Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do transcurso do trigésimo nono aniversário da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.

Autor
Randolfe Rodrigues (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AP)
Nome completo: Randolph Frederich Rodrigues Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, IMPRENSA.:
  • Comemoração do transcurso do trigésimo nono aniversário da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2011 - Página 36073
Assunto
Outros > HOMENAGEM, IMPRENSA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, EMISSORA, RADIO, TELEVISÃO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, INTEGRAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, ELOGIO, TRABALHO, PRESIDENTE, ENTIDADE, RELATORIO, HISTORIA, FUNDAÇÃO, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, ESTADO DO AMAPA (AP).

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (PSOL - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Exmº Sr. Phelippe Daou, principal homenageado nesta tarde, no Senado Federal brasileiro; Sr. Phelippe Daou Júnior, a quem também estendo meus cumprimentos; estendo da mesma forma meus cumprimentos ao Sr. Nivele Daou; da mesma forma cumprimento a Exmª Srª Sandra Maria do Couto e Silva que neste ato representa o Governador do Estado do Amazonas; cumprimento também os ex-Ministros das Comunicações do Brasil, Sr. Juarez Quadros e Sr. Euclides de Oliveira; estendo os cumprimentos ao Sr. Aldo Rocha, Diretor da Rede Amazônica de Rádio e Televisão; ao Sr. Raimundo Moreira, nosso querido Moreira, Diretor da Sucursal da Rede Amazônica aqui em Brasília; Sr. Mário Augusto Craveiro, Diretor de Relações Institucionais da Rede Globo de Televisão; Sr. Henrique Pires, Assessor Institucional do Grupo RBS; Sr. Daniel Slaviero, representando aqui a Associação Brasileira de Rádio e Televisão; Srs. Senadores; meus senhores; minhas senhoras; na tarde de hoje o Senado da República se reúne para prestar homenagem não somente a uma instituição. Nós nos reunimos na tarde de hoje para homenagear uma pessoa, o Dr. Phelippe Daou, e, mais do que isso, o seu pioneirismo e bravura. Nós, da região amazônica, sabemos a dificuldade que é levar para as comunidades mais distantes da Amazônia a televisão, as comunicações e a infraestrutura.

            Se hoje, na primeira década do século XXI, os desafios para atender essas necessidades são gigantescas, imaginem aos 39 anos atrás, no coração da Amazônia, a Rede Amazônica iniciar a ousada obra de instalar, de instaurar e de instalar uma rede de rádio e televisão. São quatro décadas de história da Rede Amazônia de Televisão, décadas que levaram a Rede Amazônica a conquistar a credibilidade dos povos da floresta, de todas as populações da Amazônia. O comprometimento da Rede Amazônica, em primeiro lugar, com a independência na hora de informar e com a informação e o pioneirismo é o que nós estamos celebrando nesta tarde de hoje.

            Inaugurada em 1ª de setembro de 1982, a Rede Amazônica completa no dia de hoje, quando entra o poético mês de setembro, seus 39 anos. Parabenizo esta Rede de Televisão pelos seus idealizadores, em especial do Dr. Phelippe Daou, e pelos seus aproximadamente 800 funcionários, que fazem parte e no dia a dia constroem esta instituição.

            As capitais da Amazônia, no início da década de 70, começaram a gerar conteúdo para suas populações e para o interior dos seus Estados. A ampla maioria dos povos da Amazônia está integrada pelas antenas da Rede Amazônica de Televisão: Amapá, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia. Esses Estados se sentem irmãos.

            E quero aqui dar o meu testemunho. Na semana passada, estive no Acre. Somente a sua obra, Dr. Phelippe Daou, pode fazer com que uma região tão gigantesca como a nossa, que corresponde a dois terços do território nacional, para se ter uma ideia é muito mais fácil viajar para Brasília, de Macapá para Brasília, do que de Macapá para Rio Branco, tenha as suas distâncias aproximadas por intermédio da comunicação. É neste sentido que o homenageamos, porque a nossa integração só foi possível e necessária devido à obra da comunicação empreendida inicialmente por V. Sª.

            Eu quero aqui dar o testemunho de como a Rede Amazônica chegou ao meu Estado, Amapá. E eu já lhe disse, nesta tarde, Dr. Phelippe, e quero reiterar, a TV Amapá, emissora da Rede Amazônica de Televisão no Estado do Amapá, não foi um marco da comunicação no Amapá, é mais do que isso, é a inauguração da comunicação no Amapá, é um marco para a história do meu Estado. E me permita aqui, rapidamente, contar essa epopeica história da construção da Rede Amazônica no meu Estado, o Amapá.

            A TV Amapá surge em 1973 a partir de um jantar na residência do Governador José Lisboa Freire, que governou o então Território Federal do Amapá entre outubro de 1972 a 1º de abril de 1974. Naquela época, o jornalista Antônio Corrêa Neto, que havia chegado ao Amapá em 1970, editava o jornal semanal Novo Amapá, impresso pelo Governo do então Território Federal do Amapá.

            Naquele ano, o jornal havia realizado uma enquete, Dr. Phelippe me confidenciava que essa enquete havia sido feita no interior do Amazonas, cuja pergunta básica era: “O que falta no Amapá para você viver melhor? A resposta, quase unânime: televisão. Lembremos que estávamos há poucos anos da primeira transmissão Copa do Mundo pela televisão, a de 1970, quando nós conquistamos o tricampeonato.

            A partir dessa iniciativa, o Governador do então Território Federal, em contato com o Dr. Phellipe Daou, procurou ver o que era necessário para instalar no Amapá a Rede Amazônica de Televisão. Os caminhos apontados e desbravados não detiveram a obstinação e a dedicação para, depois de instalar a Rede Amazônica de Televisão nos Estados da Amazônia, Roraima, Rondônia e Acre, instalar também no Amapá, inicialmente uma TV experimental, que funcionava na Rádio Difusora de Macapá, anos depois, para uma TV com toda uma infraestrutura e de programação local.

            Quero aqui fazer uma homenagem aos pioneiros do Amapá na instalação da então TV Amapá, que compartilharam desse sonho junto com Dr. Phellipe. Quero homenagear aqui Benedito de Andrade, Antônio Silveira, Humberto Moreira, Carlos de Andrade Pontes, que realizavam, naqueles primeiros anos da TV Amapá, programas de entrevistas e jornalismo. Não poderia deixar de homenagear também Antônio Corrêa Neto, primeiro diretor de jornalismo da TV Amapá, e ainda hoje conceituado, reconhecido e ético jornalista amapaense.

            Em 1974, tivemos a transmissão, com todas as dificuldades da época, da primeira Copa do Mundo de Futebol. A Copa do Mundo da Alemanha, em 1974, chegava até o Amapá. Só tínhamos tido notícias da vitória da seleção brasileira em 1970 no tricampeonato através do rádio. Em 1974, chegaram as imagens da primeira Copa do Mundo de futebol, transmitida no Amapá, com todas as dificuldades que existiam como transporte da parafernália de equipamentos que tinham que sair de Belém, com as fitas de vídeo dos jogos da Copa do Mundo, e chegar até Macapá.

            A TV Amapá foi um divisor de águas no comportamento da população. As pessoas passaram, a partir do advento da televisão no Amapá, a ver o mundo diariamente. A primeira novela exibida lá, Meu Pedacinho de Chão, uma produção educativa da Rede Globo de Televisão, escrita por Benedito Rui Barbosa, abordava um tema tão comum e característico ao povo da minha terra. O impacto foi enorme e o testemunho que ouço dos amapaenses sobre o impacto da chegada da televisão no Amapá deve ser o mesmo que ocorreu nos demais Estados da Amazônia.

            A TV Amapá se consolidou, mudou a vida do Amapá e se credenciou no Amapá pela marca que a Rede Amazônica se credenciou em toda a região, a marca do pioneirismo, a marca de desbravamento, a marca do enfrentamento das dificuldades de uma região que tem enormes e orgulhosas vantagens naturais, mas que impedem e, ao mesmo tempo, traz inúmeras dificuldades para a constituição de infraestrutura, acesso à comunicação, para divulgação de informações.

            Por isso, é de se ressaltar o papel fundamental e pioneirístico que tem, para nós, a Rede Amazônica e a TV Amapá. Essa história eu relato incompleta, porque o Dr. Phelippe Daou, preocupado também com a história, fez questão de relatar essa história em detalhes no museu da Rede Amazônica de Televisão, em Manaus, que recomendo a todos visitar e conhecer.

            Lá é possível reviver essa história e, mais que a história, é possível reviver um sonho. Dr. Phelippe deu empreendimento à frase do poeta: sonho que se sonha só é só sonho que se sonha só. Quando o sonho é sonhado junto, como no caso da Rede Amazônica, ele se torna realidade.

            O museu resgata essa importância por meio de um acervo de mais de 500 peças. Além de documentos históricos importantes, o Decreto 970, que outorgou a concessão à Rádio e TV Amazonas, a primeira das emissoras da Rede Amazônica de Televisão.

            Por fim, Dr. Phelippe Daou, quero concluir dizendo que essa não é somente uma sessão de homenagem. Para nós, Senadores da Amazônia, para nós Senadores de Roraima, Rondônia, Acre e Amapá, esta é uma sessão para lhe agradecer, para lhe prestar homenagem pelo seu espírito pioneiro, empreendedor, desbravador. É com homens como o senhor que acreditamos no potencial e no futuro da Amazônia. É com homens como o senhor que acreditamos, em exemplos como o seu, que a Amazônia tem um futuro, tem um futuro de desenvolvimento para o conjunto de suas populações, com a premissa de preservação de suas florestas, de preservação do meio ambiente.

            O senhor nos deu, nos anos 70, uma combinação que temos como norte para o desenvolvimento da Amazônia no século XXI. Combinar desenvolvimento, combinar melhor qualidade de vida para as populações com preservação de nossas florestas. A isso chamamos de sustentabilidade, a esse exemplo que o senhor começou e deu a todos nós, falando de preservação ambiental muito antes de o mundo falar.

            Lembremos que 1972 era, também, o ano em que ocorria a primeira conferência mundial sobre o meio ambiente em Estocolmo, na Suécia. Naquela época, o discurso ambiental, o discurso da preservação ambiental não era o discurso da moda, não era o discurso em voga, aliás, era o discurso que iniciava no conjunto do mundo. Mas V. Exª inaugurou uma tevê tendo como preocupação a preservação ambiental da nossa região e conhecendo esta como sua principal potencialidade.

            O senhor, dentre todos aqui, é o mais jovem, porque o senhor prova ao futuro que o tempo não envelhece para quem olha adiante. Minhas homenagens ao senhor e à Rede Amazônica de Televisão. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2011 - Página 36073