, para idealizar e colocar no ar da imensa Amazônia e deste País continental a Rede Amazônica. São, portanto, repito, todos pioneiros: os Srs. Felipe Daou, Milton Cordeiro, Joaquim Margarido e Aloísio Daou.

            Hoje, a Rede Amazônica não apenas leva as coisas da Amazônia para o conhecimento de um País de tantos e tamanhos contrastes. Ela é, na verdade, um dos nossos melhores instrumentos de construção da soberania brasileira. Ela é, Sr. Presidente, amazônica até mesmo no nome, mas suas antenas estão voltadas, sobremaneira, na direção da integração nacional, da soberania de um País de também tantos sotaques, sotaques que hoje estão, todos, representados na Amazônia.

            Srªs e Srs. Senadores, estamos falando de seis geradoras, TVs Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Amazon Sat; de 193 retransmissoras de televisão, integradas ao sistema Globo; de várias rádios locais e de um portal na Internet.

            Destaco aqui o pioneirismo da Rede Amazônica no emprego da inovação tecnológica na área de Comunicação. Foi a primeira emissora a transmitir em cores, nos idos de 1972, e a primeira retransmissora de sinal não simultâneo, em Guajará-Mirim, no Estado de Rondônia. Também foi precursora na operação com o sistema digital na Amazônia Legal e a primeira Rede de Televisão do Norte e Nordeste a ter uma sucursal na capital federal.

            Abro aqui um breve parêntese, para falar um pouco da importância do Amazon Sat, que consiste num canal focado na Amazônia, com cobertura em nove Estados, cuja finalidade é tratar sobre os assuntos amazônicos, suas características, suas peculiaridades, seu povo e sua cultura. Esse programa foi implantado para acabar com o isolamento da região amazônica, levando a realidade e a voz dessa região para o Brasil e para o mundo, que, em muitas ocasiões, são deturpadas, principalmente no exterior.

            Por meio deste trabalho de envergadura, a Amazônia está sendo revelada pela produção de conteúdos regionais e locais em várias mídias, da televisão, passando pelo rádio, até o mundo virtual. Tudo isso contribui para que se divulgue a especificidade da região, a diversidade e a riqueza de suas gentes, os costumes e as formações econômicas e sociais, a história da integração e dos polos de desenvolvimento regional e a sua grande referência mundial, as reservas naturais de biodiversidade. É a Amazônia vista por dentro e divulgada pelo mundo afora.

            Eu não poderia deixar de consignar, portanto, meu tributo à passagem do 39º aniversário da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveito este momento, para mim igualmente especial, para me somar às homenagens que estão sendo prestadas hoje, na Assembleia Legislativa do meu Estado, à Emater, que completa 40 anos. Seus profissionais são, da mesma forma que os pioneiros da comunicação que hoje aqui homenageamos, movidos pela ousadia, pela coragem e pelo destemor. Os escritórios da Emater são verdadeiros postos avançados na construção da história do Estado de Rondônia e da Amazônia.

            Que bom ter tanto a comemorar! Que bom ter tantos companheiros de quem se orgulhar!

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.